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Pernambuco, 12 de maio de 2025

Educação

Na Capital do Xaxado curso de medicina amplia oportunidades de educação

Curso de Medicina chegou ao Pajeú e leva novas oportunidades no campo da educação superior. Com dezenas de instituições de ensino técnico e superior, Serra Talhada forma profissionais em diversas áreas. Experiências exitosas consolidam o pólo educacional.

Postado em 02/03/2021 2021 14:03 , Educação. Atualizado em 02/03/2021 14:03

Jornalista ,

Universidade Federal Rural de Pernambuco em Serra Talhada. Foto: Reprodução Internet

 

Curso de medicina finalmente chegou ao Pajeú

Governador do Estado junto com a comunidade acadêmica no Campus da UPE de Serra Talhada. Foto: Reprodução Internet.

Após décadas de migração de jovens do Pajeú em busca de cursar medicina na capital pernambucana, agora o curso está aqui. Através da Universidade Estadual de Pernambuco, médicos e médicas se formam e permanecem atendendo a população da região, ampliando a qualidade do atendimento da saúde. O Jornal do Sertão conversou com a coordenadora Patrícia Santana, que falou sobre a importância do curso de medicina na cidade para a formação de profissionais na região e a contribuição para melhorias na saúde local.

“Falar da importância da faculdade de Medicina da UPE Serra Talhada (e de outras faculdades como exemplo a FIS que também oferece vários cursos de saúde ) é falar de uma eficaz estratégia de interiorização do profissional da saúde. Sabe-se que se um aluno faz seu curso médico em determinado local, ele tem uma chance maior de permanecer na região,” destaca  Santana.

Ela conta que um dos desafios do pioneirismo foi a quantidade reduzida de professores, mas a realidade de hoje é diferente. “A faculdade de medicina da UPE Serra Talhada foi inaugurada em 10/08/2013. Na época éramos 4 professores que com o apoio da UPE Garanhuns aceitamos o desafio de iniciar um curso médico no sertão do Pajeú. E hoje, graças a Deus, já temos mais professores e alguns inclusive já residem aqui. Podemos afirmar que a faculdade foi abraçada por toda a sociedade de Serra Talhada e região. Sempre com parceria muito positiva e imprescindível para a construção do que temos hoje. Já temos duas turmas formadas e que resultaram em vários profissionais que já atuam na região em plantões hospitalares e nos PSFs.”

O Modo de vida dos sertanejos está presente na formação

Santana explica que durante o curso os alunos são estimulados a desenvolver pesquisas onde o modo de vida do sertanejo e seus maiores riscos de adoecimento são avaliados na tentativa de buscar conhecimento e, a partir daí, soluções. “Também são desenvolvidos programas de extensão onde os alunos desenvolvem atividades voltadas para a comunidade com diversas abrangências, por exemplo : estímulo ao aleitamento materno , atenção às pessoas da terceira idade, adolescentes e gestantes”, ressalta a coordenadora do curso de medicina.




Por fim, a coordenadora acredita que há uma troca importante, visto que ao mesmo tempo que o aluno desenvolve atividades, ele aprende, ensina, se responsabiliza e definitivamente desenvolve a empatia por todos que estão envolvidos nos  projetos. “Na verdade, temos conseguido, graças a Deus, formar médicos que além do preparo científico têm demonstrado compromisso e empatia onde atuam,” conclui Patrícia Santana.

Ensino público e privado são reconhecidos pela qualidade

Autarquia de Ensino Superior de Serra Talhada. Foto: Reprodução Internet

Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, foi uma das primeiras cidades a oferecer cursos técnicos e superiores no interior de Pernambuco. Hoje, a Capital do Xaxado é um pólo educacional, com mais de 20 instituições públicas e privadas de ensino técnico, tecnólogo, bacharelado, licenciatura; com a possibilidade de modalidade virtual e presencial.

Inicialmente, o município contava apenas com a Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada (Fafopst), que formou gerações de docentes em toda a região. Hoje, a Autarquia Educacional Aeset possui três instituições: junto com a Fafopst, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (Fachusst) e Faculdade de Ciências da Saúde (Facisst). Dentre os cursos estão Serviço Social e Psicologia, que formam profissionais que possam atender a demanda do Pólo de Saúde e assistencial que a cidade passou a contar.

Experiências exitosas que atraem estudantes de cidades da região e estados vizinhos. A educação no Sertão transforma a realidade das famílias e amplia a demanda imobiliária, que aquece a economia. Nos últimos anos, a terra de Lampião conta com muitos empreendimentos voltados para esse público, incluindo condomínios com apartamentos de um quarto ou quitinetes, muito procurados pelos estudantes.

Experiência exitosa amplia oferta de cursos

Faculdade de Integração do Sertão (FIS). Foto: Reprodução Internet

Um outro destaque na região é a Faculdade de Integração do Sertão (FIS), que possui laboratórios equipados para oferecer aos alunos de odontologia, fisioterapia e farmácia, por exemplo, uma experiência completa. Além desses cursos, a instituição possui bacharelado em enfermagem, nutrição e ciências contábeis, por exemplo. A alta procura tem possibilitado anualmente a inclusão de novas graduações e pós-graduações.

Junto com a FIS, outras instituições foram criadas ou ampliadas para formar profissionais para o mercado de trabalho local, atendendo uma demanda antiga de interiorização do ensino superior e técnico. Assim, os sertanejos podem permanecer e não precisam se deslocar para regiões distantes das suas terras. Com o corpo e alma sertaneja, surgiu a Faculdade de Integração Teológica (Fainte) e a Faculdade de Ciências Médicas Aggeu Magalhães (Fama). Empresários locais do ramo da educação enxergaram oportunidades de desenvolver a região por meio da educação e isso tem atraído os olhos do Nordeste para Serra Talhada, que se consolida como pólo educacional.

Ensino semipresencial reduz barreiras

Se a falta oferta de cursos locais era uma barreira, nas últimas duas décadas foi superar com todas as instituições existentes. Mas para muitos o tempo é um fator agravante: cuidar de casa, dos filhos, da vida pessoal, do trabalho externo ao lar, tudo isso pode reduzir a possibilidade do tão sonhado diploma. Contudo, Serra Talhada dispõe de estabelecimentos de ensino semipresenciais, com uma considerável redução da necessidade de estar diariamente na sala de aula. Cursos de exatas, ciências da saúde, humanas e sociais estão acessíveis nas unidades, com total comodidade para os estudantes organizarem suas rotinas de estudos.



Atraídas pela proposta de interiorização do ensino técnico e superior, faculdades e universidades de abrangência nacional foram para o Alto Sertão do Pajeú, dentre elas a Universidade Paulista (UNIP), Universidade Unopar, UniCesumar, Universidade Anhanguera, UNINTER, Claretiano – Centro Universitário, UNIPLAN – Centro Universitário, Damásio Educacional e Ibmec. 

Ensino Público e gratuito transforma realidade de sertanejos

Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Foto: Reprodução Internet

Além dos cursos pagos, se destacam os bacharelados, licenciaturas e formações técnicas do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, entre eles engenharia civil, logística e edificações. Há também oferta de ensino público e gratuito na Escola Técnica Estadual Clóvis Nogueira Alves. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE-UAST) também oferece aos serra-talhadenses licenciatura em letras e química, os bacharelados em zootecnia, agronomia, engenharia de pesca, ciências econômicas, administração e ciências biológicas; além desses, há o curso de sistemas de informação e a pós-graduação em produção vegetal.

Alane Luma acima. Foto: Arquivo Pessoal.

Formada em Letras pela UAST, Alane Luma, 28, é um exemplo exitoso. A jovem, natural de Afogados da Ingazeira, desenvolveu pesquisas na instituição, apresentou trabalhos em diversas regiões do país e destacou-se ao ser aprovada no Mestrado em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, Campus Recife, logo após se formar na UAST. É também especialista em ensino de língua portuguesa pela Universidade Federal da Paraíba e foi recentemente aprovada no Doutorado em Linguística da Unicamp, conceito máximo da Capes, e no Doutorado em Letras da UFPE. “Graças à interiorização do ensino superior, consegui a oportunidade de ter acesso a uma educação pública de qualidade. Na UAST, fiz a graduação em Letras e, graças a formação que tive lá, consegui prosseguir com os meus estudos, sendo aprovada no mestrado (UFPE), em 2015, e, no ano de 2020, em dois doutorados (UFPE e Unicamp). A educação mudou a minha realidade e de muitos outros sertanejos, e espero que eu consiga mudar outras realidades por meio dela”, ressaltou ao Jornal do Sertão.