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Pernambuco, 14 de fevereiro de 2025

Agronegócios

A pandemia e o preço de insumos agrícolas por Geraldo Eugênio

Enquanto a pandemia não estiver sob controle a nação não retornará aos seus melhores momento. A renda continuará achatada, os salários debilitados e o mercado de alimento em regime de contenção. O agronegócio sofre severamente pela falência, fechamento temporário, ou restrições de funcionamento de milhares de pequenos e médios bares e restaurantes, mesmo que, haja um aumento substantivo no valor do preço do alimento, à exceção de poucos itens.

Postado em 25/03/2021 2021 12:50 , Agronegócios. Atualizado em 26/03/2021 20:44

Colunista

Geraldo Eugênio Eng. Agrônomo e pesquisador do IPA Foto: Divulgação.

A Covid 19 e seus efeitos

Março de 2020 chegou marcando a todos. Desde janeiro se falava que uma enfermidade estaria se estabelecendo e que poderia causar impactos no dia a dia das pessoas, das nações e nos mercados mundiais. No dia 11 de março de 2020 a Organização Mundial de Saúde declarou  que se tratava de uma pandemia de efeitos imprevistos que, portanto, todos deveriam  estar alerta. Em 16 de março, a UFRPE foi a primeira instituição de ensino superior, em Pernambuco, a decretar suspensão de atividades presenciais enquanto se avaliaria como poderia se gerir a situação. Os primeiros óbitos foram surgindo e um embate infrutífero tomou conta do Brasil. Enquanto uns falavam que não passava de uma gripezinha, outros optaram por colocar os estados e municípios em uma quarentena nunca levada a sério, cujas consequências são sentidas no dia de hoje, março de 2021.

A dolarização dos insumos e dos produtos

No campo o impacto se deu diretamente sobre o preço de insumos e de combustíveis . Em doze meses o valor desses produtos foram alterados entre 40 e 60%, além de uma desvalorização do Real perante o  dólar  americano  de  30%. Mesmo pagando mais caro, em dólar, e vendendo mais barato, o agronegócio brasileiro não deu sinais de arrefecimento e conseguiu sustentar a produção de alimentos e matérias primas neste  período de incertezas e ameaças. 



As consequências da pandemia sobre o agro: falsa premissa de ganho real

Os números oficiais dão conta de que nunca se vendeu tanto e que houve uma evolução de 26% do valor  das exportações dos produtos agrícolas, esquece-se de  dizer que em termos reais, houve uma depreciação do valor de venda e se ganhou menos do que de costume. O frete, o defensivo, os estimuladores de crescimento, as embalagens, as etiquetas, são pagos tendo como referência o Dólar ou o Euro. De onde então vieram os lucros? Do mercado interno formal e de 65 milhões de brasileiros que chegaram a receber o auxílio emergencial.

O que há de se esperar?

Tempos difícieis, meu caro Watson. Enquanto a pandemia não estiver sob controle a nação não retornará aos seus melhores momento. A renda continuará achatada, os salários debilitados e o mercado de alimento em regime de contenção. O agronegócio sofre severamente pela  falência, fechamento temporário, ou restrições de funcionamento de milhares de pequenos e médios bares e restaurantes, mesmo que, haja um aumento substantivo no valor do preço do alimento, à exceção de poucos itens. Ao que parece o Brasil está destinado a alimentar o mundo, recebendo, a cada dia um valor real menor do que exercitado no  exercício anterior. Que os produtores e exportadores do semiárido estejam atentos. Ou se põe racionalidade às decisões ou se perece em um mundo competitivo que sacrifica seus próprios filhos.

Quem é Geraldo Eugênio: Engenheiro Agronômo, com mestrado na Índia e doutorado e pós-doutorado nos na Texas A&M University, Estados Unidos, é pesquisador do IPA e colaborador da empresa Inovate Consultoria & Projetos Ltda. Foi secretário de agricultura de Pernambuco, Presidente do IPA, do ITEP e Diretor Executivo da Embrapa. Viveu parte de sua vida em Serra Talhada, dedicando-se à agricultura de sequeiro e no Vale do São Francisco, quando liderou o programa de Hortaliças, do IPA. Atualmente tem acompanhado de forma direta políticas, tecnologias e iniciativas de gestão de secas, no Brasil e no exterior. Considera essencial entender melhor o Sertão, visualizando-o como um grande ambiente de negócios e sucesso.