Missão à Rússia é mais nova esperança para resolver impasse da Vacina Sputnik V
O Jornal do Sertão deu um giro por algumas cidades do Sertão para conferir como está o andamento da imunização em Salgueiro, Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, Arcoverde, Itacuruba, Araripina, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista. Os dados demonstram avanços significativos no plano de vacinação desde Salgueiro, que iniciou a imunização das pessoas com comorbidades, até Serra Talhada, que já aplicou 100% das doses recebidas do Governo do Estado, além de Arcoverde com taxa imunização acima da média nacional e estadual.
Postado em 12/04/2021 2021 09:32 , Política, Últimas Notícias. Atualizado em 12/04/2021 13:35
Vários Estados, municípios e o Ministério da Saúde acertaram doses da Sputnik V
O problema que envolve a Sputnik V é que vacina já teve doses acertadas por vários governos estaduais e prefeituras, além do Ministério da Saúde, por conta de compromissos firmados com o Fundo Soberano Russo, no final do ano passado. Mas como se trata de um imunizante que não foi aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e não foram encaminhados, por parte das autoridades russas, todos os documentos exigidos pela Anvisa para a sua liberação, a autorização pela agência reguladora tem esbarrado em dificuldades burocráticas. De abril até agora, várias reuniões foram realizadas entre governadores, diretores da Anvisa, o Ministério da Saúde e parlamentares. Foram observadas trocas de farpas, palavras ácidas e batidas de mesa, ameaças de judicialização da questão e até tentativas de ajuda por parte de algum projeto legislativo a ser apresentado ao Congresso. Mas o problema passa por exigências sanitárias de âmbito mundial.
Governantes politizaram questão que não poderia ser politizada
“A questão é que se politizou um tema que não poderia jamais ser politizado. Quando os governadores assinaram um termo de compromisso com o Fundo Soberano, acharam que estava tudo pronto e bastava apenas aguardar a chegada dos imunizantes. Não dá para a Anvisa aceitar de qualquer forma uma vacina que não foi autorizada pela OMS, a burocracia da Rússia é diferente da brasileira”, afirmou o cientista político Alexandre Ramalho, da Universidade de Brasília (UnB) – que tem avaliado a confusão. Na opinião dele, os técnicos da Rússia não souberam elaborar relatórios dentro dos padrões exigidos pela agência de regulação daqui, mas isso deveria ser visto como uma coisa normal e ser providenciadas formas de contribuição para resolver isso, em vez de discussões por parte dos governadores. “É preciso paciência para desenrolar esse nó, não uma troca de farpas e desfile de vaidades de todas as partes”, reclamou.
Para governador do Piauí, momento precisa ser de união pela chegada da Sputnik V
O governador do Piauí Wellington Dias (PT), presidente do Consórcio Nordeste, que tem participado presencialmente de todas as reuniões em Brasília, também é da opinião que o momento é de aparar arestas e trabalhar como foco. Dias disse que a questão além de preocupante, é necessária para o país, diante do aumento constante de números de mortes com a Covid. Mas ponderou que, apesar disso, o momento não pode ser de ânimos acirrados por parte dos governantes. “Precisamos nos unir e buscar uma solução rápida, não provocar mais dissensos”, ressaltou. O governador demonstrou preocupação com a demora, sobretudo, porque a Rússia e a Índia são países que, diante da segunda onda da covid, estão reduzindo o valor de imunizantes prometidos para importação, de forma a priorizar suas próprias populações.
Frente de Prefeitos também se mobiliza para contribuir com a exportação das vacinas
Por parte dos municípios, a Frente Nacional dos Prefeitos instituiu, no início do mês, o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar), representando mais de 150 milhões de brasileiros, que também tem atuado nas ações pela vinda da Sputnik V. A iniciativa do consórcio é inédita no País e começou a ser desenhada há pouco menos de um mês, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que estados e municípios participassem de negociações para a aquisição de imunizantes contra a Covid-19. “Estamos nesta mobilização porque temos consciência que só com o esforço de todos, conseguiremos colocar fim na pandemia. O atraso da chegada das vacinas impacta sobremaneira os municípios”, declarou o presidente da FNP, Jonas Donizette. Ele explicou, ainda, que o objetivo do Conectar é oferecer suporte aos municípios caso o Programa Nacional de Imunização (PNI) não consiga suprir a demanda nacional. “Os prefeitos estão indo para além das suas obrigações que, inclusive, está restrita à aplicação das vacinas, não à compra. Mas diante de tanta dificuldade, resolvermos agir”, frisou.
Apesar da polêmica, Sputnik V é considerada efetiva, diz cientista norte-americano
Como um dos depoimentos que podem ajudar a resolver o impasse, na última semana o médico infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, disse que observou relatórios sobre a Sputnik V e considera a vacina “bastante efetiva”. Segundo ele, a eficácia da Sputnik V é de mais de 90% e foi validada recentemente pela tradicional revista científica The Lancet. A vacina está sendo usada em mais de 50 países do mundo. O gerente-geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, tenta agora amenizar a crise. Afirmou, em entrevista recente, que não somente a Sputnik V como a vacina da CanSino Biologics apresentaram informações interessantes e estão sendo avaliadas pelo órgão. Só não deixou claro um prazo específico para conclusão da análise.