
Ricardo Fiúza e Miguel Arraes no caminho político da palma forrageira adensada Por Geraldo Eugenio
Ninguém imagina que a palma forrageira para chegar nos campos do sertão percorreu um caminho político.Em 1994, o Deputado Fiúza e um grupo de técnicos ligados a ele empreenderam uma viagem ao México e voltaram literalmente maravilhados em ver a palma sendo plantada de forma superadensada, embora naquele país ela seja considerada uma hortaliça e não uma forrageira.O Governador Arraes incumbiu ao IPA de fazer este teste, deixando claro que se o resultado fosse ao menos a metade do que o Deputado Fiúza, do qual era parente, falava, haveria uma grande mudança na produção de forragem na região.
Postado em 13/05/2021 2021 11:32 , Agronegócios. Atualizado em 13/05/2021 11:33
Geraldo Eugenio Engenheiro Agrônomo. Colunista do Jornal do Sertão
Quem foi Fiúza
O que era o cultivo da palma forrageira
Uma planta com características próprias e uma das espécies mais tolerantes a estresses hídricos ou secas e temperaturas altas. Tem um mecanismo de economia de água próprio de um cacto e uma capacidade de produção invejável. Até a primeira metade da década de 90 era considerada uma cultura de reserva estratégica para épocas de seca e cultivada nas áreas menos férteis da propriedade e em uma população raleada. Plantava-se uma touceira a cada cinco metros, o que equivale a 25 metros quadrados. Consequentemente não deixava de se contar com ela quando a situação se tornava crítica mas a produtividade raramente ultrapassava 30 toneladas por hectare.
A palma forrageira adensada
Em 1994, o Deputado Fiúza e um grupo de técnicos ligados a ele empreenderam uma viagem ao México e voltaram literalmente maravilhados em ver a palma sendo plantada de forma superadensada, embora naquele país ela seja considerada uma hortaliça e não uma forrageira. Em uma conversa com o Governador Arraes, em 1995, Fiúza falou do que viu e insistiu para a Secretaria de Agricultura de Pernambuco implantasse algumas unidades de demonstração em suas fazendas experimentais.
Miguel Arraes e a salvação da pecuária regional
O Governador Arraes incumbiu ao IPA de fazer este teste, deixando claro que se o resultado fosse ao menos a metade do que o Deputado Fiúza, do qual era parente, falava, haveria uma grande mudança na produção de forragem na região. As primeiras áreas a implantarem o sistema de cultivo adensado e a palma como uma cultura agrícola foram instalados pelo Deputado em uma de suas propriedades em Custódia e em cinco estações experimentais do IPA, além de alguns amigos seus da bacia leiteira de Alagoas. Sucesso confirmado. Em Alagoas por muito tempo a palma adensada foi conhecida como sistema Fiúza. Em Pernambuco passou a ser recomendada e hoje é uma tecnologia consolidada. Esta iniciativa salvou a pecuária leiteira do Nordeste nas secas subsequentes, em particular no último ciclo de secas ocorrido entre 2012 a 2018. Provavelmente este tenha sido o mais importante legado de Ricardo Fiúza ao semiárido de Pernambuco e do Nordeste. Estabeleceu-se um diferencial e somente quem cria gado no Agreste e Sertão sabe o que isto representa. A economia e a pecuária regional agradecem, Deputado Fiúza e Governador Miguel Arraes descansem em paz.