
Comércio Exterior: cresce demanda por curso e especialização no Sertão
Em tempos de globalização e interdependência de mercados, nunca foi tão necessário ter conhecimento sobre como lidar com essa expansão comercial e demonstra não só uma tendência regional, mas nacional e internacional.
Postado em 20/05/2021 2021 10:45 , Educação. Atualizado em 20/05/2021 11:57
Estudantes que se formam em Comércio e Exterior têm oportunidades permanentes no mercado além do Sertão(Foto feita antes da pandemia)
Em tempos de globalização e interdependência de mercados, nunca foi tão necessário ter conhecimento sobre como lidar com essa expansão comercial e demonstra não só uma tendência regional, mas nacional e internacional.
A valorização da profissão ao longo dos anos é constatada pela Associação Brasileira de Comércio Exterior que prevê em 2021 um crescimento em torno de 13,7% em relação ao ano passado.
Habilidades e conhecimento
Diretamente ligado ao progresso da economia, o profissional do comércio exterior lida com a aquisição e a venda de mercadorias e ou serviços dentro e fora do país, possibilitando novos empregos e o saldo positivo da balança comercial.
Mais do nunca, em meio à forte valorização cambial do dólar, mesmo que temporário, é de competência do profissional também transações cambiais, legislação aduaneira, investimento em pesquisa e prospecção de mercado, negociações e participações em contratos internacionais.
Além desse aprendizado, o profissional da área desenvolve uma boa comunicação e uma postura proativa na dinâmica de trabalho como o de informar dados corretamente ao realizar um booking para os players com o máximo de antecedência sobre um embarque, com análise minuciosa acerca das documentações tornando eficiente o processo de desembaraço aduaneiro, informando aos clientes os motivos de possíveis atrasos ou aumento no valor dos produtos. “São atitudes simples, mas que podem ajudar na eficiência, organização e até mesmo na continuidade de futuras negociações”, avalia Michela Mota.
Michela Mota, coordenadora do curso de Comércio Exterior na AEVSF/FACAPE, em Petrolina / arquivo pessoal
Pandemia e os efeitos sobre a carreira
A pandemia, que perdura há mais de um ano por todo o mundo, ocasiona muitas vezes falta de insumos essenciais à produção. No Brasil isso já é uma triste realidade. Nesse cenário, o profissional de comércio exterior se torna fundamental na busca de novos mercados fornecedores e na busca de novos compradores.
“Tudo que consumimos envolve a profissão, antes eram as máscaras e hoje são os insumos e as vacinas, por exemplo”, diz a coordenadora. Michela avalia que com o avanço da tecnologia e a vacinação em massa em várias partes do mundo (por conta da Covid-19 ) é esperado que a procura por especialistas do ramo aumente ainda mais nos próximos anos.
A FACAPE é a única instituição de ensino do Vale do São Francisco a ofertar o curso de Comércio Exterior atendendo a uma demanda da região, reconhecida internacionalmente por seu potencial na fruticultura irrigada e o seu volume de exportação. Com o corpo docente qualificado, objetiva a capacitação de seus alunos com visão global e que possam atuar nacionalmente e internacionalmente
A FACAPE é a única instituição de ensino do Vale do São Francisco a ofertar o curso de Comércio Exterior atendendo a uma demanda da região.
Os alunos da FACAPE são formados com o objetivo de alavancar a economia regional, nacional e internacional. “Temos ex-alunos atuando na área do comércio exterior em empresas do Vale do São Francisco, mas também em empresas de outras regiões do país, como também nos EUA, Canadá e Europa”.
Mercado além das fronteiras
A região do Vale do São Francisco já é reconhecidamente um polo exportador, com comercialização direta para a Holanda, Alemanha, EUA, Portugal, Espanha, com empresas competitivas em termos de qualidade do produto assim como na eficiência no processo de internacionalização dos seus produtos, é conta com um forte ecossistema de instituições de apoio para o comércio exterior, como a Facape, ADDiper, Abrafrutas, Valexport, PEIEX, EMBRAPA.
Com as mudanças ocorridas no cenário internacional no ano de 2020 provenientes da pandemia e consequentemente no comércio internacional no contexto das negociações, exigências e processos, avanços tecnológicos, ocorreram reduções de burocracias, mudanças drásticas na balança comercial de alguns setores e um desequilíbrio entre oferta e demanda de muitos setores econômicos, acrescenta Michela.
Entretanto, mesmo com a controvérsia do momento com a crise mundial, o mercado internacional tem buscado fornecedores de frutas, alimentação saudável, apesar das adversidades encontradas no processo, como: transporte, embalagens, containers, defensivos.
Neste cenário, as exportações do Vale conseguiram manter o volume e foram além das expectativas, segundo a Abrafrutas e a Valexport. O Vale do São Francisco produz hoje numa área de 250 mil hectares 2,4 milhões de toneladas de frutas que movimentam cerca de R$ 7,7 bilhões por ano. Somente as culturas de uva e manga são responsáveis respectivamente por 98% e 87% das exportações do País, segundo o presidente da Valexport, José Gualberto.
“Para empresas exportadoras ou com potencial de exportação que desejem ampliar ou se inserir no mercado externo nesse momento o profissional do Comércio Exterior pode representar uma estratégia e um diferencial”, pontuou a especialista em Comércio Exterior, Michela Mota.
Demanda de oferta de cursos é pequena
Nos Estados de Pernambuco e Bahia existem quatro cursos de Comércio Exterior, o que representa uma oferta pequena para a demanda desse profissional no mercado. Na FACAPE o curso é oferecido desde 2004 e atualmente tem duração de três anos. A grade curricular mescla Ciências Humanas e Exatas. Dentre as disciplinas ofertadas, estão: Relações e Negociações Internacionais, Legislação Aduaneira, Marketing Internacional, Logística Internacional, Prática de Exportação, Prática de Importação, Direito do Comércio Internacional, Finanças Internacionais, Gestão Agronegócio, entre outras.
“É uma grade riquíssima em termos de conhecimento e multidisciplinar, o que torna o discente um profissional completo e multifacetado com multiplicidade de saberes. Ainda se faz necessário o conhecimento desse profissional pelos estudantes que infelizmente não têm acesso às informações desse curso tão promissor “, disse.
Como coordenadora do curso, Michela deixa uma dica para os estudantes que queiram abraçar a carreira: “Para aqueles que amam conhecer novas culturas, que são motivados por uma dinâmica de mudanças diárias, que tenham uma postura proativa, que sejam responsáveis, que gostem de idiomas, que queiram ter a segurança de inserção no mercado de trabalho em qualquer lugar do mundo, a opção é comércio exterior”, defendeu.
Enquanto profissional de Comex as múltiplas responsabilidades passam pelo gerenciamento de operações como importação, exportação, transações cambiais, despacho e legislação aduaneira, prospecção e pesquisa de mercado, negociação e execução de operações legais, contratos, logística internacional, diplomacia, controle do fluxo de embarque e desembarque de produtos.
No mercado, oportunidades são permanentes
Um leque de opções estão à disposição para o profissional formado no curso de Comércio Exterior. Ele pode trabalhar em indústrias, comércio, instituições financeiras e empresas de logística, entre outras, além de ocupar cargos públicos em secretarias municipais e estaduais, ministérios e órgãos federais.
Em Petrolina, por exemplo, o mercado de trabalho de Comércio Exterior traz muitas oportunidades de emprego, por ser um grande centro urbano. Com um quantitativo expressivo de empresas exportadoras e com a FACAPE sendo a única instituição de ensino superior a ofertar o curso de forma presencial acaba que os alunos são os profissionais a ocuparem as vagas da área.
“Além disso, preparamos e direcionamos os nossos alunos para irem além do mercado regional com bons resultados nesse sentido. Com a globalização, o mercado de trabalho tem sido bastante receptivo aos formandos em Comércio Exterior “, acrescentou. “O Tecnólogo em Comércio Exterior é o profissional empreendedor capaz de contribuir para a inserção das empresas no comércio internacional”, complementou a coordenadora.