Facebook jornal do sertão Instagram jornal do sertão Whatsapp jornal do sertao

Pernambuco, 30 de outubro de 2024

Agronegócios

Nem tudo que reluz é ouro, mas o milho é quase isso Por Geraldo Eugenio

A demanda por milho: Pernambuco compra por ano entre 800 e 900 mil toneladas de grãos de milho de outros estados, ou países produtores. Os principais usos são a avicultura, que consome aproximadamente, metade desta compra, a alimentação humana, a pecuária de leite e o uso industrial na fabricação de amidos e bebidas. É um cereal que permeia o dia a dia de nosso sertão e fonte de loas e trovas para todos que falam sobre nossa culinária.

Postado em 17/06/2021 2021 12:31 , Agronegócios. Atualizado em 17/06/2021 12:41

Colunista

Geraldo Eugênio Foto: Divulgação

 

Nossa produção

Até o presente, Pernambuco tem sido um dos estados com uma das menores produtividades no cultivo de milho. Dentre os fatores estão nossos solos,  associados à ocorrência frequente de secas e as elevadas temperaturas. À exceção de alguns bolsões de produção, como o município do Cedro, no Sertão Central, ou alguns distritos em Serra Talhada e no Agreste Meridional, a maioria da produção é realizada de modo simples e utilizando-se de uma tecnologia limitada.

As secas e suas consequências

Nossa irmã, seca, não deixa por menos. Com ela, normalmente, temos veranicos frequentes e em particular quando o milho mais necessita de água. Quando de seu estabelecimento, nas três primeiras semanas, após o plantio,  ou  durante o pendoamento, as espigas encontram-se enchendo seus grãos. Uma associação fatal para qualquer planta e, em especial, o nosso milho.

 

Nas últimas duas décadas  temos testemunhado uma verdadeira revolução na genética do milho, em todo o mundo, a exemplo dos Estados Unidos, China e Brasil, que resultou no desenvolvimento de híbridos precoces, mais resistentes à falta de água e ao calor. Com a antiga safrinha de grãos nos Cerrados passou a ser a safra principal e, no caso das regiões semiáridas, como nosso Sertão, estes materiais tem se mostrado adaptados e, por incrível que pareça, produzindo até 120 sacas, ou 7.200 quilos por hectare em algumas unidades demonstrativas a nível de produtor.



O mundo ávido por milho

A demanda crescente pelo milho na China e índia têm impulsionado os mercados e, atualmente o Brasil é um dos principais produtores e exportadores desse cereal. Sobrou para nós que viu o milho nos últimos meses duplicar de preço  se tornando um segundo ouro para quem o produz. Restou aos avicultores e pecuaristas do estado correrem em busca de otimizar a produção local e tornar Pernambuco, não um Cerrado,  mas um estado em que a produção de milho possa ser competitiva para o produtor e toda a cadeia produtiva. Este movimento tem sido surpreendente e  abre uma nova janela de oportunidade,  para a nossa agricultura e as atividades afins. Além do mais,  todas as tendências de mercado são de que, nos próximos dois anos, os preços continuarão aquecidos e estima-se que, nos próximos dois meses,  a saca de milho chegue a ser comercializada por cento e vinte reais, o que é um valor além do limite possível,  de uso na nossa produção de frango, ovos ou leite. Vamos confiar no que a ciência tem realizado e na força de nossos empresários e instituições governamentais envolvidas no processo. Que se persiga o uso sustentável do Agreste e Sertão,  de forma que também sejam ambientes de prosperidade e riqueza para sua população.

 

Quem é Geraldo Eugênio: Engenheiro Agronômo, com mestrado na Índia e doutorado e pós-doutorado nos na Texas A&M University, Estados Unidos, é pesquisador do IPA e colaborador da empresa Inovate Consultoria & Projetos Ltda. Foi secretário de agricultura de Pernambuco, Presidente do IPA, do ITEP e Diretor Executivo da Embrapa. Viveu parte de sua vida em Serra Talhada, dedicando-se à agricultura de sequeiro e no Vale do São Francisco, quando liderou o programa de Hortaliças, do IPA. Atualmente tem acompanhado de forma direta políticas, tecnologias e iniciativas de gestão de secas, no Brasil e no exterior. Considera essencial entender melhor o Sertão, visualizando-o como um grande ambiente de negócios e sucesso.