Depressão em Prosa POR DANIEL LIMA
A depressão como algo ocasional, é vivenciada por enlutados e, pessoas que passaram por perdas
Postado em 28/07/2021 2021 14:20 , Bem Estar. Atualizado em 28/07/2021 14:20
Diante do momento de depressão a pessoa deve ir lentamente se desligando e investindo em outras coisas. Caso isso não ocorra, o processo se torna patológico e a pessoa sentirá que não há mais sentido em viver, diante do que perdeu, afinal, partes de si foram perdidas junto, então vive-se a melancolia. Os obsessivos vivem a depressão por desperdiçar a vida tentando atender as expectativas do outro, se sacrificando e nunca atendendo aos próprios desejos e sendo bastante cruéis consigo mesmos, focados em pequenos detalhes insignificantes, procrastinando o tempo em que poderia estar investindo em outras coisas, assim, vivenciam a dor de sentir sempre que está perdendo algo ou alguém.
A vivência da depressão remete há um sentimento de decaimento de si mesmo
Existe ainda outro tipo de pessoa; a histérica, a qual, pode viver a depressão diante da perda do amor, ou por não se sentirem suficientemente amadas, para ela não importa o que faça. A depressão no caso do borderline (transtorno de personalidade limítrofe), pode ocorrer com oscilações entre depressão e euforia, deste modo, a maneira de se relacionar com o outro é comprometida, pois ora a pessoa é tudo, ora nada. A vida é carente de sentido e isso só é amenizado diante de um objeto de apoio. Em todas as estruturas e quaisquer pacientes a vivência da depressão remete há um sentimento de decaimento de si mesmo, sem que sinta uma proteção a altura.
É preciso tempo para o psiquismo processar as experiências emocionais
Depressão tem íntima relação com o tempo, sendo assim, é preciso tempo para o psiquismo processar as experiências emocionais, reconstruindo e reorganizando questões internas. Isso vai totalmente contra o excesso de velocidade que se vive atualmente. Portanto, pensar em depressividade, como um estado temporário de “fechado para balanço”, como algo positivo e de potencial crescimento psíquico se faz necessário, afinal, dores podem nos ensinar bastante e nem todas devem ser mascaradas. Devemos evitar essa tendência de tentar “animar” alguém deprimido, afinal, esta pode funcionar como certo “sono de hibernação”. Elaborar a dor tem a função de tentar construir dentro de si mesmo, um abrigo e refúgio seguros, por isso, há que se elaborar os limites entre faltas e a dor do desamparo.
Quem é Daniel Lima Gonçalves: Psicanalista, Filósofo e Teólogo.
Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi – GBPSF; Membro da International Sándor Ferenczi Network – ISFN; Membro Emérito – Sociedade Pernambucana de Estudos Psicanalíticos – SPEP; Estudo Permanente em Psicanálise no Instituto Nebulosa Marginal – INM; Especialista em Psicanálise e Teoria Analítica – FATIN; Especialista em Filosofia e Autoconhecimento – PUCRS; Extensão em Certificação Profissional em Neurociências – PUCRS; Pós-graduando em Ciências Humanas – PUCRS; Cursando Formação na clínica psicanalítica com adultos – CPPLRecife.
@daniellima.pe daniellimagoncalves.pe@gmail.com