Suicídio, uma questão de saúde pública. Por Daniel Lima
O suicídio não tem nada a ver com coragem – ou a falta dela – para enfrentar a vida, mas sim com um sofrimento psíquico intenso, quando a pessoa se sente presa e sem saída, onde a percepção de que a única maneira de acabar com uma dor insuportável é a morte.
Postado em 22/09/2021 2021 17:58 , Bem Estar. Atualizado em 22/09/2021 16:00
Para começar, é muito importante compreender que o suicídio é multifatorial, ou seja, não tem uma causa única.
Condições culturais, sociais, psicológicas, psiquiátricas, biológicas e econômicas, relacionadas entre si podem desencadear o suicídio. Os pensamentos suicidas podem estar associados a diversos outros quadros de saúde mental como o transtorno afetivo bipolar e a esquizofrenia, por exemplo, além das diversas questões mencionadas acima. É sempre multifatorial! Então, não é só quem tem depressão que pensa em se matar ou morre por suicídio. Na verdade em torno de 5 a 10% das pessoas com depressão pensam em suicídio. Lembre-se que pensar em suicídio uma vez não é problema. Mas, quando o pensamento fica mais forte, constante e a morte começa a ser vista como solução, é hora de pedir ajuda.
Ideação suicida
Entre a ideação suicida, ou seja, o pensar em se matar, e o suicídio completo, quando a morte ocorre, pode haver o planejamento, quando a pessoa pensa na forma, passando a ir atrás dos meios para concretizar e, por último a tentativa, o ato. Por isso, não devemos julgar nenhum comportamento, mas agir e ajudar quem está neste quadro de desespero e angústia. Os sentimentos de desesperança e isolamento podem levar pensamentos suicidas a se tornarem ação em alguns casos. Temos que fazer o que pudermos para evitá-lo. À medida que continuamos a trabalhar em nossa visão de um mundo onde menos pessoas perdem a vida por suicídio, acreditamos que uma possibilidade é criar esperança através da ação com uma mensagem acolhedora que visa inspirar confiança nas pessoas para se envolverem com esse assunto complexo.
A ajuda
Portanto, saber os sinais para identificar quem precisa de ajuda e compreender os fatores que podem ser motivadores para o ato é essencial a fim de que sejam criados programas eficientes de prevenção, bem como a estruturação de políticas públicas. Sendo assim, criar esperança através da ação significa a determinação de transmitir um novo senso de propósito – capacitar e equipar as pessoas com as habilidades e confiança para se conectar com alguém que acham que pode estar lutando. Também é importante as ações em escolas e dar suporte para famílias, além de serviços amplos de saúde mental, controle de métodos (armas de fogo, agrotóxicos, medicação), até a promoção de um ambiente mais livre de violência, são importantes meios para estratégias mais precisas de prevenção.
Quem é Daniel Lima Gonçalves: Psicanalista, Filósofo e Teólogo.
Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi – GBPSF; Membro da International Sándor Ferenczi Network – ISFN; Membro Emérito – Sociedade Pernambucana de Estudos Psicanalíticos – SPEP; Estudo Permanente em Psicanálise no Instituto Nebulosa Marginal – INM; Especialista em Psicanálise e Teoria Analítica – FATIN; Especialista em Filosofia e Autoconhecimento – PUCRS; Extensão em Certificação Profissional em Neurociências – PUCRS; Pós-graduando em Ciências