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Pernambuco, 10 de janeiro de 2025

Saúde

Reflexões para/sobre um novo ano. Por Daniel Lima

O que esperamos do novo ano que se inicia? É comum iniciar com metas, correções, desejos, esperança, entre outras coisas. Mas o que estamos dispostos a fazer, mudar, melhorar em nós, para nós mesmos a fim de que este ano seja diferente? Até porque se não mudamos atitudes, não podemos ter novos resultados.

Postado em 29/12/2021 2021 18:00 , Saúde. Atualizado em 30/12/2021 16:34

Colunista

Daniel Lima – Teólogo, Filósofo e Psicanalista/GBPSF/ISFN. @daniellima.pe

“Eu ainda vivo, eu ainda penso: ainda tenho de viver, pois ainda tenho de pensar. “Sum, ergo cogito: cogito, ergo sum” [Eu sou, portanto penso: eu penso, portanto sou]. Hoje, cada um se permite expressar o seu mais caro desejo e pensamento: também eu, então, quero dizer o que desejo para mim mesmo e que pensamento, este ano, me veio primeiramente ao coração – que pensamento deverá ser para mim razão, garantia e doçura de toda a vida que me resta! Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: – assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas. “Amor fati” [amor ao destino]: seja este, doravante, o meu amor! Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que a minha única negação seja “desviar o olhar”! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia, apenas alguém que diz Sim!”
(Friedrich Nietzsche – In: “A Gaia Ciência” – Livro IV, Aforismo 276)

O que esperamos do novo ano que se inicia? É comum iniciar com metas, correções, desejos, esperança, entre outras coisas. Mas o que estamos dispostos a fazer, mudar, melhorar em nós, para nós mesmos a fim de que este ano seja diferente? Até porque se não mudamos atitudes, não podemos ter novos resultados. Um ano novo e feliz nós que fazemos, construímos. Não poucas vezes mudamos para agradar outra pessoa e raras vezes mudamos para nos melhorar e não para nos tornarmos perfeitos. O que podemos, ou precisamos melhorar em nós mesmos?

Cabe aqui então uma outra pergunta: Como você encara tudo isso, está com disposição para isso? Você vê o copo meio vazio ou meio cheio? Ser pessimista ou otimista – prefiro a palavra esperançoso – em relação à vida é amplamente determinado pela maneira como nosso cérebro funciona e de como é influenciado por nossos genes. Sendo assim, como podemos construir uma abordagem equilibrada para todos os tipos de situações que possam surgir? Ser constantemente otimista não é o ideal, porque se, por exemplo, não reconhecermos o perigo inerente a uma situação particular, podemos ter problemas. Por outro lado, também não é bom ser sempre pessimista.

Precisamos aprender a conectar essas duas tendências de maneira equilibrada, como o positivo e o negativo em um sistema elétrico. Se olharmos em profundidade, descobriremos que dentro de todo pessimista também há um pouco de otimismo e vice-versa. Estudos mostram que pessoas otimistas tendem a se concentrar no progresso e crescimento, enquanto os pessimistas se preocupam principalmente com a confiança e a estabilidade, tomando cuidado para não tomar ações arriscadas.

A combinação certa das duas tendências pode nos mover para frente com confiança e segurança de forma ideal. Desta forma, para atualizar nossa perspectiva de vida, precisamos nos conectar com diferentes tipos de pessoas. Considere o seguinte: não apenas temos dois olhos, mas nosso cérebro também é dividido em dois. A combinação de opostos é necessária para construir um sistema de trabalho completo. Nos últimos anos, essa percepção foi internalizada nos campos da ciência, tecnologia e várias outras inovações. Os projetos mais significativos requerem um alto nível de integração.

Portanto, a autocrítica constante, ou nos torturarmos para mudar é inútil. É muito mais produtivo, ou proveitoso, se concentrar no desenvolvimento de relacionamentos com outras pessoas, pois isso revela muito de nós mesmos. Em tal realidade onde estamos nos tornando cada vez mais dependentes uns dos outros por necessidade, somente se nos complementarmos com garantia mútua, poderemos construir um sistema estável que irá garantir que a humanidade não imploda e vá para a sua ruína – algo que aprendemos a duras penas na pandemia Covid-19.

Então, um dos desafios da nossa época é aprender a manter a diferença e a singularidade de cada indivíduo, ao mesmo tempo em que construímos laços e estabelecemos vínculos com outras pessoas sem querer enquadra-las em nosso padrão. Tal processo abrirá para nós, em nós emoções novas, integrais, complementares e compartilhadas, que brotará uma nova dimensão de existência, que é unidade na diversidade. Desta maneira, a melhor resolução de um Ano Novo é avançarmos para uma conexão mais estreita uns com os outros e, sobretudo, com nós mesmos, pois a maneira como lidamos conosco refletirá no modo de agir com o outro.

Queremos realmente um ano novo? Sejamos novos, nos reinventemos, ou que tal descobrir-nos e permitir-nos ser nós mesmos? Vivendo, sendo, desfrutando e amando a vida. Sendo assim, valorizemos cada instante e as coisas simples do dia a dia, pois assim nos perceberemos na vida, atentando para tudo que existe ao nosso redor: pássaros cantam, ventos nos acariciam, crianças sorriem, pessoas carentes, idosos maltratados, etc. Diante desta constatação o que faremos? Lamentar, chorar, ser oportunista e se utilizar dos momentos para auto promoção?

É uma decisão nossa. A vida é bonita para quem quiser vê-la assim! E quem assim enxerga tem sempre um olhar esperançoso no amanhã que é surpresa consequente do hoje.  Passemos mais tempo na realidade valorizando a proximidade ao invés das gélidas relações virtuais que “aproximam” distantes e separam os que estão perto. Que no próximo ano vivamos o hoje desfrutando-o como dádiva sem se lamentar pelo passado e sem sufocar-se com o futuro.

Daniel Lima – Teólogo, Filósofo e Psicanalista GBPSF/ISFN. 
daniellimagoncalves.pe@gmail.com
@daniellima.pe