A média propriedade como vitrine tecnológica
Alguns exemplos e modelos estão em andamento, por departamentos ou professores que procuram fortalecer a relação universidade x empresa
Postado em 25/05/2023 2023 20:01 , Agronegócios. Atualizado em 25/05/2023 12:22
O empresário urbano também é rural
Um percentual superior a noventa por cento dos imóveis rurais no semiárido é composto de áreas que variam entre um e duzentos hectares.
Há uma constatação que se consolida a cada instante: todos gostariam de manter alguma atividade agrícola, florestal, de pesca ou recreativa mesmo que não sejam tão rentáveis quanto às atividades urbanas que exercem como profissionais ou empresários. Esses proprietários têm a origem no campo ou gostariam de contar com uma atividade que proporcionasse o prazer e o bem-estar da vida bucólica às suas famílias.
Um público formador de opinião
O foco especial nesse grupo de proprietários rurais tem como base o fato de representar um público formador de opinião, razoavelmente bem-informado e com capacidade de investimento. À medida que esses empresários são expostos aos avanços tecnológicos, mesmo de forma superficial ou a partir de programas de televisão voltados para o campo, sentem-se tentados a experimentarem novas opções de uso para a terra e investimentos em culturas convencionais ou não. Vale a pena ser chamado a atenção o fato de que esses empreendimentos não contam com a supervisão técnica ou com empresas de prestação de serviços, escolas técnicas, faculdades ou instituições de pesquisa e inovação.
Sendo este o perfil do empresário urbano com ligação ao mundo rural cabe às empresas de assistência técnica despertarem para este público-alvo capaz de absorver o trabalho de centenas de profissionais contratados diretamente ou através de pequenas empresas, cooperativas ou outros tipos de arranjos.
O começo deste movimento deve ser iniciado pelas escolas de nível médio e superior. Em primeiro lugar devem se aproximar dos empresários locais, independente do tamanho, diagnosticando o cenário atual e futuro, levantando as demandas e procurando direcionar disciplinas, o calendário de atividades e estágios com objetivos que atendam. Em segundo lugar, auxiliar na formação de cooperativas de trabalho, empresas juniores ou outras opções associativas que faça o jovem estudante acompanhar a vida dos produtores envolvidos nas diversas cadeias produtivas a partir dos primeiros semestres do curso médio e superior.
Imóveis rurais à espera de uso
Havendo uma resposta por parte do empresário e das instituições acadêmicas, incluindo os bancos de fomento, imóveis que estão sendo explorados em escala mínima passam a ser usados de modo mais intensivo nas diversas áreas que o campo oferece, desde a produção de hortaliças e ornamentais à produção alimentar de origem animal e vegetal, o reflorestamento com fins energético e madeireiro e a aquicultura, em destaque para a piscicultura e a carcinicultura.
O imóvel rural tem uma finalidade social que vai além da produção, fixar famílias no campo em empresas fornecedoras de insumos, processadoras e comercializadoras de alimentos é essencial. Neste quesito, em termos de semiárido, fica claro que a área a ser explorada é extensa. Se nas margens das rodovias é facilmente notada grandes extensões sem uso, imagine ao se adentrar quilômetros das principais vias de acesso.
Exemplificação a um custo mínimo
Uma outra vantagem para se dá atenção aos empresários rurais que contam com outras atividades é encontrar a infraestrutura da propriedade basicamente montada em termos de construções, currais, cercas, poços profundos, tanques e açudes. Significa que mesmo que este produtor necessite de abordar ao sistema bancários por empréstimos de custeio ou investimento, o volume será mínimo e a segurança da operação alta. Esforçar para expandir o número de agricultores usuários de crédito rural é algo inquestionável, em particular para um público cuja demanda é mínima.
Um modelo de integração Universidade e Empresa
Foi enfatizada a importância de se construir os canais de diálogo que permitam uma aproximação mais efetiva entre as escolas, as instituições de pesquisa e inovação e os bancos de fomento aos produtores. Este será o modelo a ser incentivado nos próximos anos de forma que a escola se sinta parte dos anseios e aspirações da sociedade em que se encontra e que os produtores se sintam seguros de contar com os professores, pesquisadores e alunos envolvidos de forma efetiva em prol de um objetivo claro: o desenvolvimento regional sustentável.
O desafio às escolas localizadas no Semiárido não é pequeno, mas é uma chance única de se provar quão efetiva foi a expansão do ensino médio e superior e os ganhos que podem ser alcançados em e passar a ver o conhecimento como fator fundamental aos desafios demandados por uma região com as características do semiárido.
Alguns exemplos e modelos estão em andamento, por departamentos ou professores que procuram fortalecer a relação universidade x empresa. A mudança curricular atual valoriza de modo claro a atividade de extensão, conferindo o reconhecimento que não se contava em parte das instituições de ensino. A extensão sempre foi vista como uma atividade subsidiária à pesquisa e ao magistério. Felizmente, acompanhando-se o que tem sido posto em prática em vários países do mundo, as mudanças aportaram no Brasil, devendo ser consolidadas e postas em prática de modo efetivo.
As implicações deste movimento em relação à economia estadual, por exemplo, são de dimensões colossais e não vão ser discutidas neste momento. O alerta quanto se fomentar uma proposta disponível e madura é algo que não se pode aguardar. O tempo urge e a mesa está posta.