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Pernambuco, 16 de janeiro de 2025

Agronegócios

Tempo de colheita e grandes festas no Semiárido

​Em todo o Nordeste e, de modo mais enfático, no Semiárido, a colheita do milho coincide com as festas juninas que se constituem no período de mais descontração, alegria e expressão cultural na região. Esses eventos dinamizam o mercado da moda, de adereços, de culinária, artístico de forma que todos ganham.

Postado em 13/07/2023 2023 23:33 , Agronegócios. Atualizado em 13/07/2023 23:34

Colunista

 

A colheita divina. Até para os pássaros

​No Semiárido, o mês de junho em grande parte da região coincide com a colheita do milho. Não é à toa que o São João está diretamente associado à culinária do milho verde. Esta é a marca registrada da região Nordeste. Nos últimos anos, as médias de chuvas anuais têm se mantido na média ou um pouco mais elevadas, o que se traduz por um período virtuoso do ponto de vista climático.

​As colheitas podem até não ter sido as melhores, entretanto entre se contar com um percentual do esperado e a frustração total das safras, a diferença é enorme. Nunca se deve esquecer o que representa para a dinâmica social e econômica de uma região um ciclo de secas de sete anos, a exemplo do que se presenciou em boa parte do semiárido entre 2012 e 2018.

​Há pouco estava no campo avaliando uns campos de milho, sorgo e milheto semeados em 20 de maio de 2023. Uma data fora de qualquer recomendação de zoneamento agroclimático. Ficou claro quão diferentes são as três espécies em relação a plantios sob condição de risco. Por incrível que se possa crer, os três cereais serão colhidos, apesar das pequenas espigas de milho. No caso do milheto, o mais precoce, e o sorgo, a produção se dará de forma razoável. O interessante é que à exceção das panículas (cachos) cobertas com sacolas de papel, no exercício do melhoramento genético, não sobrará um grão da voracidade de pequenos pássaros que se comportam de forma ordeira e civilizada entre eles até quando o restaurante escassear com a comida. Daqui a pouco o banquete se tornará palco de empurrões e bicadas. Paciência.

Os agradecimentos começam com as festas Juninas: Santo Antônio, São João e São Pedro

​Em todo o Nordeste e, de modo mais enfático, no Semiárido, a colheita do milho coincide com as festas juninas que se constituem no período de mais descontração, alegria e expressão cultural na região. Esses eventos dinamizam o mercado da moda, de adereços, de culinária, artístico de forma que todos ganham.

​Dentre os aspectos mais relevantes, destaco o cultural. Durante todo o mês de junho são centenas de shows e danças típicas como as quadrilhas. Há de se convir que nos últimos anos cresceu um movimento neocultural de descaracterização do ciclo junino e uma tentativa de desconectar o momento da maior expressão musical da região, o forró. O ápice deste enredo ocorreu em Campina Grande, quando forçaram a redução do show de Flávio José, um ícone do forró raiz em detrimento de outro artista. A indignação foi tanta que outras cidades optaram pela contratação de músicos nordestinos.

​Parabéns aos que reconheceram o equívoco. Espera-se que seja a retomada pela valorização da música tradicional e a força de impulsão ao aprendizado da juventude nordestina por seus ritmos e instrumentos.

Grandes exposições: Expo Crato, Expo Serra e Semiárido Show

​Um terceiro momento de modo sequencial se dá entre os meses de julho e dezembro, quando ocorrem as exposições que já não são apenas de animais, mas abrange a moda, a culinária, os insumos e os shows artísticos.

​No momento está em curso uma das mais tradicionais festas da região, a Expo Crato que comemora sua septuagésima edição, o que não é algo trivial. Iniciou-se no dia nove de julho, estendendo-se até o dia dezesseis. Atrai um público dos demais estados e nela se movimenta uma quantidade de recursos elevados para o padrão regional.

​Em Serra Talhada, logo a seguir, iniciando-se no dia dezenove, estendendo-se até o dia vinte e dois, conta-se com a Expo Serra. Uma oportunidade para a região do Pajeú pernambucano mostrar suas potencialidades e o que se pode esperar do futuro. Pelo segundo ano consecutivo nas instalações do Sesc Serra Talhada, uma arena de eventos das comodidades essenciais ao recebimento de grandes públicos.

​Uma terceira exposição plena de simbolismo, é o Semiárido Show, evento organizado pela Embrapa Semiárido e parceiros, concebido para ser a grande vitrine tecnológica para a agricultura e a pecuária sustentável da região. A feira volta com toda sua dinâmica e força após o arrefecimento da pandemia Covid 19, procurando mostrar o que se tem disponível em forma de máquinas, implementos, sistema de irrigação, cultivo, processamento, equipamentos de proteção e segurança, sistemas de acompanhamento e monitoramento dos cultivos, processamento e pós-colheita dos produtos nativos ou cultivados. Esta feira ocorrerá entre os dias primeiro e quatro de agosto de 2023 no município de Petrolina, em Pernambuco.

​Este evento em sua concepção inicial teria entre seus pontos altos a exibição de máquinas e equipamentos produzidos por dezenas de pequenas e médias indústrias instaladas no Nordeste adaptados à realidade do Semiárido. Esta é uma aposta que deve ser continuada independente de seu formato atual.

​Ainda em se tratando de feiras e exposições, nos próximos anos haverá de se incentivar a participação de empresas estrangeiras especializadas na produção de equipamentos, máquinas e sistemas de controle voltados ao pequeno e médio produtor do Semiárido.

​Desde já fica o desafio para os eventos que puderem mostrar a empresários do setor metalmecânico e aos produtores o que de novo tem sido desenvolvido em países como a China, a Índia e a Coréia do Sul, por exemplo.

 

1Professor Titular da UFRPE-UAST

Serra Talhada, 28 de junho de 2023