Avança proposta do Fundo da Caatinga
O Fundo da Caatinga, conforme apresentado na proposta de decreto, apresenta-se como importante instrumento para a preservação desse bioma tão necessário para o país.
Postado em 15/11/2023 2023 14:14 , Educação. Atualizado em 15/11/2023 14:15
Boa notícia
A proposta de criação do Fundo Caatinga, resultado de trabalho realizado em conjunto entre o Consórcio Nordeste e o BNDES, foi entregue nas mãos da ministra do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marina Silva, em outubro. Algo similar ao Fundo da Amazônia.
Entre os tópicos prioritários apresentados destacam- se: financiamento de projetos para o manejo sustentável, recuperação e revitalização de áreas degradadas, apoio a projetos sustentáveis de geração e distribuição de energia, atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da Caatinga , além da conservação e uso sustentável da biodiversidade.
Soluções de resiliência
Apoiar o potencial da bioeconomia, assim como fomentar a agricultura de baixo carbono em pequenas e médias propriedades com objetivo de produzir alimentos e tecnologias sociais já conhecidas da população fazem parte das políticas apresentadas pelo Consórcio Nordeste e equipe de trabalho do BNDES.
“Precisamos dar um passo muito maior quando falamos na Caatinga, que ainda é um bioma sub-valorizado. Ainda não temos sequer estudos e pesquisas que evidenciam o potencial completo desse bioma”, destacou Ana Luiza Ferreira, secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha de Pernambuco (Semas-PE), na ocasião da entrega da minuta à ministra Marina Silva.
Grupo de Trabalho
O Ministério do Meio Ambiente se dispôs a montar um grupo de trabalho com o Consórcio Nordeste para elaboração de um Plano para a Caatinga e aprofundar os estudos para criação do Fundo.
Busca de investimentos
O Fundo da Caatinga, conforme apresentado na proposta de decreto, apresenta-se como importante instrumento para a preservação desse bioma tão necessário para o país.
A busca de investimentos, em especial estrangeiros, conforme é realizado pelo Fundo Amazônia, é instrumento eficaz na preservação de um bioma e a Caatinga deve ser receptora de recursos que assegurem sua preservação o quanto antes, já que enfrenta em alguns pontos já forte processo de degradação ambiental.
Estudo Caatinga
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Um estudo liderado pelo pesquisador Bergson Bezerra, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), constatou que o bioma da Caatinga é um dos principais responsáveis pela absorção do maior causador do efeito estufa: o Dióxido de Carbono (CO²).
Intitulada “Seasonal variation in net ecosystem CO² exchange of a brazilian seasonally dry tropical forest” (ou ‘Variação sazonal na troca líquida de CO² do ecossistema de uma floresta tropical seca brasileira’, em português), a pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos Observacionais e de Modelagem da Interação Biosfera-Atmosfera (Geoma) da UFRN e publicado pela revista ‘Scientific Reports’.
Resultados
O estudo buscou analisar teorias que consideram ecossistemas secos, como a Caatinga, como ineficientes na absorção do CO², diferentemente dos demais biomas e florestas.
No entanto, a pesquisa de Bergson provou justamente o contrário.
“A Caatinga sempre foi tratada como floresta pobre, insignificante, desprezível”, afirmou o pesquisador. Porém, os pesquisadores constataram que o bioma, durante o período pesquisado (janeiro de 2014 a outubro de 2015) , conseguiu sequestrar cerca de 3 toneladas de carbono por hectare.
Tal resultado demonstra que, ao contrário do que se acreditava anteriormente, o bioma é mais eficiente na captação de CO² do que todos os outros tipos de florestas estudadas até então.
Um sumidouro de CO²
Devido a essa capacidade, a pesquisa aponta que a Caatinga pode ser classificada como um sumidouro de Dióxido de Carbono. “Um ecossistema é considerado um sumidouro de CO² quando absorve ou sequestra mais CO² do que emite. Um sumidouro é um aliado no combate aos efeitos das mudanças climáticas”, explicou Bergson.
A pesquisa foi realizada em parceria entre pesquisadores, estudantes e professores da UFRN, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de Campina Grande (UFCG), do Oeste do Pará (UFOPA), do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Nacional do Semiárido (Insa).O estudo científico selecionou a região da Reserva Ecológica (Esec) Seridó, localizada no sul do Rio Grande do Norte, e estudou a captação e liberação de CO² no ecossistema.