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Pernambuco, 13 de dezembro de 2024

Agronegócios

Educar ainda é a melhor opção

Ontem foi anunciada a relação de novos campi dos IFEs – Institutos Federais de Educação em todo o país. São cem novas unidades que  serão adicionadas às 688 existentes. Entre os novos institutos seis deles estarão em Pernambuco e dois, destacando um no Agreste Meridional e um segundo no Sertão do Araripe, o que não deixa de ser uma boa notícia.

Postado em 14/03/2024 2024 18:46 , Agronegócios. Atualizado em 14/03/2024 18:57

Colunista

 

Geraldo Eugênio Engenheiro Agrônomo
Professor Titular da UFRPE-UAST

Reconhecimento a uma política de apoio à educação

Demonstra em primeira mão o apreço que governos mais progressistas têm  para com a educação e formação de jovens. Nos primeiros mandatos do Presidente Lula, entre 2002 e 2010 mais de quinhentos novos institutos federais foram instalados em todo o Brasil. Algo além de meritório, de um valor imensurável, em particular para milhares de jovens que deslumbraram a possibilidade de concluir um curso superior sem que para isto tivessem que se deslocar de sua região.  Agora, no terceiro mandato, provavelmente não se fará necessário o mesmo número de campi dos Institutos Federais e das Universidades, mas não será menos relevante a consolidação dessas instituições e o apoio aos egressos..

A diferença faz sentido

Costumo comentar que existem duas atribuições para uma instituição de nível superior que são determinantes. A primeira delas é formar jovens não apenas qualificados tecnicamente, mas pessoas com valores civilizatórios capazes de contribuírem com seus conhecimentos ao engrandecimento social e cultural da sociedade. A segunda, não menos importante, diz respeito à sua inserção entre as forças que alavancam o desenvolvimento regional. Sem esta segunda linha de ação a escola de nível superior, seja pública ou privada, não passará de uma mera fábrica de diplomas nem sempre conectados com sociedade que é a vida econômica que a circunda. O mesmo se tem a dizer das instituições de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Sem resultados claros e mudança no perfil de riqueza das regiões inseridas, os indicadores acadêmicos continuam sendo extremamente importantes, mas de efetividade relativa.     

Águas Belas e Araripina

A escolha  de Águas Belas, Agreste Meridional e Araripina, Sertão do Araripe demonstra um acerto na tomada de decisão. A primeira, uma cidade com pouco mais de quarenta mil habitantes, tem uma história diretamente ligada às populações originais Tupiniquins e Carijós e atualmente da etnia Fulniô. A presença desse instrumento é louvável sobre o ponto de vista de apoiar nossos irmãos de comunidades originárias no acesso à educação média e superior e levar à eles o que a ciência e  a tecnologia tem de disponível deixando que o uso desses instrumentos possam ser usadas a partir da exposição às mesmas e não pela exclusão e o desconhecimento.

A situação de Araripina é um pouco distinta. Uma cidade de aproximadamente noventa mil habitantes e principal polo econômico do Noroeste de Pernambuco. Se constitui no principal centro cultural e econômico do Sertão do Araripe e, com Bodocó Trindade, Ipubi a p

rincipal região produtora de gesso para a construção civil e um dos mais importantes pólos para a agropecuária do país.A escolha foi correta, de fato algo que deveria ter sido feito há mais tempo. Araripina tem uma dinâmica de crescimento invejável e a ausência de uma instituição federal de ensino médio e superior era algo quase injustificável. Bem-vindo o anúncio do Instituto Federal mas que em muito breve a região e particularmente o município conte com um campus de uma das universidades federais do estado.

Aproveita-se a oportunidade para parabenizar os esforços dos prefeitos Luiz Aroldo, de Águas Belas e Raimundo Pimentel, de Araripina, pelo empenho em prol desta conquista. Espero que em breve mesmo sem as condições completas de funcionamento, os dois campi possam estar recebendo as primeiras turmas e que os cursos selecionados reflitam o que será o futuro das regiões onde se localizam.

 Agora vamos cuidar dos egressos  

Contar com centenas ou milhares de jovens sendo expostos ao mundo do trabalho, do empreendedorismo, da pesquisa e do ensino é algo relevante e, um prêmio para um município ter este privilégio. O desafio se dá em ver esses jovens, após a conclusão de seus cursos, serem devidamente e dignamente aproveitados pelo mercado de trabalho ou pela estrutura econômica regional. O esforço que a nação empreende em prol de suas regiões até então menos favorecidas não é pequeno e o país não pode se dar ao luxo de contar com um capital humano devidamente qualificado sem que dele possa extrair o melhor.

Esses jovens serão os futuros empresários, empreendedores, professores, pesquisadores, consultores, representantes comerciais. A eles caberão o comando da dinâmica política e econômica do Agreste Meridional e do Sertão do Araripe e pode ser algo extremamente frustrante em dez anos após a conclusão das turmas, vermos que a mudança almejada para a região continua sendo uma miragem.

Os empresários e os gestores locais de Águas Belas e Araripina devem se preparar para o novo cenário. Terão à disposição pessoas que lhes auxiliarão com uma maior dose de qualidade, entretanto a remuneração desta força intelectual é diferenciada. Ou se estabelece salários e remunerações dignas ou veremos as moças e rapazes talentosos da região migrarem para outras cidades ou mesmo para outros estados. Este é um desafio virtuoso para Pernambuco e os demais estados da região Nordeste.