
O que a água e a luz representam para o Sertão
Gestão de Secas, uma iniciativa de caráter nacional
Postado em 27/06/2024 2024 11:41 , Agronegócios. Atualizado em 27/06/2024 18:22
A Confaeab – Confederação de Engenheiros Agrônomos do Brasil, associada à UFRPE- Universidade Federal Rural de Pernambuco promovem um Fórum de conhecimento e debates quanto à Gestão de Secas no Brasil. Conforme é amplamente conhecido, o fenômeno das secas deixou de ser uma característica tipicamente nordestina para atingir todas as regiões do país. Por mais que algumas ´especialistas` de regiões ao sul tentassem confundir a opinião pública e a eles mesmos com figuras de linguagem que representassem falta de água, valeu o bom senso e o termo seca se estabeleceu uniformemente em qualquer em todo o território nacional. Ao tentarem compreender o fenômeno e iniciarem uma boa revisão bibliográfica viram que nos países que consideram como inspiradores, seca é seca. Não há eufemismos e assim é amplamente entendido seja na Índia, na Austrália, Estados Unidos ou onde quer que seja.
Dentre as diversas áreas que compõem o cardápio de conhecimentos que fazem com que a gestão de uma seca seja positiva ou um fracasso, o uso eficiente da água é um ponto crítico. Em muitos casos a discussão se dá em armazenar e distribuir sem que se perceba que evitar perdas por má aplicação ou danos nos sistemas de distribuição são tão ou mais eficientes do que apenas a construção de barragens e outras formas de contenção ou exploração, mesmo sabendo que tais práticas continuam em várias situações recebendo uma atenção menor o que deveria.
Gestão de secas passou a ser um tema considerado como prioritário pela Confaeab e durante o biênio 2024 – 2025 uma série de conferências estará sendo oferecida aos profissionais das ciências agrárias e afins e aos profissionais que atuam neste tema.
Uso de água, uma agenda real
No dia 25 de mês de junho de 2024, o Prof. Thieres Freire, da UFRPE-UAST e atual Pró-reitor de Pesquisa da UFRPE foi o conferencista da noite apresentando no Fórum em referência, a aula intitulada: Uso eficiente da água na agricultura do semiárido, disponível no Link YOU TUBE O evento foi mediado pelo Presidente da Confederação, o Engo. Agrônomo Kleber Santos, tendo como debatedor o também Engenheiro Agrônomo Francisco Lira, Vice-presidente da Confederação. O Prof. Thieres teve a oportunidade de apresentar com detalhes um conjunto de informações e tecnologias coletadas ao longo dos anos, destacando a relação solo-água-planta e as espécies adaptadas ao semiárido, a exemplo da palma forrageira e do feijão guandu, do sorgo e do milheto. Uma aula para todos envolvidos com as ciências agrárias e aos formuladores de políticas para o Semiárido.
E onde entra a luz?
Quanto à luz, a situação é mais interessante. Um conjunto de professores reconhecidos, de várias áreas de conhecimento lideram a construção do Onda CBC – Observatório Nacional da Dinâmica da Água e do Carbono no Bioma Caatinga, tendo como base o Departamento de Energia Nuclear da UFPE, tendo como um dos focos a discussão sobre a ciência e suas aplicações no Semiárido brasileiro. Neste sentido, encontra-se planejado para ocorrer na próxima sexta-feira, 28 de junho de 2024, no Instituto de Petróleo da UFPE, um Seminário que tem o seguinte tema: Fotônica: Uma Luz para Potencializar o Bioma Caatinga.
A fotônica conforme descrição do onipresente Google é o campo da ciência dedicada a estudar a luz, sua dualidade onda-partícula (fóton), sua geração, detecção, manipulação, emissão, transmissão, modulagem, processamento de sinal, amplificação e sensoriamento. Considerando-se que a Caatinga ou ́mata rala ou mata branca` é a própria luz e dos avanços que têm sido testemunhados através da aplicação da fotônica no desenvolvimento de sistemas agrícolas intensivos tais como a produção de hortaliças, frutas e seu emprego na agricultura de precisão, é um tema que muito tem a dizer sobre o presente e o futuro da atividade científica e empresarial na região.
Classicamente, no campo da fisiologia vegetal um dos assuntos mais estudados é o da fotossíntese, esta maravilha de fenômeno que nada mais é do que o uso de duas matérias primas básicas, a água e o dióxido de Carbono na produção de carboidratos, a exemplo da sacarose, da frutose, do amido, da celulose, da hemicelulose e de outras moléculas que constituem a produção de biomassa e de alimentos.
Logo, a relação luz–biologia-caatinga se faz presente em qualquer que seja a discussão visando otimizar a produção de biomassa ou outros produtos de origem vegetal. Seja da eficientização dos sistemas , destacando-se a clássica relação entre a biologia, a física, a agronomia, as engenharias, as ciências agrárias e ambientais.
O impacto da luz e da imagem sobre a caatinga
O que se pode esperar de um grupo com a visão de mundo que permita estabelecer uma relação criativa entre a luz e a caatinga? Dentre os vários desafios, sugere-se a aproximação entre a fotônica e a fenotipagem. Esta última, uma técnica também atual que visa o uso da imagem e, consequentemente da luz na identificação de funções gênicas através do estabelecimento entre a imagem, o tão conhecido fenótipo e a ação gênica em si. Neste sentido aproveitando-se do desafio estabelecido nesta sessão do Fórum fica o dever de casa de se tentar aprimorar o uso da espectrometria e da luz na identificação de informações genéticas que permitam o desenvolvimento de cultivares mais eficientes e melhor adaptados às condições desafiadoras de um planeta em crise ambiental aguda e em mudanças climáticas visíveis e acentuadas e, mais ainda, a identificação de genes ou segmentos gênicos envolvidos na resposta das plantas ao estresse hídrico e à temperaturas elevadas. A maior riqueza da Caatinga está em seu patrimônio genético e é dominando as informações a ela pertinentes que se pode visualizar um uso eficiente, inclusive do ponto de vista material.
1Professor Titular da UFRPE-UAST
Serra Talhada, 27 de junho de 2024.