O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou o desbloqueio de todas as contas bancárias do jornalista Rodrigo Constantino no país. A medida, que foi celebrada por apoiadores do comunicador, veio após um pedido da defesa de Constantino, que argumentou a necessidade de liberação dos recursos para custear seu tratamento contra um câncer raro e agressivo, atualmente em curso na Flórida, Estados Unidos.

Rodrigo Constantino, conhecido por suas opiniões conservadoras e críticas contundentes ao establishment político e judicial brasileiro, teve suas contas bloqueadas em janeiro de 2023, no âmbito do chamado “Inquérito das Fake News”. A decisão, à época, também incluiu o cancelamento de seu passaporte brasileiro, medidas que foram justificadas pelo STF como parte de investigações sobre a disseminação de desinformação e ataques às instituições democráticas. Desde então, o jornalista, que também é cidadão americano, vinha denunciando o que classifica como “perseguição política” por parte de Moraes, especialmente após se mudar para os EUA.

A reviravolta no caso ganhou destaque quando Constantino usou as redes sociais para anunciar a decisão do ministro. “Alexandre de Moraes mandou liberar minhas contas bancárias no Brasil para o tratamento do câncer!”, escreveu ele, em um tom que misturava alívio e uma ponta de ironia. A defesa do jornalista havia apelado à liberação dos recursos, destacando a gravidade de sua condição de saúde e os altos custos médicos envolvidos no combate à doença. O advogado de Constantino, Fernando Grigollette, comemorou a decisão como uma vitória, atribuindo-a a uma intervenção divina e à pressão crescente sobre o caso.

O desbloqueio das contas, no entanto, não é visto como um recuo completo das medidas impostas anteriormente. A determinação de Moraes parece ter sido motivada por uma avaliação humanitária, mas não há indícios de que o ministro tenha revisado as acusações que levaram ao bloqueio inicial. Isso levanta questionamentos sobre os limites e os critérios das decisões judiciais no contexto de investigações como o Inquérito das Fake News, que já foi alvo de críticas por supostamente extrapolar prerrogativas constitucionais.

Para os apoiadores de Constantino, a decisão é uma conquista parcial contra o que chamam de “ditadura da toga”. Nas redes sociais, muitos destacaram a ironia de um cidadão americano ter seus direitos financeiros no Brasil restringidos por tanto tempo, sugerindo que a pressão internacional — especialmente após Constantino apelar a figuras como Donald Trump e Elon Musk — pode ter influenciado o desfecho. Por outro lado, críticos do jornalista argumentam que o desbloqueio não absolve as ações que levaram às sanções iniciais, mantendo o debate polarizado.

O caso de Rodrigo Constantino reflete uma tensão maior no Brasil contemporâneo: o embate entre liberdade de expressão, combate à desinformação e o papel do Judiciário em um cenário político altamente dividido. Enquanto o jornalista segue seu tratamento nos EUA, a decisão de Moraes reacende discussões sobre os métodos e o alcance das ações do STF. Será este um sinal de flexibilização ou apenas uma exceção