
“Prisão de Ventre”: A conhecida Constipação Funcional tem tratamento
No Brasil, acredita-se que entre 17,5% e 36,5% das crianças apresentem essa queixa; entre os adultos, o índice é de 16%, podendo chegar a 33% na população idosa.
Postado em 20/04/2025 2025 17:59 , Saúde, Saúde Pública. Atualizado em 20/04/2025 20:28
Mestranda em Ciência e Tecnologia em Saúde
Pós-Graduada em Fisioterapia Pélvica
Você já experimentou desconforto com inchaço abdominal, além de ficar dias sem conseguir evacuar? Se isso acontece ou já aconteceu com você, é provável que tenha apresentado um quadro de constipação funcional (CF), também conhecida como prisão de ventre. E, embora seja uma condição comum para muitos, esse quadro não é considerado normal e exerce um impacto significativo na qualidade de vida de quem sofre com ele.
A constipação funcional não é classificada como uma doença, mas sim como um distúrbio gastrointestinal, caracterizado por sinais e sintomas como a dificuldade em eliminar as fezes e a necessidade de força excessiva durante a evacuação.
No Brasil, acredita-se que entre 17,5% e 36,5% das crianças apresentem essa queixa; entre os adultos, o índice é de 16%, podendo chegar a 33% na população idosa. A condição é mais frequente na população feminina. Consequentemente, essa é uma situação mórbida que implica em aumento nas visitas médicas para seu tratamento.
Como saber se é constipação funcional?
A seguir, alguns sintomas que podem se manifestar de forma persistente:
Evacuações infrequentes (menos de três vezes por semana)
Fezes ressecadas ou fragmentadas
Esforço excessivo para evacuar
Sensação de evacuação incompleta
Sensação de bloqueio ou obstrução
Segundo os critérios de Roma IV, esses sintomas devem estar presentes por pelo menos três meses, com início há pelo menos seis meses. É importante lembrar que cada organismo tem seu ritmo: algumas pessoas evacuam diariamente, outras a cada dois dias. O problema está em como isso interfere no bem-estar e na função intestinal.
As causas da CF são diversas, incluindo uma dieta pobre em fibras, baixa ingestão de água, sedentarismo, uso excessivo de laxantes, estresse, ansiedade e alterações hormonais. Além disso, questões musculares e funcionais, como a contração inadequada dos músculos do assoalho pélvico durante a evacuação, podem dificultar o esvaziamento intestinal, mesmo quando há vontade de evacuar.
Os principais fatores de risco são: sexo feminino, uso de medicamentos para depressão e ansiedade, envelhecimento, inatividade, baixa ingestão calórica, baixa renda e escolaridade, histórico de abuso físico e sexual, além de cirurgias.
O diagnóstico clínico é baseado nas queixas relatadas pelo paciente. Em alguns casos, exames complementares podem ser solicitados para descartar causas orgânicas. Avaliações funcionais, como o teste de evacuação com balonete ou a manometria anorretal, analisam o estado funcional dos músculos do assoalho pélvico.
Apesar de algumas pessoas conviverem por anos com a constipação sem buscar ajuda médica, é importante destacar que a CF tem tratamento e merece atenção para sua normalização.
Dentre os tratamentos existentes, destacam-se: terapia medicamentosa – em alguns casos, de forma contínua –, mudanças alimentares, alteração no estilo de vida, reeducação evacuatória e fisioterapia pélvica, com exercícios específicos e recursos eletroterapêuticos, entre outros.
Algumas dicas que podem ajudar a melhorar o quadro de CF:
Aumentar a ingestão de fibras (frutas, verduras, grãos integrais) e líquidos
Praticar atividades físicas regularmente para estimular o funcionamento intestinal
Aprender a perceber os sinais do corpo, adotar posições adequadas no vaso sanitário (como o uso de um banquinho para elevar os pés, em alguns casos) e evitar segurar a vontade de evacuar
Meditação e momentos de relaxamento podem ajudar a regular as emoções, reduzindo a ansiedade e o estresse
Evitar o uso excessivo de laxantes
Sendo o intestino um órgão sensível aos hábitos, emoções e rotinas, quando algo não vai bem no organismo, o corpo emite sinais. Entender como o seu intestino funciona e estar atento aos seus sinais é um gesto de autocuidado que merece atenção.
Se a constipação faz parte da sua rotina intestinal, procure ajuda, mude hábitos e descubra que é possível viver com mais conforto, leveza e bem-estar.
Seu intestino fala com você. Escute-o com mais atenção e carinho!
Fontes:
2.SOCIEDADE BRASILEIRA DE MOTILIDADE DIGESTIVA E NEUROGASTROENTEROLOGIA – SBMDN. Constipação intestinal. Material eletrônico, s/d.
Profª. Lays Anorina – Fisioterapeuta Pélvica
Mestranda em Ciência e Tecnologia em Saúde
Pós-Graduada em Fisioterapia Pélvica
IG: @laysanorina2
E-mail: laysanorina@gmail.com