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Pernambuco, 20 de maio de 2025

Cultura

Arte de J. Borges ganha destaque no Congresso com curadoria inédita do Governo de Pernambuco

Como parte das ações educativas da mostra, serão realizadas oficinas de xilogravura, conduzidas por Pablo Borges, filho do artista e também gravador, em um ateliê em Brasília

Postado em 24/04/2025 2025 09:48 , Cultura. Atualizado em 24/04/2025 10:27

A força da arte popular pernambucana tomou o centro do poder legislativo brasileiro nesta quarta-feira (23), com a abertura da exposição J. Borges: Poesia e Arte, no Salão Negro do Congresso Nacional, em Brasília. Idealizada pelo Governo de Pernambuco, por meio de edital, a mostra exalta o legado do mestre da xilogravura e do cordel, levando o lirismo e a visualidade do agrestino de Bezerros a outras regiões do país. A governadora Raquel Lyra participou da cerimônia de inauguração e destacou J. Borges como um símbolo vivo da identidade cultural pernambucana.

“Pernambuco e o mundo conhecem J. Borges, com todas as suas artes. O trabalho dele falava da simplicidade, da força e da resiliência da nossa gente. Ele dizia que ser autêntico é ser simples, e não tem sabedoria maior do que essa. Essa é a expressão da cultura popular de Pernambuco, que nos faz um povo diferente de qualquer lugar no mundo”, destacou a governadora Raquel Lyra.

Pensada inicialmente como uma homenagem aos 90 anos que o artista completaria em 2025, a exposição teve sua proposta inscrita pelo Estado — por meio do escritório de representação em Brasília — no edital anual da Câmara dos Deputados, sendo selecionada para ocupar um dos espaços culturais mais simbólicos do país. A curadoria, também realizada pelo Governo de Pernambuco, organizou o acervo com cerca de 70 obras, entre xilogravuras, matrizes e folhetos de cordel, pertencentes a colecionadores, ao Memorial J. Borges e à própria família do artista.

A iniciativa conta com apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e da Secretaria de Cultura do Estado. “Nós temos a honra de ter um pernambucano levando o nosso Estado para todo o país. J. Borges representa o pernambucano, o nordestino e o brasileiro. Onde a gente vê uma imagem dele, nem precisamos chegar muito perto, de longe mesmo já nos sentimos representados”, disse a secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.

A exposição foi dividida em três núcleos temáticos — Religiosidade, Sertão e Cotidiano Nordestino — e oferece ao público não apenas uma imersão na estética e narrativa de J. Borges, mas também uma experiência interativa. Entre os destaques, estão obras icônicas como “A mulher que botou o diabo na garrafa”, “Coração na mão” e “O monstro do sertão”, além de uma linha do tempo com os principais marcos dos 88 anos de vida e 60 anos de carreira do artista, que faleceu no ano passado.

“Essa mostra é o reconhecimento de J. Borges no Brasil e no exterior. Ela é a primeira exposição após a sua morte, e reúne um conjunto pensado para valorizar sua obra e trajetória. O Governo de Pernambuco reconhece a importância cultural e artística do xilogravurista no cenário nacional e assume o papel de homenagear e preservar esse legado”, destacou o curador da exposição, Romildo Gastão.

Como parte das ações educativas da mostra, serão realizadas oficinas de xilogravura, conduzidas por Pablo Borges, filho do artista e também gravador, em um ateliê em Brasília. Outro marco da mostra, que ficará em cartaz até 6 de julho, é o lançamento do primeiro catálogo bilíngue (português-inglês) sobre a obra do artista, visando internacionalizar o material. Representando a família do xilogravurista no evento, Pablo Borges falou sobre o legado do pai. “J. Borges não era só um artista ou um poeta, ele era uma pessoa muito humana, simples, alguém que não media esforços para ajudar a todos”, observou.

A senadora Teresa Leitão, por sua vez, destacou a importância da exposição. “A obra de J. Borges sempre teve as letras, as curvas e a boniteza da cultura nordestina e brasileira como essências. É preciso homenagear este que é um dos maiores artistas pernambucanos do nosso tempo”, disse. Para o deputado federal Carlos Veras, “promover essa exposição neste espaço simbólico, no Parlamento brasileiro, é muito mais do que uma iniciativa cultural, é um ato político de afirmação da nossa identidade nordestina, da nossa identidade nacional”.

A prefeita de Bezerros, Lucielle Laurentino, mencionou que “o povo bezerrense está muito bem representado no Salão Negro do Congresso, por meio das obras de J. Borges”. Para o deputado estadual Joãozinho Tenório, “é um evento de muita importância, que mostra o que representa J. Borges para nós, pernambucanos, e para os bezerrenses”.

Também estavam presentes no evento o senador Humberto Costa e os deputados federais Mendonça Filho, Túlio Gadelha, Júnior Uchôa, Waldemar Oliveira e Fernando Monteiro.