Sertanejos, que vivem nos EUA, comentam resultado das eleições presidenciais
Da parte dos democratas, a grande esperança é que sejam adotadas ações de combate à pandemia; entre os republicanos, a preocupação é com o futuro da economia
Postado em 11/11/2020 2020 17:00 , Política, Últimas Notícias. Atualizado em 12/11/2020 16:13
Sertanejos, que vivem nos EUA, falaram ao Jornal do Sertão sobre o que pensam do resultado da histórica eleição presidencial, cuja vitória, segundo resultado apurado nas urnas até agora, garante a presidência para o democrata Joe Biden, que acumula 290 votos no Colégio Eleitoral contra 214 de Trump. A oficialização do resultado será garantida no dia 14 de dezembro, quando o Colégio Eleitoral reúne os representantes de cada estado, para votarem nos candidatos vencedores em seus estados. Além disso, Donald Trump, realizou discurso direto da Casa Branca, cujos trechos foram transmitidos por veículos de todo o mundo, entre eles a CNN Brasil. Na fala feita, por volta das 2h30, horário de Brasília, Trump afirmava que houve fraude nas eleições. Na ocasião, ele não apresentou provas. O republicano moveu uma série processos pedindo a recontagem dos votos. Se esses processos judiciais forem encerrados e, por exemplo, validarem o resultado atual das eleições a tempo, o nome de Joe Biden será oficializado. Natural de Petrolina, no Sertão do São Francisco, Monika Libório Walker é formada em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, cursou mestrado em Aconselhamento psicológico e saúde mental com foco em terapia de família e de casal e vive nos Estados Unidos desde os anos 2006. Até 2017, tinha visto de estudante e há três anos, tornou-se cidadã americana. Monika é casada e mora na cidade de Brokton, no estado de Boston, onde trabalha como Terapeuta de Família. Para ela, a principal expectativa é de que o combate à pandemia da Covid-19 seja abraçado pelo novo governo e encarado de frente.
“Qualquer pessoa que entrasse, desde que o Trump saísse, já seria muito bom! Então, a primeira coisa que espero deste novo governo é a realização de ações de combate à pandemia. Trump nunca incentivou o uso da máscara. Mudou o discurso ao longo da campanha, quando percebeu que ignorar o uso deste item estava lhe fazendo perder votos”, enfatiza. Ainda de acordo com Monika, outra expectativa está ligada às relações internacionais. ” Trump não tinha o que chamamos aqui nos EUA de social, ou seja, diplomacia, habilidade com as negociações. Por isso, espero que o Biden faça exatamente o contrário, ou seja, fortaleça as nossas relações com outros países”, complementa.
Sebastião Gomes Oliveira da Silva é natural de Bom Jardim, no Agreste do estado, mas sempre viveu com um pé no Sertão e conhece a região muito bem. Formado em engenharia, atua como empresário do setor Imobiliário em Boston, nos EUA, local onde mora há 16 anos. Ele acredita que o resultado das eleições foi “meio manipulado, especialmente por causa da quantidade de votos efetuada pelos Correios. ” O empresário acredita que as políticas de contenção da pandemia, dependendo de como sejam adotadas, podem prejudicar a economia. “A gente, que é do ramo empresarial, que gera empregos para as pessoas, considera a derrota de Trump muito ruim, pois ele estava segurando a economia, mesmo com a pandemia, sem deixar que o país parasse. Ele queria cuidar da economia, mas a pandemia está lutando contra o país. Agora, com a entrada de um socialista, estamos preocupados, pois não sabemos o que ele vai fazer”, conclui.
Risomar Alencar Daltro tem 62 anos, é natural de Ipubi, Sertão do Araripe. Casada com José Roberto Novaes de 68 anos, natural de Cabrobó, no Sertão do São Francisco, vive na cidade de Tauton, estado de Boston, há 16 anos. O casal é agricultor familiar. Antes de falar conosco, Risomar acabara de tomar o seu café da manhã, cujo cardápio, confidencia ela, tinha café preto e tapioca quentinha. A sertaneja diz ter vibrado muito com o resultado das eleições e enxerga boas possibilidades para o futuro. Ela espera que o novo presidente trabalhe em prol dos imigrantes. “Quem é imigrante nos Estados Unidos, nunca vai deixar de ser. Por isso, eu como imigrante, espero que o Joe Biden faça muito mais por nós e pelas pessoas de outras nacionalidades que vivem aqui. Há tempos, não temos políticas nesta área. Eu não esqueço a crueldade de Trump ao separar crianças e adolescentes dos pais imigrantes. Hoje, temos cerca de 270 crianças que não têm ideia de onde os seus pais possam estar. Isso é cruel! Esta atitude de Trump fez com que ele perdesse muitos votos para o Biden”, opina.
Uma eleição histórica
O pleito eleitoral nos EUA marcou a história da democracia americana. Os números mostram essa magnitude. Mas, antes de falarmos sobre os números, é importante destacar que Kamala Harris, descente de indianos e jamaicanos, torna-se a primeira mulher negra a ocupar a vice-presidência dos EUA. Joe Biden se tornou o candidato à presidência mais votado na história do país, ultrapassando a marca do ex- Presidente Barack Obama. Até às 23h do último dia 4, o democrata havia recebido 71.917.120 votos válidos. Nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório, mesmo assim, até dia 3, data do início da votação presencial nas urnas, 100,3 milhões dos 230 milhões de eleitores aptos a votar já haviam o feito antecipadamente.
Em 2025, Cn estará com 83 anos. Ao contrário do que muitos imaginavam, na Constituição dos Estados Unidos da América, não é estabelecida uma idade limite para se candidatar às eleições. De acordo com o Artigo 2, Seção 2, há uma data mínima para se candidatar às eleições. “Não poderá, igualmente, ser eleito para esse cargo quem não tiver trinta e cinco anos de idade e quatorze anos de residência nos Estados Unidos”, diz o documento.