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Pernambuco, 29 de março de 2024

Cultura

A arte de ter razão

Na coluna de hoje Wagner Miranda fala sobre a Arte de Ter Razão e diz que precisamos estar atentos aos melindres de quem quer nos convencer

Postado em 11/12/2020 2020 08:00 , Cultura, Últimas Notícias. Atualizado em 11/12/2020 09:26

WAGNER MIRANDA CULTURA

Wagner Miranda Lima Escritor, Músico, Compositor e Cineasta Fundador do Grupo Matingueiros / matingueiros@gmail.com

 

Em tempos de incoerência e argumentações irracionais onde o óbvio precisa ser defendido, precisamos estar atentos aos melindres de quem quer lhe convencer de qualquer ideia durante um diálogo ou conversa grupal.

Segundo Karl Otto, “Como em qualquer disputa, em uma discussão, o que está em ação não é o desejo pela verdade, mas o desejo pelo poder”.  Aristóteles via na dialética uma forma honesta de confronto entre argumentos contraditórios, objetivando a verdade, mas infortunadamente temos hoje um costume adverso dessa ciência.

A dialética Erística; que consiste no uso de técnicas para finalizar uma discussão dando a entender que saiu com a razão, “vitorioso”, está cada vez mais em prática tanto nos ambientes virtuais, quanto nos grupos sociais em geral.

Em 1831 o filósofo alemão Arthur Schopenhauer escreveu um excelente livro para identificar essas ferramentas injustas nos diálogos. “A Arte de ter Razão – 38 estratégias para vencer qualquer debate” é uma obra elucidativa muito interessante, disponível em pdf na internet e nas livrarias virtuais a baixo custo.

Dentre essas estratégias, encontramos a técnica de mudar o foco do tema, apontando falhas do interlocutor sem ligação nenhuma ao que se trata a conversa. Há também o costume de citar qualquer “autoridade” no assunto para dar embasamento, além de dados e estatísticas sem nenhuma comprovação.

Institutos de pesquisa, órgãos de fiscalização, cientistas famosos e até trechos da Bíblia são usados como argumentos infundados e premissas falsas de temas diversos. Outra forma muito comum é generalizar o que foi dito pelo oponente; se há alguém que cometeu algum erro grave na vida e que tenha alguma relação com o assunto em questão, será indubitavelmente usado pelo retórico erístico.

Os principais motivos para isso tudo acontecer está na simples e pura ignorância no assunto; na falta de humildade em reconhecer erros ou quando há objetivos escusos de natureza maléfica no argumentador sem razão. Recomendo a leitura integral do livro de Schopenhauer e principalmente o cultivo da paciência quando identificar o ataque, buscando a verdade, nunca a vitória.

JS Cultura