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Pernambuco, 26 de março de 2024

Agronegócios

Propriedades medicinais de frutas,  pode estimular criação de polo industrial farmacológico no Sertão

Com a descoberta das propriedades medicinais contidas nas frutas, como uva e manga, produzidas e exportadas pela região de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, no Sertão do estado de Pernambuco, se potencializa um polo industrial farmacológico.

Postado em 01/02/2021 2021 07:00 , Agronegócios, Últimas Notícias. Atualizado em 26/07/2021 17:15

Vale do São Francisco Foto Divulgação

Frutas potencializadas

A uva e a manga são duas  frutas consideradas o carro chefe  das exportações do  Vale do São Francisco que podem agora,  agregar maior valor comercial, além do atual valor da sua comercialização inatura.  A uva, por exemplo, possui em sua casca e semente, propriedades antioxidante, anti inflamatória e cardioprotetora. Estas substâncias se beneficiadas, podem ser comercializadas para o setor de produção de fármacos,  sem interferir no uso de outras partes do fruto, para atender a outros mercados.

Propriedades medicinais

Quando falamos da manga, fruta produzida na região do Vale do São Francisco, responsável por  86% de toda a exportação nacional, também encontramos nela,  substâncias de alto valor farmacológico. São eles: mangiferina (composto fenólico) e carotenoides, como o betacaroteno, criptoxantina e violaxantina, ambos têm alto poder antioxidante, anti inflamatórios e anticarcinogênico. Apesar de ser uma potência na produção de manga e de uva, o Vale do São Francisco ainda não atende a este mercado. O professor do IF Sertão e especialista em Tecnologia de Alimentos, Marcos Lima, explica quais os gargalos que ainda impedem a região de fornecer insumos para a produção de fármacos.

Potencial industrial

“​O Vale do São Francisco, apesar de ser uma potência agrícola, ainda é uma região a se desenvolver como polo industrial. Embora, nesta região, a matéria-prima, manga e uva, seja altamente disponível em todos os meses do ano e haja  trabalhos de extração e caracterização de compostos bioativos da uva e manga realizados, ainda não há nenhuma empresa neste segmento instalada nessa região, para se transferir a tecnologia obtida”, explica Marcos Lima.

Ainda segundo o professor, uma pesquisa realizada pelo IF- Sertão de Pernambuco em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina identificou uma grande concentração de compostos bioativos, com capacidades funcionais, comprovadas, presentes na casca da manga.

Professor Marcos Lima realiza pesquisas na área de composto bioativo no Laboratório de Cromatografia Líquida do IF Sertão – Foto Ascom IFSertão

Características

Nesta parte do fruto, as pesquisas identificaram propriedades antioxidantes. Os compostos bioativos são substâncias existentes nos alimentos, diferentes dos nutrientes essenciais, para a nutrição humana, ou seja, carboidratos, proteínas, lipídeos, minerais, aminoácidos e vitaminas.

Embora não sejam essenciais ao nosso corpo, pois nosso organismo pode funcionar bem sem eles, os compostos bioativos exercem grande influência sobre a saúde. Isso ocorre devido ao seu efeito sobre um organismo vivo, tecido ou célula. Na prática, esses compostos possuem propriedade antioxidante, antiinflamatória, anticancerígena, antibacterianas, antivirais e antitumorais. Por essa razão, esses compostos são usados como medicamentos na complementação de medicamentos e como suplementos alimentares de alto valor 01comercial.

Beneficiamento

O beneficiamento do fruto para atender ao setor de produção de medicamentos não interfere no aproveitamento comercial da fruta para outras atividades. O professor Marcos Lima explica como se dá o processo de produção dos fármacos,  com base no uso de frutas como manga e uva . “Quando se fala na utilização destas frutas para extração de compostos bioativos, os alvos serão sempre os resíduos. Não faz sentido utilizar um fruto altamente comercial, como manga e uva para se extrair compostos, apenas da casca e semente, uma vez que estas partes compõem os resíduos das agroindústrias de beneficiamento destas frutas. A ideia é que os resíduos agroindustriais da manga e uva sejam obtidos junto aos processadores da fruta; estes resíduos sejam secos e estocados, para posteriormente, se aplicar os processos de extração, padronização e obtenção dos fármacos ou, suplementos, na forma de pó. Esse pó será utilizado na composição das drágeas.