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Pernambuco, 08 de novembro de 2024

Educação

Pais do Sertão divergem sobre retorno presencial das aulas em escolas particulares

Riscos e incertezas na volta às aulas presenciais nas escolas particulares no Sertão 

Postado em 10/02/2021 2021 07:00 , Educação. Atualizado em 10/02/2021 01:03

Colunista
Jornalista ,

Alexandra Koch por Pixabay

O Jornal do Sertão ouviu pais e também o médico Dr. Anderson Armstrong, que preside a Comissão que Acompanhamento e Monitoramento de Ações de Prevenção do Coronavírus na Univasf

A volta às aulas presenciais dentro do novo normal gerou muitas dúvidas para os pais e professores do Sertão. A falta de testagem nos funcionários das escolas, a demora para a distribuição das doses para os trabalhadores da educação e o medo das aglomerações dentro do ambiente escolar são algumas das questões que dividiram opiniões.

Por isso, o Jornal do Sertão ouviu o médico cardiologista e presidente da comissão responsável pela elaboração, acompanhamento e monitoramento de ações de prevenção do Coronavírus na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Dr. Anderson Armstrong ponderou que a Covid-19 tem baixo risco em crianças. 

Crianças e a Covid-19

“É muito raro ter uma complicação em crianças, diferente do que a gente tem visto em adultos. Então, se a gente pensar de forma paralela em outras doenças, o H1N1 tem um risco muito maior para as crianças e a gente não viu fechamento de escolas de forma regular, mesmo na pandemia de H1N1. A Covid-19 tem um risco muito baixo para as crianças. Menor do que H1N1, menor do que meningite e muitas outras doenças que a gente vem convivendo dentro do âmbito escolar há muito tempo”, explicou o médico.

Escolas abertas em outros países

Dr. Anderson destacou ainda que mesmo na pandemia causada pelo novo coronavírus, muitos países seguiram com as escolas abertas. “Muitos países europeus, por exemplo, não fecharam as escolas justamente devido a esse risco baixo e a gente não viu uma explosão de casos graves entre as crianças”, afirmou.

Dr. Anderson Armstrong comenta relação das crianças com a Covid-19

Crianças são vetores?

No entanto, sobre a criança acabar virando um vetor para a doença, o médico afirma que os estudos mais recentes demostram que o risco de transmissão também é potencialmente menor. “Os estudos, as observações têm demonstrado é que as crianças transmitem menos que os adultos. Então, aparentemente, o papel da criança ir para a escola, com todas as medidas de segurança, não ampliaria muito a taxa de transmissão da doença”, finalizou o doutor Armstrong.

Visão dos pais

O Jornal do Sertão conversou com uma mãe e um pai que moram em Petrolina-PE e têm visões diferentes sobre a volta às aulas na rede privada. As escolas particulares optaram pelo ensino híbrido, dividindo as turmas para reduzir o quantitativo de alunos por sala e também adotaram medidas de higiene, de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para uns, retorno seguro

Para Gláucia Míria Alves, que é engenheira de produção e tem 35 anos, o retorno às aulas presenciais da filha Giovanna, de 5 anos, foi tranquilo e seguro. Ela defende que muitas famílias já voltaram a fazer diversas atividades fora de casa e, por isso, não teria explicação adiar a volta à escola se o espaço é controlado e monitorado.

Gláucia sente que sua filha Giovanna está segura no retorno às aulas

“Eu estou muito tranquila quanto à retomada das aulas presenciais. Primeiro porque a escola me passou essa segurança. Eu vi que eles, realmente, estão preocupados também. E, acima de tudo, estão querendo essa retomada. Acredito que eles vão ter todo o cuidado do mundo com as crianças para evitar que elas adoeçam. E segundo porque a nossa rotina em casa já não é de isolamento social. Giovanna já viajou, vai para supermercado comigo, restaurante. Então, porque não ir para escola?”, ponderou a mãe, explicando que em todos os lugares que a criança frequenta, o uso de máscara e do álcool gel é permanente.

Mas o medo continua para outras famílias…

Fausto Henrique Modesto é professor, tem 38 anos, e pensa bem diferente de Gláucia. Ele teme que o retorno à sala de aula abra a porta para o vírus e prejudique, principalmente, seus pais que já são idosos e têm comorbidades. Ele tem três filhas em idade escolar, uma de 9, outra de 5 e outra de 4 anos.

“A grande insegurança é a imaturidade das crianças, é elas não seguirem os protocolos. Por exemplo, nas áreas comuns da escola, onde a professora pode não estar, elas podem não respeitar o distanciamento e, com isso, pode haver o contágio. Passou para um, passa para a família. Eu acho que é necessário retomar a vida normal, mas enquanto não vacinar os grupos de risco, é muito perigoso. Porque a maioria das crianças tem contato com os avós, os próprios professores, alguns são idosos. A gente está vendo só a perda das crianças na questão da socialização, da escola em geral. O contágio e a morte de um ente querido, será que esse é o preço que a gente tem que pagar?, indagou o pai de Isabella, Giovanna e Valentina.

JS Educação 

Jornalista Carol Souza Editor Antônio José