

Como ficará o turismo pós-pandemia?
Na coluna de hoje Marília nos mostra a nova realidade imposta pela pandemia, que exige mudança de comportamento dos turista que procuram roteiros com segurança
Postado em 19/02/2021 12:12
Marília Paes Turismóloga Especialista em Planejamento e Gestão do Turismo
É de fato ainda muito cedo para fecharmos um prognóstico concreto e assertivo sobre como a nossa tão amada atividade turística ficará no pós-pandemia. Contudo, não nos é furtado o pensamento e o cuidado a respeito de tal assunto, principalmente, por estarmos vivendo um momento em que nem existe lockdown, de fato; e nem estamos com a liberdade de passearmos com segurança como antes.
Como está ou ficará o turismo?
Então, para aqueles que, assim como eu, trabalham com essa atividade, seja direta ou indiretamente, surge o seguinte questionamento: como está ou ficará o turismo? Quem é esse turista/visitante para o qual precisamos estar preparados e devemos nos capacitar cada dia mais?
Sem dúvida, uma das maiores certezas que podemos ter é que o comportamento da grande maioria dos viajantes mudou. E não é para menos, agora estamos mais cautelosos sobre qual localidade visitar; se ela é um destino que normalmente fica muito cheio; se os estabelecimentos estão respeitando os protocolos das secretarias de saúde e ainda se os demais visitantes que frequentam tal destinação estão tendo também os cuidados necessários.
Infelizmente, o que temos visto nos jornais é que em muitas localidades parece que não existe pandemia alguma. Grande parte dos visitantes, muitas vezes, os mais jovens, está indo às viagens e aos passeios em bares e restaurantes como se nada tivesse mudado. Mas, isso está longe de ser o ideal ou o que queremos; nem para os viajantes, que ao se deslocarem são vetores de contágio e muito menos para a localidade visitada, pois ao final desses finais de semana de festas e aglomerações sofrem com as consequências em um sistema de saúde já sucateado.
O turismo pode sim, acontecer de forma cuidadosa…
Contudo, não é preciso ser sempre assim. O turismo pode sim, acontecer de forma cuidadosa e os visitantes continuarem a ir às localidades com segurança, garantindo o respeito aos protocolos de distanciamento social, uso de máscaras em público e higienização constantes das mãos e superfícies. Em uma atividade economicamente importante, pois de acordo com a FGV, só em 2019 o turismo movimentou cerca de US$ 8,9 trilhões, contribuindo imensamente para o PIB global e geração de empregos, não podemos pensar que o impacto foi ou será pequeno. Mas, apesar desse enorme impacto sentido pelo setor, ele já dá sinais de retomada, porém, de maneira diferente. O que se percebe é que está havendo um movimento de viajantes por localidades mais próximas ao seu local de residência (até 300km dos centros urbanos), aumento dos aluguéis de propriedades (Airbnb, Booking, etc) em destinos com menos fluxo de pessoas ou bate e volta de carro às cidades mais próximas.
Isso tudo, tem sido estimulado, principalmente, pelo cansaço do confinamento, do home office e das restrições impostas pela quarentena. Então, as localidades com potencial turístico e próximas aos grandes centros precisam, de maneira cuidadosa, aproveitar essa oportunidade. É preciso mudar a maneira de receber esse visitante, observando as medidas necessárias, dando preferência aos espaços abertos, distanciamento social dentro dos espaços visitados, cuidados de higiene nos serviços de alimentação ou de hospedagem e principalmente, informando ao visitante os cuidados que estão sendo tomados para a sua acolhida, pois ao sentir-se seguro, a probabilidade dele retornar ou falar bem da localidade para outras pessoas é infinitamente maior. E assim, o turismo, mesmo que inicialmente, de maneira local vai retomando suas forças e voltando a crescer, só que dessa vez, precisamos fazê-lo de maneira ainda mais planejada e com mais cuidados e atenção a esse consumidor e suas novas demandas.
Quem é Marília Paes: Mestre em Geografia Urbana (UFPE), Especialista em Planejamento e Gestão do Turismo (UPE/FCAP), Bacharel em
Turismo (UFPE). Turismóloga (UFPE), mestre (UFPE) e doutoranda (UFRN) em Turismo, idealizadora da Qualiconsulte onde atua como consultora de hospitalidade e qualidade em serviços.
JS Viagens e Turismo