O Turismo Pós-pandemia: sobre viagens e cenários possíveis por Marília Paes
Hoje Marília fala sobre os planos de quem gosta de viajar e diz que as viagens e o turismo marcam a linha do tempo da história com inúmeros altos e baixos, como tantas outras engrenagens econômicas.
Postado em 02/04/2021 2021 12:00 , Viagens e Turismo. Atualizado em 01/04/2021 21:02
Quem mais gosta de viajar, quem trabalha o ano todo já fazendo planos de para onde vai nas próximas férias ou quem não perde um final de semana para visitar as localidades mais próximas e conhecer outras realidades, já deve ter percebido que muita coisa vai mudar. Ou já mudou.
E com tudo isso, me parece que as viagens e o turismo marcam a linha do tempo da história com inúmeros altos e baixos, como tantas outras engrenagens econômicas.
Novos atores (como os anfitriões do Airbnb, por exemplo) entram neste mercado, antes restrito às agências de viagens tradicionais, as transportadoras e à hotelaria tradicional. E assim, como já falado nessa coluna, as viagens 2.0 surgiram, através de um maior acesso às tecnologias (Web 2.0), dando ao consumidor um maior poder de informação, análise e decisão.
Contudo, alguns países já estão na era da Indústria 4.0 ou a chamada quarta revolução industrial, que está sendo moldada pelo uso das tecnologias para automação e troca de dados – fusão do mundo físico, digital e biológico. Eassim, tentamos imaginar o que pode vir em termos de inovações na área turística também.
Confirmando tudo isso, um artigo publicado em um importante periódico de turismo – o Tourism Management Perspective (da Elsevier), pela autora Marianna Sigala, nos fala de três fatores importantes e que serão imprescindíveis para o bom uso dessas tecnologias emergentes em turismo, que são: conectividade, dados e inteligência.
Desta maneira, teremos muitas novidades pela frente. Inicialmente, não necessariamente através de novos produtos ou serviços, afinal, ainda tínhamos muitas tecnologias já desenvolvidas, porém, subutilizadas como os códigos
QR, realidade aumentada, reconhecimento facial, pagamento por aproximação e até o próprio comércio eletrônico.
Mas, futuramente, teremos sem dúvida, inúmeros novos serviços e produtos que surgirão como uma consequência desse maior acesso às tecnologias e principalmente, a grande disponibilização de informações e dados. Já pensou
que hoje já é possível fazer assinatura de planos de uso de carros e até de moradia através de um aplicativo? Ou chegando em uma localidade, com uma troca de informações e dados, poderíamos ficar sabendo quais os lugares mais cheios e que estão com fila, para que assim, o fluxo de turista possa ser melhor “espalhado”, causando menos saturação aos serviços?
E ainda falando de mudanças, para as viagens, muitos são os novos protocolos adotados; os países que têm lidado melhor com a pandemia já começaram a adotar as chamadas bolhas sociais e consequentemente as bolhas de
viagens, que é o fluxo entre países que possuem os mesmos protocolos de higiene. Ou o uso dos passaportes de vacinação, que mostraria a situação de saúde do passageiro. Sabemos que as gerações mais novas, já chegam com grande acesso às tecnologias e os usuários estão cada vez mais informados, conectados e consequentemente, mais exigentes em relação ao que estão pagando para consumir.
O foco está no poder da informação e no uso que se faz dela, ou seja, de nada adianta ter acesso às tecnologias, conseguir informações dos consumidores e não fazer nada com isso. É preciso garantir que esse maior acesso aos dados irão, de fato, mudar pra melhor a interação das empresas com seus clientes e ainda gerar ações de sustentabilidade, seja econômica, ambiental e principalmente social. Afinal, o uso das tecnologias não pode afastar o Ser Humano da sua qualidade mais importante e que o difere de tantas outras
espécies, que é a racionalidade. Racionalidade para usar informações, lidar com os novos protocolos, acolher e
entender as pessoas e gerar ações positivas e sustentáveis para destinações. E aí? Até que ponto, conseguiremos ser melhores após tudo isso que estamos vivendo?
Quem é Marília Paes: Mestre em Geografia Urbana (UFPE), Especialista em Planejamento e Gestão do Turismo (UPE/FCAP), Bacharel em Turismo (UFPE). Turismóloga (UFPE), mestre (UFPE) e doutoranda (UFRN) em Turismo, idealizadora da Qualiconsulte onde atua como consultora de hospitalidade e qualidade em serviços.