O negócio de beira de estrada e o que se vê na BR 232
O longo caminho para o oeste
Postado em 05/08/2021 2021 16:45 , Agronegócios. Atualizado em 05/08/2021 17:27
Três paradas obrigatórias
Neste longo trecho da BR 232, três locais apresentam algo especial e atrativo ao viajante. O primeiro, ainda em um Agreste que muito se assemelha ao Sertão seco é Encruzilhada de São João, distrito de Bezerros; o segundo é o município de Sanharó, e o terceiro é o distrito de Tenório, em Custódia.
O café da manhã, as bolachas e a pamonha
Durante muito tempo a referência de café da manhã para quem viajava de Recife ao interior do estado era o restaurante Água de Coco, na Encruzilhada de São João. Nele se deliciava uma macaxeira papinha, um cuscuz com seu sabor típico, acompanhado de queijo de coalho, carne de sol, ovos fritos e café com leite. O entreposto foi crescendo, as empresas se dividindo, novas sendo criadas e conta-se no momento com um conjunto de aproximadamente dez restaurantes na ala Sul da estrada. Em frente aos restaurantes multiplicaram-se as barracas especializadas em bolachas caseiras, tipo água e sal, suíça, canela, sete capas, provenientes de fábricas do município de Bezerros. Complementando o comércio, há sempre uma ou duas barracas que também oferecem pamonhas doces e ás vezes salgadas, durante todo tempo.
Os lácteos e a carne de sol
Seguindo-se o percurso Oeste nosso viajante passa Caruaru, São Caetano, Tacaimbó, Belo Jardim, alcançando Sanharó. Aí está o grande comércio de lácteos e carne de sol. São dezenas de lojas e restaurantes que além de um bom prato oferecem o que a região tem de especial: queijo de coalho, queijo de manteiga, manteiga cremosa e de garrafa, carne de sol bovina e suína e vários embutidos. Para quem vem do Sertão, depois de um longo e cansativo percurso dificilmente deixa de dar uma parada para um lanche e trazer as iguarias para sua família e amigos. Boa qualidade e bom preço, além de representar a típica vocação pecuária do Agreste.
O mel e as plantas ornamentais
O agronegócio na beira da estrada
Esses locais são três grandes promotores da cultura regional, de seus produtos, de sua culinária e de alguma forma, guardiães da vegetação. Afinal, é sempre bom lembrar que as abelhas necessitam do néctar que se encontra nas flores e sem a vegetação nativa não há o marmeleiro e outras espécies provedoras de alimentos, cor e atração às abelhas. Vale chamar a atenção para a persistência dos pontos de comércio citados e da importância que representam para os agricultores, pecuaristas, processadores da agroindústria familiar e dos transeuntes que têm a BR 232 como parte de suas ocupações. Sugere-se um melhor apoio ao comércio de beira de estrada, de modo que se possa multiplicar esses sítios e agregar mais valor aos produtos locais. Encruzilhada, Sanharó e Tenório estão dando o exemplo. Que se multiplique.
Quem é Geraldo Eugênio: Engenheiro Agrônomo, com mestrado na Índia e doutorado e pós-doutorado nos na Texas A&M University, Estados Unidos, é ex-pesquisador do IPA e Professor Titular em Agricultura e Biodiversidade na UFRPE – UAST, Serra Talhada, PE. Foi Secretário de agricultura de Pernambuco, Presidente do IPA, do ITEP e Diretor Executivo da Embrapa. Nos últimos anos tem acompanhado de forma direta políticas, tecnologias e iniciativas inovadoras aplicadas à gestão de secas, no Brasil e no exterior. Considera essencial entender melhor o Sertão, visualizando-o como um grande ambiente de negócios e sucesso.