
Liberdade ainda que tardia | por Diedson Alves
O colunista do JS traz provocações e uma profunda reflexão sobre o feriado histórico que a semana em curso apresenta, o dia de Tiradentes, que há 230 anos foi executado pela corte portuguesa abrindo até os dias de hoje várias leituras e interpretações.
Postado em 19/04/2022 2022 20:00 , Educação. Atualizado em 19/04/2022 13:34
Prof. Diedson Alves Mestre em Ciência da Educação
Hoje, DIEDSON ALVES, traz provocações e uma profunda reflexão sobre o feriado histórico que a semana em curso apresenta, o dia de Tiradentes, que há 230 anos foi executado pela corte portuguesa abrindo até os dias de hoje várias leituras e interpretações.
Brasil, uma colônia de exploração, monopolizada por Portugal e tendo demais nações com o mesmo olhar sobre a referida região, um lugar de enriquecimento, fornecedor de matérias-primas e gêneros tropicais um desdobramento da coroa lusitânia a partir do pacto colonial, no qual usurpava, segregava, exterminava, subjugava em todos os aspectos a então Terra de Santa Cruz.
Trago essa abordagem para que possamos compreender a relevância do contexto que deu notoriedade a Tiradentes, não nos cabe aqui trazer um novo julgamento ao herói ou não herói, ao protagonista ou mero “bode expiatório” e sim de um movimento que rompeu o caráter local, regional que questionou o pacto colonial, seja, todo o arcabouço de dominação.
A Inconfidência mineira ainda que elitista, não claramente abolicionista, com algumas contradições abriu um questionamento e uma alternativa inspirada no esteio iluminista tendo com maior referência a Independência dos EUA e trazendo um sonho possível de um país de infinitas possibilidades mas também de contradições.
É certo que a Inconfidência Mineira não chegou ao poder, não teve a oportunidade de colocar em prática suas ideias e suas contradições, mas é evidente que a mesma contribuiu para o enfraquecimento de um julgo secular luso. Suas propostas e sonhos culminaram com várias reações ainda mais consistentes e ousadas como foi o caso da Conjuração Baiana (1798) e a histórica Revolução Pernambucana (1817).
Assim, ao analisar o feriado do dia 21 de Abril é ter a convicção de que, inspirado em Darcy Ribeiro: “Tiradentes não se acabou nem se acaba. Prossegue em nós, latejando. Pelos séculos continuará clamando na carne dos netos de nossos netos, cobrando de cada qual sua dignidade, seu amor à liberdade”.