#movimentovapeOFF chama a atenção para os malefícios do cigarro eletrônico
As indústrias tabagistas investem mais de US$8 bilhões por ano em marketing para promover o uso de cigarros eletrônicos entre jovens, visando iniciar a dependência.
Postado em 31/05/2024 2024 11:29 , Saúde. Atualizado em 31/05/2024 11:29
No Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado hoje, a Fundação do Câncer lançou a iniciativa #movimentovapeOFF, com o objetivo de alertar para o aumento do uso de dispositivos eletrônicos de fumar, como os cigarros eletrônicos ou vapes. De acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a ação da Fundação do Câncer faz parte da campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Proteger as Crianças da Interferência da Indústria do Tabaco, visando evitar que novos fumantes sejam formados. A meta desta campanha é pressionar os governos a cumprirem as medidas estabelecidas na Convenção–Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) e as recomendações do Artigo 13, adotadas na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de 2004 (COP 10), que proíbem a publicidade, promoção e patrocínio do tabaco.
Segundo dados da OMS, as indústrias tabagistas investem acima de US$ 8 bilhões anualmente em estratégias de marketing e propaganda. O objetivo principal, de acordo com o CEO da Fundação do Câncer, o oncologista Luiz Augusto Maltoni, é impactar especialmente os jovens, que são onde se inicia a dependência, buscando promover o uso dos cigarros eletrônicos.
Para comemorar o Dia Mundial sem Tabaco, a fundação optou por lançar o #movimentovapeOFF para passar a mensagem para os jovens que isso é ruim, com conteúdo importante sobre os malefícios que esses dispositivos trazem.
“A ideia do movimento é mobilizar de fato a sociedade, entidades públicas e privadas, para a gente vir juntos nessa causa, com objetivo de oferecer um futuro saudável para os nossos jovens. É por isso que estamos fazendo esse chamado de vir com a gente nesse movimento e se tornar um vapeOFF”, disse Maltoni à Agência Brasil.
De acordo com o médico, há uma falsa ilusão de que o cigarro eletrônico ajuda o fumante a largar o vício. “Isso não acontece. Acaba sendo uma porta de entrada para o vício. A gente já sabe também que quem começa a fumar o cigarro eletrônico tem o dobro de possibilidades de migrar para o cigarro convencional”, alerta.
Maltoni lembrou que não há nenhuma publicação científica que comprove a eficácia da utilização do cigarro eletrônico como instrumento para parar de fumar. “Pelo contrário. Só tem riscos. Há um volume de substâncias tóxicas, de substâncias cancerígenas e, sobretudo, um percentual de nicotina alto, que leva à dependência”.
Com mais de 200 sabores e aromas, de formatos variados, os cigarros eletrônicos enganam os jovens quando, na verdade, provocam catástrofes, como pneumonias graves, queimaduras, explosões, segundo especialistas. “Não tem nada de bom isso”, sustentou Maltoni.
Ele avalia que o grande desafio do movimento é chegar na população que está se formando e é vulnerável à entrada no vício e se transformar em um tabagista. “Acho que o grande desafio do movimento é mobilizar e informar, trazer questões claras”.
Pesquisa do Ministério da Saúde revela que mesmo proibido no país, o cigarro eletrônico já foi experimentado por cerca de 1 milhão de brasileiros, dos quais 70% são jovens na faixa etária de 15 a 24 anos.
Segundo o epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer Alfredo Scaff, “além dos diversos malefícios, há uma prevalência de que crianças e adolescentes que usam vapes têm duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros tradicionais na vida adulta”.
A Fundação do Câncer está formalizando parceria com o braço social da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), visando lançar um desafio universitário que convoque alunos de universidades públicas e privadas de todo o Brasil e professores para desenvolverem projetos que cheguem nos jovens, com a temática do cigarro eletrônico.
“Eles estão nos apoiando a construir um segundo movimento, um segundo desafio universitário para o Brasil todo, que é, justamente, a gente estimular o desenvolvimento de projetos que cheguem nos mais jovens até o nível secundário escolar, que possam sensibilizá-los, utilizando o linguajar dos jovens para que eles entendam que o cigarro eletrônico é tão ruim ou pior que o cigarro convencional”, disse Scaff.
Esse desafio será lançado no próximo ano. O projeto está sendo desenvolvido em conjunto pela Fundação do Câncer e Anup Social, prevendo-se ainda este ano o lançamento do edital. “Acho que é o único caminho: informação qualificada batendo na tecla e, sobretudo, sensibilizar os mais jovens, adolescentes, universitários. Eles podem ser fortes aliados dessa história”.
De acordo com a OMS, há 1,3 bilhão de usuários de tabaco em todo o mundo. O tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano, sendo mais de 7 milhões de fumantes ativos e em torno de 1 milhão de não fumantes passivos. Desse total, 1 milhão óbitos ocorrem nas Américas. A expectativa de vida dos fumantes é, pelo menos, 10 anos mais curta do que a dos não fumantes.
Edição: Fernando Fraga