O milho no Agreste de Pernambuco, resultados promissores
A demanda por milho
Postado em 18/07/2024 2024 18:20 , Agronegócios. Atualizado em 18/07/2024 18:20
O estado de Pernambuco é conhecido por ser um comprador de grãos para atender suas necessidades. Os setores avícolas, de bebidas, em particular as cervejarias; de alimento humano e animal são os principais demandantes de amido e, consequentemente, por grãos desse cereal. A produção estadual não conseguia atender o necessário e ano após ano a diferença entre o que se produz e o que se consome tende a aumentar. Houve uma mudança no fornecimento do milho para a avicultura pernambucana nos últimos anos uma vez que sessenta por cento da produção de milho no estado de Sergipe tem como destino as granjas desse estado, diminuindo significativamente o preço do transporte desta matéria prima das regiões supridoras como o oeste da Bahia e o sul do Piauí.
A alta no preço internacional do milho e da soja durante o período mais árduo de pandemia forçou os industriais e processadores de todo o mundo a procurar opções de produção ou novos mercados fornecedores, este foi o que ocorreu em Pernambuco nas duas vertentes.
A pandemia e a alta no preço dos insumos
Os empresários avançaram com as ações efetivas
Foi assim que os empresários da AVIPE – Associação dos Avicultores de Pernambuco procuram o governo estadual, através da Adagro, da AD Diper, hoje ADEP e da Adagro – Agência de Defesa Sanitária do Estado; o governo federal através do– Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento a construírem um programa denominado Grãos Pernambuco que desencadeou uma busca intensiva por áreas agricultáveis na região do Agreste e do Sertão pernambucano.
Os avanços no Araripe são notáveis o que tem feito uma busca agressiva por terras na região desencadeada pelo interesse de empresários acostumados ao manuseio do Cerrado. Passou-se a contar com híbridos e manejo adequado para as diversas regiões do estado. E, para um estado cujas estatísticas são comprometedoras, ver que se fala em produtividades entre cinco e seis toneladas de grãos por hectare/ano seria algo impensável há pouco tempo. Na semana passada os comentários foram dedicados ao que se testemunha no Agreste alagoano, em particular os municípios à Margem da AL 220, entre os municípios de Arapiraca e Batalha. Hoje trataremos do cenário no Agreste Meridional de Pernambuco.
Os resultados começam a aparecerem
À convite do Reitor da UFAPE – Universidade Federal do Agreste de Pernambuco e acompanhado por dois estudantes da UFRPE-UAST tivemos a oportunidade de visitar algumas áreas cultivadas com milho em Garanhuns, Lagoa do Ouro e Bom Conselho, no Agreste deste estado. Importante se considerar que o estado de Pernambuco tem registrado uma produtividade extremamente baixa. No caso dos produtores visitados, o Sr. Guido, em Lagoa do Ouro, e o Sr. Renato, em Bom Conselho, está com campos para os quais as expectativas de produtividade alcancem 140 sacas por hectare ou o equivalente a 8.400 quilos ou mais de quinze vezes a produtividade estadual.
Nos últimos anos em campos na região do Araripe em municípios de Pernambuco, nos municípios dos estados de Pernambuco e do Ceará, têm alcançado médias de 100 sacas por hectare ou o equivalente a 6.00 quilos. Vale também ressaltar o papel das empresas de assistência técnica, consultoria, fornecedores de insumos e máquinas e equipamentos. Nesta breve expedição se contou com a presença do empresário José Eleandro, diretor da ASSISTECRURAL e da reunião ao final da tarde com o empresário Edival Veras, da EPE, empresas sediadas em Garanhuns, Pernambuco. Não menos importante foi contar com a presença da aluna de Agronomia Liliane Silva e do aluno do mestrado em Produção Vegetal, Mateus Ferreira, ambos da UFRPE-UAST.
O Papel da Academia
O que se vê é o registro dos esforços da iniciativa privada, tal qual tem ocorrido em Sergipe e em Alagoas em mudar a face da agricultura do semiárido. Vale citar que o histórico da fruticultura irrigada no Vale do Rio São Francisco, na região de Mossoró, na na bacia do Jatobá é algo fantástico. Hoje, a base tecnológica da agricultura irrigada no vale do São Francisco é tão moderna quanto qualquer em qualquer região de agricultura irrigada nos mais diversos países.
As instituições acadêmicas podem estar mais empenhadas neste processo. Até o presente é difícil reconhecer mas uma constatação é que o papel dos centros de pesquisa e das escolas ainda tem sido tímido. Considerando os avanços observados nas últimas duas décadas quer seja na biotecnologia, na geotecnia, na robótica, nas engenharias, no controle biológico de pragas e doenças, nos bioinsumos, no comércio, no processamento, a agricultura do semiárido espera um maior engajamento das instituições do Nordeste, conectadas ao ensino, à pesquisa e desenvolvimento e à inovação neste processo.
A visita ao Agreste Meridional, atendendo ao convite do Magnífico Reitor da UFAPE, Prof. Airon Melo é um embrião para um programa cooperativo visando dar respaldo à intensificação da pesquisa com grãos e espécies forrageiras no estado de Pernambuco atendendo à demanda das cadeias produtivas da região, da segurança alimentar e à sustentabilidade de nossa pecuária.
A 24ª. Exposerra
Por último vale registrar que hoje, 18 de julho de 2024, se inicia em Serra Talhada, a vigésima quarta edição dessa feira tão importante para o Sertão pernambucano. Parabéns aos empresários e entidades empresariais do Sertão do Pajeú pela luta permanente em defesa da economia e do desenvolvimento regional.
1Professor Titular da UFRPE-UAST
Serra Talhada, 18 de julho de 2024.