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Pernambuco, 11 de dezembro de 2024

Agronegócios

O milho no Agreste de Pernambuco, resultados promissores

A demanda por milho

Postado em 18/07/2024 2024 18:20 , Agronegócios. Atualizado em 18/07/2024 18:20

Colunista

O estado de Pernambuco é conhecido por ser um comprador de grãos para atender suas necessidades. Os setores avícolas, de bebidas, em particular as cervejarias; de alimento  humano e animal são os principais demandantes de amido e, consequentemente, por grãos desse cereal. A produção estadual não conseguia atender o necessário e ano após ano a diferença entre o que se produz  e o que se consome tende a aumentar. Houve uma mudança no fornecimento do milho para a avicultura pernambucana nos últimos anos uma vez que sessenta por cento da produção de milho no estado de Sergipe tem como destino as granjas desse estado, diminuindo significativamente o preço do transporte desta matéria prima das regiões supridoras como o oeste da Bahia e o sul do Piauí.

A alta no preço internacional do milho e da soja durante o período mais árduo de pandemia forçou os industriais e processadores de todo o mundo a procurar opções de produção ou novos mercados fornecedores, este foi o que ocorreu em Pernambuco nas duas vertentes.

A pandemia e a alta no preço dos insumos

No caso da avicultura, a pandemia maltratou o setor em dois pontos estratégicos. Enquanto o preço das commodities disparava, o preço do frango e dos ovos permanecia inalterado ameaçando um completo redesenho da cadeia produtiva, em especial nas regiões em que a produção dependia do abastecimento de mercados distantes, como era o caso de Pernambuco. As tentativas de obter o milho a preços mais baixos utilizando-se da estratégia do mercado governamental não funcionou e, concomitantemente, com o início da guerra da Ucrânia, ficou clara a elevada dependência da agricultura brasileira aos insumos externos. Algo que vinha sendo camuflado por uma política de comunicação ufanistas que apesar dos percalços ainda insistia em dizer que não haveria risco de abastecimento. Os preços de insumos foram sendo escalonados a cada momento e os empresários do setor se viram obrigados a produzir o possível no menor raio de distância possível.

Os empresários avançaram com as ações efetivas

Foi assim que os empresários da AVIPE – Associação dos Avicultores de Pernambuco procuram o governo estadual, através da Adagro,  da AD Diper, hoje ADEP e da Adagro – Agência de Defesa Sanitária do Estado; o governo federal através do– Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento a construírem um programa denominado Grãos Pernambuco que desencadeou uma busca intensiva por áreas agricultáveis na região do Agreste e do Sertão pernambucano.

Os avanços no Araripe são notáveis o que tem feito uma busca agressiva por terras na região desencadeada pelo interesse de empresários acostumados ao manuseio do Cerrado. Passou-se a contar com híbridos e  manejo adequado para as diversas regiões do estado. E, para um estado cujas estatísticas são comprometedoras, ver que se fala em produtividades entre cinco e seis toneladas de grãos por hectare/ano seria algo impensável há pouco tempo. Na semana passada os comentários foram dedicados ao que se testemunha no Agreste alagoano, em particular os municípios à Margem da AL 220, entre os municípios de Arapiraca e Batalha. Hoje trataremos do cenário no Agreste Meridional de Pernambuco.

 Os resultados começam a aparecerem

À convite do Reitor da UFAPE – Universidade Federal do Agreste de Pernambuco e acompanhado por dois estudantes da UFRPE-UAST tivemos a oportunidade de visitar algumas áreas cultivadas com milho em Garanhuns, Lagoa do Ouro e Bom Conselho, no Agreste deste estado. Importante se considerar que o estado de Pernambuco tem registrado uma produtividade extremamente baixa. No caso dos produtores visitados, o Sr. Guido, em Lagoa do Ouro, e o Sr. Renato, em Bom Conselho, está com campos para os quais as expectativas de produtividade alcancem 140 sacas por hectare ou o equivalente a 8.400 quilos ou mais de quinze vezes a produtividade estadual.

Nos últimos anos em campos na região do Araripe em municípios de Pernambuco, nos municípios dos estados de Pernambuco e do Ceará, têm alcançado médias de 100 sacas por hectare ou o equivalente a 6.00 quilos. Vale também ressaltar o papel das empresas de assistência técnica, consultoria, fornecedores de insumos e máquinas e equipamentos. Nesta breve expedição se contou com a presença do empresário José Eleandro, diretor da ASSISTECRURAL  e da reunião ao final da tarde com o empresário Edival Veras, da EPE, empresas sediadas em Garanhuns, Pernambuco. Não menos importante foi contar com a presença da aluna de Agronomia Liliane Silva e do aluno do mestrado em Produção Vegetal, Mateus Ferreira, ambos da UFRPE-UAST.

O Papel da Academia

O que se vê é o registro dos esforços da iniciativa privada, tal qual tem ocorrido em Sergipe e em Alagoas em mudar a face da agricultura do semiárido. Vale citar que o histórico da fruticultura irrigada no Vale do Rio São Francisco, na região de Mossoró, na na bacia do Jatobá é algo fantástico. Hoje, a base tecnológica da agricultura irrigada no vale do São Francisco é tão moderna quanto qualquer em qualquer região de agricultura irrigada nos mais diversos países.

As instituições acadêmicas podem estar mais empenhadas neste processo. Até o presente é difícil reconhecer mas uma constatação é que o papel dos centros de pesquisa e das escolas ainda tem sido tímido. Considerando os avanços observados nas últimas duas décadas quer seja na biotecnologia, na geotecnia, na robótica, nas engenharias, no controle biológico de pragas e doenças, nos bioinsumos, no comércio, no processamento, a agricultura do semiárido espera um maior engajamento das instituições do Nordeste, conectadas ao ensino, à pesquisa e desenvolvimento e à inovação neste processo.

A visita ao Agreste Meridional, atendendo ao convite do Magnífico Reitor da UFAPE, Prof. Airon Melo é um embrião para um programa cooperativo visando dar respaldo à intensificação da pesquisa com grãos e espécies forrageiras no estado de Pernambuco atendendo à demanda das cadeias produtivas da região, da segurança alimentar e à sustentabilidade de nossa pecuária.

A 24ª. Exposerra

Por último vale registrar que hoje, 18 de julho de 2024, se inicia em Serra Talhada, a vigésima quarta edição dessa feira tão importante para o Sertão pernambucano. Parabéns aos empresários e entidades empresariais do Sertão do Pajeú pela luta permanente em defesa da economia e do desenvolvimento regional.

1Professor Titular da UFRPE-UAST

Serra Talhada, 18 de julho de 2024.