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Pernambuco, 11 de setembro de 2024

Agronegócios

O que temos a aprender com o Espírito Santo

Um estado lindo mas desconhecido por nós pernambucanos

Postado em 15/08/2024 2024 15:05 , Agronegócios. Atualizado em 15/08/2024 15:05

Colunista

Há de se reconhecer que são poucos os pernambucanos que conhecem o estado do Espírito Santo. Até poucos anos atrás para chegar a Vitória alguém teria que peregrinar via Confins, Rio de Janeiro, Brasília ou São Paulo. Em 2019 a companhia aérea Azul resolveu colocar um voo direto o que veio facilitar a vida de todos. Chega a pandemia esta opção deixa de existir, voltando ao tempo em que ao invés de duas horas, alguém teria que se preparar para permanecer seis ou mais horas nos aeroportos. A situação se normalizou e mais uma vez em relativamente pouco tempo alguém se desloca de Recife à Vitória e vice-versa.    

Enquanto Pernambuco é estreito entre seu norte e sul e largo na direção Leste-Oeste, o Espírito Santo é comprido de norte a sul e estreito entre o Leste e Oeste. Aqui temos três reuniões conhecidas por todos, a Zona da Mata, o Agreste e o Sertão. Algo que em se avaliando de outro ângulo é a região úmida e a semiárida. Regiões de maior altitude são destaques: Garanhuns, Triunfo e a Chapada do Araripe, as mais conhecidas. Ao se deslocar entre Recife e Araripina a altitude cresce do nível do mar a um mil metros de altitude na parte mais alta da chapada. Mas isto se dá em aproximadamente 730 quilômetros.

No Espírito Santo a situação é peculiar. Do litoral à região serrana, dependendo do local não se desloca mais do que trinta quilômetros na direção oeste para se encontrar a região montanhosa. O contraste é impressionante e seguindo a BR 262, de  Vitória a Venda Nova do Imigrante, passando pela vila de Pedra Azul é um verdadeiro prazer. Estrada sinuosa, mas que conta com algo distinto, pontos de apoio e restaurantes oferecendo dezenas de marcas de café arábica produzidas e processadas localmente, a culinária de descendência italiana, alemã ou pomerana , além de paradas agradáveis, com estacionamento amplo e banheiros limpos. Isto já faz uma grande diferença.

No caso de nosso Pernambuco, já citado em alguma coluna anterior, há de se reconhecer a visão de alguns empresários que mudaram a face dos postos de abastecimento, normalmente locais pouco agradáveis, com restaurantes precários e banheiros sofríveis. Os exemplos do posto Cruzeiro, em Arcoverde, seguindo-se do posto do Sertão em Custódia e o amplo e espaçado posto de Tacaimbó mudaram completamente o aspecto de conforto para quem transita pela BR 232. Em uma ocasião, ao parar em Custódia, deparei-me com um senhor da região que se encontrava há algum tempo no Centro-Sul comentando que o banheiro daquele local era mais limpo do que o do aeroporto. Não sei qual aeroporto ele se referia. Provavelmente o de Recife.

A recíproca também é verdadeira. O cidadão capixaba tem uma ideia distante do que é Pernambuco, de sua riqueza cultural, de ambientes que transitam do litoral ao grande sertão passando por cidades e vilas ricas em história e poder conhecer o que é a dinâmica econômica de uma região como o Agreste e Sertão não apenas de Pernambuco, mas do Nordeste, neste momento. Aqueles que têm tido a oportunidade de visitar o outro estado tem se sentido bem e confortável com o que tem vivenciado.

Políticas públicas invejáveis. Lá e aqui

Há muito o que aprender. Algumas instituições têm enviado técnicos e gestores para conhecer a dinâmica da economia local , em particular no que se refere à cadeia produtiva do Café, o que considero uma ótima oportunidade. O Espírito Santo e o estado de Minas Gerais têm muito o que nos ensinar em termos de turismo rural. Os mineiros, por exemplo, insistem em cada dia fabricarem queijos melhores e mais gostosos.

Pode-se considerar que um aprendizado com os irmãos capixabas será de grande valia para nosso estado no que se refere à valorização do turismo do interior e da busca incessante por opções de lazer, seja o voo livre em suas inúmeras serras ou o clima montanhoso em si.

Uma outra iniciativa adotada pelo Espírito Santo desde há algum tempo é o de investir na pavimentação das estradas vicinais e rurais. Sendo uma unidade da federação relativamente pequena, facilitar o deslocamento das pessoas e da produção faz uma diferença invejável. Esta poderia ser uma outra política a ser mais bem conhecida e adaptada à Pernambuco e seus municípios, na medida do possível.

Há espaço para cooperação, vide o exemplo da FACEPE e FAPES

Sinais de cooperação têm se mantido de modo positivo. Um deles é a relação entre as Fundações de Amparo à Pesquisa e à Inovação. Desde 2018 a FAPES, diga-se de passagem uma das entidades de fomento ao desenvolvimento científico mais criativas tem trabalhado junto com a FACEPE de forma que pesquisadores e profissionais dos dois estados interajam, auxiliem na análise de propostas e relatórios e colaborem na formulação de políticas regionais, no que se deve agradecer a visão dos ex dirigentes Abraham Sicsu, Anilton Salles Garcia e José Buffon  por iniciarem este diálogo. Pode-se avançar em outras frentes, a exemplo dos editais negociados com a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo visando extrair do INCAPER, o homônimo do IPA, o melhor que este instituto pode oferecer, o que não é pouco. Uma outra situação que salta aos olhos é ver a dinâmica dos campi do Instituto Federal do Espírito Santo com projetos inovadores, diretamente conectados à realidade local e com uma elevada taxa de resultados aplicados. São poucos os estados em que estes novos grupos têm tido tanto destaque, o que é algo extremamente positivo para a economia estadual.

O que vale para o Espírito Santo vale também para outros estados. Neste sentido que se reconheça os avanços obtidos pelo Consórcio Nordeste, colegiado em que todos os governadores do Nordeste têm participado de modo efetivo, com resultados visíveis, a exemplo do que foi a resposta à pandemia.

1Professor Titular da UFRPE-UAST