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Pernambuco, 12 de setembro de 2024

Agronegócios

O Campus da UFRPE de Serra Talhada entra na maioridade

A Fazenda Saco, um ambiente de inovação

Postado em 23/08/2024 2024 16:24 , Agronegócios. Atualizado em 23/08/2024 16:54

Colunista

Na entrada da Fazenda Saco, que por décadas sedia a Estação Experimental do IPA e representou um dos principais centros de pesquisa e inovação para a cultura do algodão, quando, por sua importância econômica era conhecida pelos produtores do Agreste e do Sertão como ´rasga-letra´ ou ouro-branco foi instalado há dezoito anos um Campus da UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Esta estação experimental teve seu  auge quando o algodão do tipo Mocó era o principal produto do agronegócio do Nordeste. O apogeu da economia rural do semiárido seco, baseado no algodão e no gado, se estendeu por aproximadamente um século. Da Guerra da Secessão ao declínio da cultura e da ocorrência do bicudo, um inseto devastador para a cultura do algodão.

A Estação do IPA, estabelecida como uma fazenda da Secretaria de Agricultura de Pernambuco, pelo governador Agamenon Magalhães, foi conhecida nacionalmente como um dos principais centros de pesquisa em agricultura, pecuária e aquicultura por cinco décadas. Problemas que vão da gestão institucional ao pouco caso de governos estaduais pela agricultura e  pecuária de Pernambuco têm sacrificado a instituição e, atualmente, a situação é preocupante uma vez que a tendência é o desaparecimento da instituição, como ocorreu em vários outros estados do país. A galeria de fotos da Estação trás momentos de vida e exuberância, quando a seleção da Rainha do Algodão era uma das mais importantes festas de todo o Sertão e quando a ocorrência de dias de campo contava com a presença de governadores e seus auxiliares. Vamos trabalhar e auxiliar no que for possível para voltarmos a ter um instituto que abrange a pesquisa, a extensão e até as pequenas obras hídricas no formato e porte que demanda o meio rural do estado.

A presença da UFRPE no Sertão

A Universidade Federal Rural de Pernambuco foi pioneira ao se deslocar para o interior do estado, em 1990, ocupando uma área inicial de cinco hectares para o Centro de Treinamento em Pequena Irrigação em Serra Talha Vale rememorar um fato curioso. Nesta mesma escola, em 1974, havia literalmente cassado um Reitor, o Professor Adierson Azevedo, por ousar sugerir que o Campus de Recife se transferisse para Garanhuns. Os tempos mudaram e hoje a UFRPE é uma escola com raízes em todas as regiões do estado, destacando-se dois campi dedicados às engenharias, um no Cabo de Santo Agostinho, a UACSA e um em Belo Jardim, a UABJ. O Campus de Serra Talhada, a UAST que simboliza mais do que tudo o compromisso com o Semiárido e como aceleradora do processo de desenvolvimento do Sertão. Ainda consta de um conjunto de estações experimentais ou estação de pesquisa ou de atendimento veterinário entre Parnamirim e Tamandaré.

No caso específico de Serra Talhada não se pode falar na UAST sem se ao apoio do  Reitor, Professor João Batista e o Pró-reitor de pesquisa, Prof. Romero Marinho de Moura, estratégicos na instalação desse centro em pleno  Pajeú.

O que se espera desta jovem?

O dia de hoje é importante. Comemorar a maioridade é motivo de regozijo para toda comunidade acadêmica e para a sociedade local. A vinda de uma universidade pública para o interior do estado foi parte de um esforço notável de dotar o interior do Brasil de escolas capazes de atender as demandas dos jovens, do setor educacional, do comércio, da saúde e dos serviços em geral. Provavelmente foi a mais marcante iniciativa do primeiro mandato do Presidente Lula e aquela que se pode

Ao se observar as estatísticas que mostram a melhoria na qualidade de ensino fundamental e básico no interior, destacando-se disciplinas como português e química, facilmente se identifica a digital da UFRPE-UAST. O mesmo que pode ser visto em relação à qualidade dos serviços de informação, atendimento ao produtor, gestão de pessoas, gerência comercial de centenas de empreendimentos em que egressos são colaboradores. Dezenas de novas empresas foram abertas e centenas de profissionais têm se dedicado à áreas como consultoria, ensino e assistência técnica.

Há um segundo pilar que merece ser visto com melhor atenção, o desenvolvimento regional. Não há justificativa para a presença de uma universidade no Sertão do Araripe, Sertão Central ou Sertão de Itaparica sem que tenha entre suas responsabilidades o desenvolvimento local sustentável. A agenda de colaboração entre a escola e as empresas locais deve ser cultivada com a melhor atenção, além da capacidade de se incutir na juventude a coragem, a ousadia e a liderança para que possam empreender e não depender exclusivamente da expectativa de um emprego público.

A razão entre o número de egressos do ensino médio e superior e o de posições disponíveis no mercado público cresce a cada dia e se percebe claramente a necessidade de se contar com outras opções ocupacionais para os jovens que concluem, a cada semestre, dezenas de cursos.

Desde algum tempo tem se proposto que um programa que se denominaria Primeira Empresa seria de bom grado. Promover a instalação de empresas entre alguns sócios investindo-se em um sistema de bolsas e custeio nos primeiros dois anos de existência é um processo de aceleração do crescimento que não se rivaliza a nenhum outro.

Os avanços foram reais e destacados, agora resta aproveitar o que de melhor se tem, uma juventude de professores e alunos qualificados e aptos a darem uma contribuição ao país.

1Professor Titular da UFRPE-UAST