
A lavanda no Agreste, uma opção nova e interessante
Garanhuns que se refaz
Postado em 18/09/2024 2024 12:00 , Agronegócios. Atualizado em 18/09/2024 12:52
Garanhuns que se refaz
O Agreste Meridional de Pernambuco tem em Garanhuns sua cidade polo. Uma localidade que teve seu início no século XVII e que ao longo dos próximos séculos foi se consolidando como centro de comércio e educação para toda a região e para o estado de Alagoas. A cidade conta com educandários centenários e que com Pesqueira e Triunfo constituía-se no destino para a formação da elite sertaneja.
Com seu clima agradável na maior parte do ano, era a opção para as férias de julho e da lua-de-mel para boa parte dos casais do interior do estado. Passou por um momento um tanto pacato até que o investimento em turismo despertou a atenção para a temporada de frio que habilmente se associou à cena cultural, tornando um município a cada dia mais procurado. Uma outra iniciativa meritória foi o investimento que tem sido feito na festa natalina. Com certeza, o local de Pernambuco em que este período é tratado como tal é único. Não é à toa que a ocupação das pousadas e hotéis da cidade permanece completa durante todo o mês de dezembro.
A presença do turista
O turismo tem seus prós e seus contras, depende de como for encarado e trabalhado. No caso de Garanhuns tem sido extremamente saudável do ponto de vista econômico, cultural, oferecendo um leque de opções na hotelaria e dezenas de bons restaurantes. Ali o visitante se delicia desde a culinária regional, como uma excelente carne-de-sol, o queijo de coalho, o de manteiga, também conhecido como requeijão ou os pratos típicos da cozinha de outras regiões como os frutos do mar e um bom bacalhau.
A presença do turista cria uma demanda por bons serviços e com isto forma-se uma cadeia virtuosa de aprendizado. Todos passam a se esforçarem para melhor atender o hóspede e aqueles que chegam para um final de semana ou para uma temporada um pouco maior. Com isto a população incorpora novos hábitos, passa a se vestir de forma mais elegante e cria um ambiente atrativo. Este é um aspecto que pode ser extrapolado para uma grande parte de municípios do Nordeste e que até o presente não foram instados a despertar para tal, sem falar do potencial de geração de renda, uma renda que é democraticamente distribuída entre milhares de atores.
O clima, o vinho, os lácteos, o comércio e o festival de inverno
A temperatura amena, o ar agradável e limpo constituía-se no principal atrativo para o turismo de repouso ou médico, uma vez que durante muito tempo o local para se curar de doenças respiratórias e pulmonares era nosso Garanhuns. Uma segunda grife era o leite e seus derivados. Cachoeirinha, outra cidade do Agreste Meridional, é conhecida como a bolsa de valores do queijo de coalho, pelo volume comercializado semanalmente em sua feira e pela capacidade de distribuição do queijo por várias regiões do país. O comércio, ainda hoje, é ponto de convergência das cidades agrestinas que estão fora da órbita de Caruaru, de um lado, e de Arapiraca, em Alagoas, do outro. Há cerca de uma década foi iniciada uma experiência inovadora, a produção de vinhos na região. A vinícola Vale das Colinas se tornou um dos pontos atrativos no Agreste de Pernambuco e ano após ano se aprimora na produção de vinhos tintos, em particular. Seguindo a tendência mundial das áreas vitivinícolas, seja no Chile, Argentina, França, África do Sul ou Austrália a bodega passou a ser um santuário para os degustadores e amantes do vinho, oferecendo hospedagem, visitas guiadas, loja de souvenirs e alimentação.
Talvez o período mais expressivo para o calendário turístico seja o Festival de Inverno. A ele, conforme mencionado, se juntou uma rica agenda cultural fazendo com que anualmente de forma que anualmente a região conte com os principais astros brasileiro do rock, do forró e da música clássica.
Divulgação
Produção de lavanda uma nova opção agrícola
Há algumas semanas havia comentado sobre o crescimento da produção de milho entre Garanhuns e Bom Conselho. Voltando a destacar o trabalho da Associação de Avicultura de Pernambuco e seus associados, destacando-se empresários como Josimar Florêncio, Juliano Malta, entre outros o que levou a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco e a UFRPE-UAST – Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Serra Talhada a tomarem a construírem uma agenda de trabalho conjunta em apoio à atividade. A partir da coluna sobre o milho, o Prof. Romilson Cabral nos alertou sobre um programa novo que está sendo posto em prática em Garanhuns, sob a liderança do Prof. Gustavo Duda que trata da produção de lavanda no Agreste Meridional.
Conforme muito bem posto no site Amar Amara (amaramara.com.br) administrado pelo Prof. Duda, a lavanda, planta utilizada na farmacologia, perfumaria no paisagismo tem origem no Irã de onde foi levada à Europa. Na França tendo a região de Provence como referência e, aqui no Brasil, algumas cidades do Sul-Sudeste e, no momento, em Garanhuns.
Tal qual as espécies condimentares, a lavanda, apesar de sua rusticidade chegando a ser considerada uma espécie xerófita merece uma atenção contínua, umas as flores lilases e de um odor agradável devem ser colhidas diariamente. O fato é que, tal como a vinícola, que no início era uma tentativa que se tornou realidade, espera-se que as pesquisas com a lavanda prosperem, os mais adequados sistemas de cultivos sejam adaptados e desenvolvidos e que, mais importante, que logo mais se possa contar com empresas processadoras sejam atraídas para o Agreste de Pernambuco. Espera-se, na próxima visita ao Retor Airon Melo, quando avançaremos na agenda de pesquisa agrícola , se possa conhecer as atividades com a lavanda e outras espécies aromáticas lideradas pelo Prof. Gustavo Duda e colegas da UFAPE.
1Professor Titular da UFRPE-UAST