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Pernambuco, 12 de fevereiro de 2025

Agronegócios

IPA Comemora 89 Anos Sob a Liderança de Ellen Viégas, a Segunda Mulher a Presidir a Instituição

O Jornal do Sertão entrevistou Ellen Viégas, agrônoma e professora universitária, que se destaca como a segunda mulher a liderar o Instituto Agrônomo de Pernambuco. Com um perfil técnico e uma visão inovadora, Ellen compartilha suas metas para o futuro da instituição

Postado em 20/09/2024 2024 10:25 , Agronegócios. Atualizado em 20/09/2024 21:11

Divulgação

JS: Qual é a estratégia de fortalecimento do IPA, uma instituição essencial para a agricultura de Pernambuco?

Ellen: A estratégia de fortalecimento do IPA é investimento e gestão. Investimento nas ações de ensino, pesquisa, extensão e recursos hídricos, para que possamos levar a assistência técnica e os resultados das nossas pesquisas diretamente aos produtores, e gerir todo esse cenário da melhor forma possível, para que os nossos extensionistas e pesquisadores consigam desenvolver um produto de qualidade que chegue até a ponta.

JS: Quais tecnologias a senhora considera como o maior impacto econômico e social desenvolvido pelo IPA ao longo dos anos?

Ellen: As maiores tecnologias do IPA, eu poderia elencar as ações de melhoramento genético vegetal ou animal, porque, por meio delas, é possível ter uma maior adaptabilidade desse recurso, seja vegetal ou animal, para chegar ao produtor de uma maneira sustentável e com alta produtividade. São os melhoramentos genéticos, pois temos melhoramento genético em palma forrageira, em sementes e em algumas leguminosas, que são produtos que conseguem chegar de maneira acessível aos nossos produtores e que são resistentes às nossas condições climáticas, adaptadas a ambientes que, às vezes, são até hostis, devido ao pouco acesso à água e à grande variação térmica.

JS: Qual é o número de cursos de nível superior na área de ciências agrárias, no Agreste e Sertão? Quando o IPA abrirá um concurso para atualizar seu quadro de servidores?

Ellen: Nós já estamos trabalhando internamente, dialogando com os diversos órgãos do governo, para reforçar nossa mão de obra no IPA. A construção de um concurso público leva de nove a doze meses. É impossível ter uma construção de concurso público em uma instituição que trabalha com pesquisa e assistência técnica em menos tempo, porque envolve recurso orçamentário, gestão de folha de pagamento e demandas, tanto internas quanto externas. As externas se referem aos trabalhadores, aos profissionais que vão a campo. Portanto, não podemos afirmar uma data, mas o que podemos garantir é que, dentro da dinâmica de governo e da presidência do IPA, já há diálogo para construirmos um reforço de mão de obra. A princípio, algo mais próximo, com contratações em breve, e, em paralelo, estamos construindo a proposta do segundo concurso para o IPA, já que, ao longo desses 89 anos, o IPA só teve um concurso, que foi há 18 anos.

JS: Quais são as perspectivas da agropecuária pernambucana nas próximas décadas? Há tendência de crescimento?

Ellen: Com certeza. Mesmo com todo esse período de pandemia e todas as crises internacionais, a área agropecuária costuma ter menos impacto, porque está diretamente ligada ao consumo alimentar da população brasileira. Você pode passar um ano inteiro sem comprar uma roupa, mas todos os dias precisa comprar, pelo menos, ovos, arroz, farinha e feijão. Portanto, é um ramo que está em constante movimento e evidência. Acredito que a área agropecuária só tende a crescer e evoluir, e o nosso trabalho constante, enquanto Instituto Agronômico de Pernambuco, é garantir que nossos agricultores familiares consigam participar desse crescimento e façam parte dessa velocidade constante de evolução.

O IPA

Com 12 Estações Experimentais e escritórios regionais em todos os municípios, incluindo Fernando de Noronha, o IPA atua em três eixos principais: extensão rural, infraestrutura hídrica, e pesquisa e desenvolvimento.

Ao longo de sua trajetória, o IPA tem promovido avanços significativos no melhoramento genético de diversas culturas, como feijão, milho, sorgo, além de tomate e cebola. A Estação Itapirema destaca-se pela biofábrica de plantas, que produz mudas in vitro de alta qualidade, como banana, abacaxi e palma forrageira.

No segmento animal, o IPA mantém rebanhos importantes, como o Guzerá em Serra Talhada e o gado holandês em São Bento do Una, este último, crucial para a pecuária leiteira na região. Recentemente, a Estação de São Bento foi certificada pelo 15º ano consecutivo como livre de tuberculose e brucelose, um marco significativo para a saúde animal no estado. Além disso, a primeira Central de Sêmen bovino de Pernambuco foi implantada, facilitando a difusão de material genético adaptado às condições locais.

Com um compromisso em pesquisa, a Estação Belém do São Francisco é referência em desenvolvimento genético de cebolas, tomates e feijão, enquanto Sertânia foca na criação de caprinos e ovinos, promovendo também pesquisas sobre palma forrageira. Em Caruaru, o desenvolvimento de palma forrageira se destaca como essencial para a alimentação animal no semiárido.

Além de suas atividades de pesquisa, o IPA oferece assistência técnica aos agricultores, abordando fruticultura, hortaliças e forrageiras. O instituto possui um parque tecnológico em Recife, com 16 laboratórios que prestam serviços de análises de solo, água e plantas.

Sertão Vivo

Em um olhar para o futuro, o IPA está implementando o Projeto Pernambuco Agroecológico, que contará com um investimento de US$ 62 milhões, e o Projeto Sertão Vivo, visando reduzir os impactos das mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar na região semiárida.

Com a perspectiva de reintrodução da cultura do algodão, extinta por pragas, em parceria com a Embrapa Algodão, o IPA se mantém na vanguarda das iniciativas que buscam fortalecer a agropecuária pernambucana, reafirmando seu papel como um pilar na pesquisa e assistência técnica aos produtores rurais.