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Pernambuco, 11 de fevereiro de 2025

Agronegócios

A engenharia, a agronomia, as geociências e suas representações

Será necessário participar? Mais uma fonte de despesas

Postado em 10/10/2024 2024 09:20 , Agronegócios. Atualizado em 11/10/2024 09:14

Durante esta semana ocorre em Salvador, Bahia, a 79ª Semana Oficial de Engenharia, Agronomia e Geociências, a SOEA 2024. Um evento que congrega profissionais de todas as unidades da federação, representantes de entidades de classe, caixa de previdência, empresas privadas, academia, instituições governamentais e todo um conjunto de entidades que falam pelas profissões em referência.

A semana de trabalho se divide em temas atuais de caráter estratégico, tais como transição energética, inteligência artificial aplicada, mobilidade urbana, agricultura sustentável e dezenas de mesas redondas sobre questões legais, tributárias, de gestão, de formação profissional e como não poderia deixar de ser sobre o futuro das profissões. Não é um congresso técnico mas um evento em que o maior ativo são os encontros pessoais, as rodadas de conversa, os cafezinhos, a exemplo da barraca do Espírito Santo, que oferece o que existe de melhor; da cocada tradicional de Alagoas, das controladas doses de cachaça no stand do Pará, Pernambuco, Ceará e vários outros estados; do orgulho gaúcho em mostrar  suas bombachas, lenços, chapéus e punhais.

Em resumo se trata de um exercício de congregação, união, troca de conhecimentos e experiências, atualização e aprendizado. Não é à toa que a ´Semana` se encontra em sua septuagésima nona edição.

O Confea/Crea-PE

Mas quem está por trás deste evento contendo centenas de profissionais e familiares? Os dois principais patrocinadores são o sistema CONFEA/CREA e a Mútua. O principal fator que faz deste encontro anual tão importante é a certeza de que o profissional necessita de se manter em constante aprendizado. É perceber que as tecnologias que estarão presentes hoje em cinco anos, estarão ultrapassadas. Os mecanismos de aprendizado, ensino, monitoramento, supervisão de obras e projetos sejam de que espécie forem serão atualizados e em pouco espaço de tempo alguém pode ficar fora do mercado de trabalho.

Há um equívoco entre a maioria de nós que fazemos as Engenharias, a Agronomia e as Geociências em não informar aos jovens estudantes que pertencer ao sistema CONFEA-CREA é  essencial. Logo mais eles exercerão a atividade profissional e para qualquer projeto que elaborem, liderem ou acompanhem uma condição indispensável é fazerem parte de seu Conselho Regional de classe. Para alguns profissionais, em particular aqueles que estão diretamente ligados ao serviço público, que não vêm assim. Na maioria dos estados e Pernambuco não é uma exceção, por incrível que pareça, há uma cultura entre engenheiros, professores, pesquisadores e analistas que não é necessário manter o vínculo com sua representação profissional. Isto é enganoso e transmite uma mensagem de que o sistema CONFEA-CREA (confea.org.br, creape.org.br) não passa de algo burocrático e cartorial e que, como muitas vezes se ouve, é mais uma despesa.

São os diversos comitês, grupos de trabalho, fóruns associados ao CONFEA que acompanharão a legislação em vigor e aquela que tramita no Congresso em defesa de sua profissão e nos riscos que elas estão correndo permanentemente.

A CONFAEAB

Vamos ao caso específico da CONFAEAB – Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (confaeab.com). Estatutariamente um ente de caráter privado mas com relação direta com o CONFEA e consequentemente com os CREAs regionais. Esta é uma entidade sem fins lucrativos e sem financiamento direto de recursos públicos que neste momento lidera três movimentos estratégicos em prol da Engenharia Agronômica: 1. A defesa de uma política nacional de conservação dos solos. A entidade trabalhou de forma esmerada uma proposta de lei que se encontra em avaliação na Câmara dos Deputados que pode ser um marco na história da agricultura nacional; 2. O Fórum anual de coordenadores de cursos de Agronomia. Apesar do número de participantes ser ainda pequeno, se faz essencial que cada coordenador de curso saiba que além das obrigações rotineiras que lhes tomam a maior parte do tempo, ter a real dimensão da profissão no cenário nacional, das grades curriculares, das novas tendências de ensino, da incorporação de novas disciplinas, da relação entre Agronomia e as demais engenharias é algo que torna o curso diferenciado e a probabilidade de sucesso de seus discentes elevada a outra escala; 3. O grupo de trabalho que se debruça sobre um problema crônico, a evasão nos cursos de Agronomia. Em algumas regiões este problema é menor, entretanto em outros casos é algo preocupante e a CONFAEAB se dispôs a entender, conhecer e criar políticas que mitiguem esta situação.

Na realidade, na opinião de um professor de Agronomia em um campus de uma universidade federal, a UFRPE-UAST, no Sertão de Pernambuco, os desafios dos cursos são três. Inicia-se pela atração de jovens interessados na Agronomia. É inexplicável que em uma região que tem como principal atividade econômica a agropecuária, os cursos de Agronomia e correlatos não contem com suas turmas iniciais completas. A segunda, trata-se da retenção dos estudantes. Aí incluindo o entendimento sobre a evasão tratada no parágrafo anterior. O que faz com que um ou uma estudante deixe o ambiente universitário e parta para o mercado de trabalho antecipado. A pandemia causou um afastamento significativos de jovens que pouco a pouco está sendo resolvido mas até onde podemos tornar o curso atrativo do ponto de vista de ensino, de perspectiva econômica, afinal a maior fração de engenheiras e engenheiros agrônomos não serão parte do aparato público e de como conviver com jovens que chegam à universidade em débito com a formação média, muito embora quase todos sejam os eleitos de uma árdua caminhada entre a dificuldade e a luz ao fim do túnel. Por último, tratemos dos egressos. A relação de um jovem com sua escola não se finda ao concluir os cursos. Ela deve ser cultivada durante toda a vida. Neste aspecto os colegas americanos nos ensinam uma lição maravilhosa. A escola em que você concluiu sua graduação é a Alma Mater e com ela os profissionais conviverão toda a vida. Se orgulham de voltar à casa, de ver seus filhos e netos cursarem essas instituições e, quando prosperam, o que se espera de todos, não esquecem das doações muitas vezes em forma de fortunas que deixam para programas definidos de bolsas, infraestrutura, fundos de suas universidades.

Aqui entra a conexão Universidade-CONFEA/CREA-COFAEAB-Associações profissionais. No caso de Pernambuco, hoje a única associação que representa os interesses da Agronomia é a ASSEA (assea.com.br), com sede em Petrolina e com um expressivo portfólio de trabalho em apoio às profissões a ela vinculadas.

A Mútua

O mais importante vem agora. O fato do profissional ser parte do sistema CONFEA-CREA o habilita a participar da Caixa de Assistência do sistema, a Mútua (mutua.com.br). Esta entidade é o amigo que estará ao seu lado nos momentos difíceis. Ela apresenta um leque de benefícios aos associados que a qualificam entre as melhores do país. Profissionais das engenharias, da agronomia e das geociências não se isolem, participem e apoiem seus órgãos representativos, consultem as páginas do CREA-PE, da CONFEAB, da Mútua. Vocês verão a importância de se conviver em comunidade. Esta dica é muito relevante para todos os profissionais do semiárido, daqueles que já se encontram no mercado de trabalho e para os que estão ingressando. O país precisa de vocês, mas sem nosso esforço nem sempre a importância das nossas profissões será devidamente reconhecida.

Fico devendo, por questão de espaço, uma apresentação do nosso Clube de Engenharia de Pernambuco. Farei em um próximo momento.

        

1Professor Titular da UFRPE-UAST