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Pernambuco, 07 de novembro de 2024

Agronegócios

Infraestrutura em logística e valor dos imóveis

Primeiro a recuperação e ampliação da malha rodoviária, seguindo-se dos demais modais

Postado em 17/10/2024 2024 20:52 , Agronegócios. Atualizado em 17/10/2024 20:52

Colunista

 

Não há mínima chance de acelerar o desenvolvimento do interior do Nordeste sem um investimento massivo em infraestrutura logística. Hoje, os novos pólos de riqueza no oeste da Bahia, Sul do Piauí, e Sul do Maranhão mostram  que além de não ser um movimento efêmero, apresenta uma capacidade de atração de investimentos e em consequência a dinamização das franjas do Cerrado nos estados citados.

A produção de grãos e gado até o presente são as forças estratégicas desse desenvolvimento e não é a toda que Luiz Eduardo e Barreiras na Bahia; Bom Jesus e Uruçuí, no Piauí e Balsas no Maranhão entraram definitivamente na rota dos grandes investimentos.

Em se podendo contar com a produção de matéria prima regional, cadeias derivadas como a de frigoríficos, destilarias de etanol, formuladoras de fertilizantes, distribuidoras de insumos, trades e transporte rodoviário, no primeiro momento, passam a ser segmentos diretamente afetados de modo positivo.

Hoje não se pode falar na avicultura cearense sem que se tenha em mente o milho e soja do Piauí ou em se tratando das empresas de farinhas para alimento humano e animal sem que não estejam atentas ao que ocorre nas áreas em referência além do estado de Sergipe, como exemplo virtuoso no Nordeste Oriental.

Neste universo não há dúvida que a questão número um é a recuperação e ampliação da malha viária existente. Entre estas a manutenção ou duplicação da BR 101, BR 104, BR 116, no eixo Norte Sul e a BR 232, BR 316, BR 426 no eixo Leste Oeste, tendo como absoluta prioridade a BR 232 até Salgueiro e a duplicação posterior dos trechos rodoviários entre Salgueiro e Petrolina e Salgueiro Araripina.

Importante chamar a atenção para o Arco Metropolitano, sob a responsabilidade da administração estadual. Uma obra da qual se fala há mais de vinte anos mas sequer o traçado conseguiu ser definido.

Alguns estados saem a frente

Enquanto isso, em pouco menos de dois anos a BR 116, no trecho de Fortaleza à Salgueiro está sendo totalmente recuperada, seguindo-se para Feira de Santana e o Sudeste. Alagoas, conforme comentado, apesar do governo atual ter freado a duplicação já tem realizado trecho entre Maceió e Batalha, com vários ramais sendo duplicados, quando no caso desse estado também o principal objetivo seria a integração entre a capital  o município de Delmiro Gouveia que se limita com Pernambuco e a Bahia.

Em relação ao Piauí esta questão foi tomada como prioridade pelo governo estadual. O mapa com as rodovias federais plotadas é um pouco estranho para se sair de Bom Jesus à Parnaíba, até chegar em Teresina é um grande zigue-zague, o que deixa claro quão aleatório foram as definições dessas rodovias. As estradas estaduais estão quase totalmente recuperadas e sinalizadas. Neste momento chegando a algo superior a  5.000 quilômetros.

Ganhos diretos e indiretos

Considerando-se que os governos estaduais do Nordeste poderiam trabalhar juntos em termos logísticos com um volume de recursos razoavelmente inferior todos as unidades seriam beneficiadas, contemplando desde a força turística do litoral, do interior, da região do São Francisco, dos sítios arqueológicos do Piauí, do turismo histórico e religioso, do clima ameno das chapadas e mais do que tudo da interação entre a base produtiva entre o interior e litoral e sua malha de portos e aeroportos.

Pernambuco. Do sebastianismo à realidade

Aqui se arrasta uma discussão infinita e com pouca base de realidade quanto a instalação da ferrovia Transnordestina no trecho Salgueiro- Suape, retirado do projeto original da ferrovia em dezembro de 2022, que não se esqueça. Apesar dos esforços de entidades como o CREA e alguns segmentos da sociedade não há um consenso e os esforços são extremamente tímidos entre as lideranças políticas do estado. O mesmo ocorrendo quando se trata da duplicação da BR 232. Cada município  alcançado pela rodovia tem dúvida sobre a importância desta obra para seu desenvolvimento e por isto não, desculpe-me a expressão, não move uma palha para vê-la concretizada.

Sendo assim, entra gestão administrativa e sai gestão e a situação de disco do trecho duplicado entre Recife e São Caetano continua com as mesmas fissuras, rachaduras e buracos, o congestionamento entre São Caetano e Arcoverde passou a fazer parte do cotidiano, havendo que não consiga a importância da duplicação dessa rodovia para o estado de Pernambuco. É custoso? Não sei mas que é essencial não há dúvida. Saiu-se de um pleito em que os 184 municípios foram às urnas.  E metade desses municípios está localizada nas BRs 232, 326 e 426. Muitos foram os candidatos que chegaram a mencionar a duplicação dessas rodovias e a construção do anel viário nas cidades que formam o cordão  Leste Oeste serem sequer mencionados.

Sendo claro, nesta situação de visão estratégica embaçada, resta  ao estado de Pernambuco ver seus vizinhos descolarem economicamente dele. A unidade federativa tem um capital humano invejável. Universidades que se incluem entre as melhores do país, uma rede de campi, institutos federais e escolas técnicas bem distribuída, grêmios empresariais ativos em alguns municípios mas cuja missão principal tem sido abordar as questões cruciais da região metropolitana, que não poucas ou triviais, embora em uma velocidade aquém do que se pode esperar, a exemplo da definição do traçado do Arco Metropolitano ou da expansão do metrô, que se encontra em estado anêmico e serviços sofríveis.

As opções podem ser duras mas estão postas. Venham de onde vier os recursos, sejam estaduais, federais ou em formato híbrido com a iniciativa privada. Ou Pernambuco expande sua malha viária ou  vai perdendo protagonismo e conformando-se com um encolhimento que vem desde há décadas com a exceção do ciclo que compreendeu os governos de Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos, que coincidem com os dois primeiros mandatos de Lula.

                

1Professor Titular da UFRPE-UAST