
Raquel Lyra e a virada de chave na política
A governadora Raquel Lyra promoveu um movimento estratégico ao nomear 22 ex-prefeitos para a assessoria especial do governo, número que deve chegar a 70 até o final de semana. O gesto foi interpretado como uma inflexão política relevante após dois anos à frente do Palácio do Campo das Princesas, período em que sua gestão esteve mais focada na administração do que na articulação política
Postado em 31/01/2025 2025 10:09 , Política. Atualizado em 31/01/2025 10:09
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A prática de acomodar ex-prefeitos em funções estratégicas dentro do governo não é novidade em Pernambuco. Os governadores que antecederam Raquel Lyra utilizaram essa mesma estratégia para garantir capilaridade política, fortalecendo suas bases no interior do estado e ampliando a defesa das pautas palacianas. Na prática, a governadora constrói um exército político capaz de atuar diretamente na interlocução com lideranças regionais, um passo importante para quem pretende consolidar sua influência e viabilizar a reeleição.
Outro fator de destaque foi a reaproximação de Raquel com o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. Apesar de ter declarado apoio a ela no segundo turno de 2022, Miguel não foi contemplado em sua gestão e acabou se aproximando do prefeito do Recife, João Campos. O recente encontro entre os dois sinaliza um possível realinhamento político, o que pode mudar o cenário das articulações para 2026. Raquel entende que, para se manter no poder, precisa agregar forças e reduzir ao máximo possíveis dissidências dentro da oposição.
Se até então a governadora mantinha um perfil mais técnico e administrativo, os últimos movimentos demonstram que a política entrou de vez na sua agenda. Com um olhar voltado para o futuro, Raquel Lyra parece disposta a utilizar todos os recursos que a máquina pública lhe proporciona para fortalecer seu grupo e se posicionar de maneira competitiva para as próximas eleições. O recado está dado: a governadora quer continuar no comando de Pernambuco, e agora ninguém pode acusá-la de negligenciar o jogo político.
Rejeição recorde – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entra na segunda metade do mandato enfrentando uma rejeição recorde, segundo a mais recente pesquisa PoderData. Com 51% de desaprovação contra 42% de aprovação, a gestão petista enfrenta dificuldades em diversas frentes, especialmente na economia e na comunicação. A alta do dólar, que impacta diretamente os preços dos alimentos, tem afetado a popularidade do governo entre os mais vulneráveis, um grupo que foi essencial para sua eleição em 2022. Lula tem demonstrado preocupação com o cenário e já cobrou respostas de sua equipe ministerial, buscando alternativas para conter a insatisfação crescente.
Pix afetou – Além dos desafios econômicos, o governo Lula enfrentou em janeiro um episódio que contribuiu para o aumento da insatisfação popular: o chamado “Pixgate”. A medida que alteraria a fiscalização do Pix gerou forte reação negativa nas redes sociais, levando o governo a recuar e revogar a proposta. O episódio expôs fragilidades na comunicação e no processo de tomada de decisão da gestão, reforçando a percepção de instabilidade e ampliando a desconfiança entre eleitores que, até então, mantinham apoio ao governo.
Queda entre apoiadores – A pesquisa PoderData revelou que a queda na popularidade de Lula está diretamente ligada à perda de apoio em grupos-chave para sua eleição. Entre os que votaram no petista em 2022, a desaprovação subiu de 10% no início do mandato para 23% agora, enquanto a aprovação caiu de 87% para 73%. No Nordeste, considerado um reduto histórico do PT, a rejeição ao governo subiu 8 pontos percentuais, passando de 35% para 43%, reduzindo a vantagem entre apoiadores e críticos para apenas 8 pontos. Esses números indicam que o desgaste da gestão não se limita à oposição tradicional, mas atinge também setores da base que foram fundamentais para a vitória eleitoral.
Inocente quer saber – Lula já está inviabilizado para disputar a reeleição em 2026?