


Produção Industrial Recua 0,4% em Setembro, aponta IBGE
Em 12 meses, setor ainda acumula alta de 1,5%
Postado em 04/11/2025 12:17

Divulgação
A produção da indústria brasileira caiu 0,4% em setembro, na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado devolve parte do avanço de 0,7% registrado no mês anterior.
Na comparação com setembro de 2024, houve crescimento de 2%, enquanto no acumulado de 12 meses o setor industrial mantém alta de 1,5%.
De acordo com o IBGE, o desempenho coloca a indústria nacional 2,3% acima do nível pré-pandemia de covid-19 (fevereiro de 2020), mas ainda 14,8% abaixo do pico histórico, registrado em maio de 2011.
Entre agosto e setembro, 12 das 25 atividades industriais pesquisadas apresentaram retração. Os principais recuos ocorreram nos segmentos de
produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%),
indústrias extrativas (-1,6%), e
veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,5%).
Por outro lado, alguns ramos registraram alta, com destaque para:
produtos alimentícios (+1,9%),
produtos do fumo (+19,5%), e
produtos de madeira (+5,5%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que o desempenho mais fraco da indústria reflete o impacto dos juros elevados sobre a economia.
“Os juros em patamares altos adiam decisões de investimento por parte das empresas e de consumo das famílias”, afirma.
A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, é a mais alta desde julho de 2006 (15,25%). O Banco Central mantém o patamar como instrumento de controle da inflação, que acumula alta de 5,17% em 12 meses — acima do teto da meta oficial, de 4,5%.
O efeito colateral, segundo Macedo, é o desaquecimento da economia, com menor demanda por bens e serviços e impacto sobre o emprego e o crescimento.
Outro fator que contribuiu para o recuo da produção foi o chamado “tarifaço” americano, que elevou a taxação sobre parte dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Algumas empresas apontaram a medida como uma das causas para a redução do ritmo de produção, embora o IBGE não tenha mensurado o peso exato desse impacto.
O aumento das tarifas, implementado em agosto, foi justificado pelo governo dos EUA como uma forma de proteger sua economia. O presidente Donald Trump chegou a afirmar que a decisão também tinha caráter de retaliação política, em reação ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado em setembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Nas últimas semanas, governos brasileiro e americano vêm mantendo encontros diplomáticos na tentativa de reduzir tensões e restabelecer acordos comerciais.
Fonte Agência Brasil