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Pernambuco, 08 de janeiro de 2025

Economia

A evolução da pandemia continua preocupante no Vale do São Francisco

Durante o mês de maio, Petrolina/PE bateu recordes de casos ativos, fechando o mês com mais de 3.700, uma taxa de crescimento de quase 40% ao mês. A cidade baiana de Juazeiro está com problemas na testagem, por falta de material. A licitação já foi realizada, mas os testes rápidos ainda não foram recebidos. Assim, possivelmente existe uma subnotificação em Juazeiro/BA. A crise sanitária pode levar a um novo fechamento do comércio, agravando a retomada do crescimento econômico regional e nacional

Postado em 02/06/2021 2021 08:00 , Economia. Atualizado em 01/06/2021 21:16

Economista João Ricardo de Lima Prof. da Facape de Petrolina, escreve quinzenalmente sobre Economia & Negócios para o JS.

Finalizado o mês de maio, é possível comparar com o mês de abril as informações da evolução da pandemia nas duas maiores cidades do Vale do São Francisco, Juazeiro na Bahia e Petrolina em Pernambuco. 

Em relação aos novos casos, foram 3.412 em Petrolina/PE e 1.264 em Juazeiro/BA, indicando uma redução de 19% e de 37%, respectivamente, nas duas cidades em relação ao mês de abril. Contudo, a cidade baiana está com problemas na testagem, por falta de material. A licitação já foi realizada, mas os testes rápidos ainda não foram recebidos. Assim, possivelmente existe uma subnotificação em Juazeiro/BA. Apesar de tudo isso, os números ainda são muito elevados indicando que a pandemia está em um platô, ou seja, uma estabilidade em patamares altos. E isto acabou se refletindo nos casos ativos. Durante o mês de maio, Petrolina/PE bateu recordes de casos ativos, fechando o mês com mais de 3.700, uma taxa de crescimento de quase 40% ao mês. 

Por outro lado, os leitos de UTI públicos ocupados continuam próximos do uso da quantidade máxima, normalmente acima dos 90% e, em datas específicas, chegando aos 100%. Não foram criados leitos em maio, mas foram mantidos os já existentes. A vacinação avança, como em todo o país, mas em um ritmo muito lento. Nenhuma das duas cidades conseguiu ainda imunizar 10% da população total com as duas doses da vacina. A pessoa está efetivamente imunizada passado um período após a segunda dose. Assim, o que importa é entender quantos já tomaram as duas doses do imunizante e as duas cidades estão abaixo da média nacional, que ultrapassou os 10% da população. 


 


Com mais casos ativos, leitos de UTI sempre cheios e imunização lenta, se tem um grande número de óbitos na região, três vezes maior do que se tinha no início do ano. Até então os óbitos semanais eram contados na casa de unidades, agora são em dezenas. Em maio ocorreram 79 novos óbitos em Petrolina/PE, contra 75 em abril. Em Juazeiro/BA foram 32 em maio contra 34 em abril. E isto fez com que as taxas de mortalidade crescessem também, passando para 1,6% em Petrolina/PE (aumento de 7,3% na taxa) e 1,8% em Juazeiro/BA (mais 4% de aumento na taxa). O que está mudando é a faixa etária das pessoas que estão falecendo de COVID-19 na região. Se tem uma expressiva queda nas pessoas com mais de 70 anos e um aumento na faixa entre os 35 até menos de 60 anos. Entre as pessoas com mais de 60 e menos de 70 anos, se tem uma estabilidade nos óbitos, de acordo com os dados observados para a cidade de Petrolina/PE, quando se compara o total de falecimentos em dois períodos distintos, o primeiro vai do primeiro óbito até dois meses depois do início da vacinação (19 de janeiro) e o segundo começa no dia 20 de março até o dia 31 de maio. 

Assim, é muito importante as pessoas continuarem se protegendo com o uso de máscaras, álcool gel e distanciamento social e é fundamental todos se vacinarem, quando chegar a hora, com as duas doses do imunizante. Se isto não ocorrer, dadas estas novas variantes, no sertão pode ocorrer algo semelhante ao que está ocorrendo no Agreste de Pernambuco e a crise sanitária pode levar a um novo fechamento do comércio, agravando a retomada do crescimento econômico regional e nacional.

 

Quem é João Ricardo Lima: Doutor em Economia Aplicada. Coordenador da Pesquisa sobre a evolução da Pandemia no Vale do São Francisco realizada pelo Colegiado de Economia da Faculdade de Petrolina (FACAPE).