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Pernambuco, 29 de março de 2024

Bem Estar

Homens também se deprimem. Por Daniel Lima

Os homens não só choram como também deprimem, porém repito, procuram menos ajuda. É preciso romper o preconceito e procurar ajuda!

Postado em 24/11/2021 2021 18:00 , Bem Estar. Atualizado em 24/11/2021 17:58

Colunista

Daniel Lima – Teólogo, Filósofo e Psicanalista/GBPSF/ISFN. @daniellima.pe

Estamos terminando o mês de novembro que tem também uma campanha voltada para a prevenção do câncer de próstata e por isso é chamado de “novembro azul”. A campanha visa conscientizar os homens deste importante cuidado com sua saúde. Recentemente concedi uma entrevista para TV LW que é filiada a TV Nova Nordeste que por sua vez é filiada a TV Cultura Pernambuco e, na ocasião no programa “saúde em evidência” falei sobre a depressão masculina. Nas diversas pesquisas e estatísticas as mulheres são a maioria, mas como saberemos exatamente se os homens são os que menos procuram pelas resistências mais diversas fruto de frases como: “homem não chora!”. Os homens não só choram como também deprimem, porém repito, procuram menos ajuda. É preciso romper o preconceito e procurar ajuda!
No decorrer dos anos mudamos a forma como nos relacionamos com o nosso sofrimento. O crescimento dos sofrimentos mentais tem sido algo alarmante e, a depressão vem marcando presença na linguagem do senso comum, de modo que escutamos com mais frequência que alguém está fazendo algum tratamento no combate a depressão, ou “fulano está depressivo”. Estar deprimido é praticamente uma condição do indivíduo na atualidade. Estamos vivendo um tempo onde tristeza e desencanto vem tomando proporções de epidemia. Assim, se globaliza um certo estado de alma onde a depressão ganhou a nomenclatura de “o mal do século”.
A depressão é uma incapacidade de sentir prazer nas coisas pequenas e que antes se tinha prazer em fazer, mas se perdeu. É o que poderia se chamar de paradoxo do excesso e do vazio. Sendo voltado para fora se ocupando com se julgar e se medir, que são experiências muito fortes da nossa cultura hoje em dia, o mundo interno é vazio e num estado de vazio o indivíduo não se aguenta. No campo psicanalítico também existem diferenças quanto à compreensão essencial dos estados depressivos e seu manejo clínico, mas apesar disso, pode-se notar também certa convergência em sua dimensão fundamental, com importantes implicações éticas que apontam para o seu lugar de destaque na atualidade.
A escuta psicanalítica dos sintomas depressivos está centrada na problemática narcísica de constituição da subjetividade, tendo variações em sua compreensão dentro da psicopatologia psicanalítica, mas nunca configurando uma estrutura específica, estando presente em diversas configurações estruturais. Sendo assim, as depressões são mais um sintoma a ser interpretado no quadro geral da estrutura subjetiva de cada sujeito do que propriamente um rótulo ou categoria psicopatológica. Vale salientar, que o tratamento da depressão costuma ser psicoterapia (psicologia e psicanálise) associada com acompanhamento psiquiátrico. As sessões de análise possibilitam um reencontro do sujeito consigo mesmo, pois este precisa reencontrar-se com os recursos psíquicos saudáveis que havia deixado de lado, como a capacidade de observação, de expressar sentimentos, de perseverança e de aprender a lidar com as experiências de frustração ou fracasso. A partir da análise de repetições sintomáticas o sujeito poderá desenvolver possibilidades mais saudáveis de agir e reagir.
Portanto homens, é preciso ficar atento aos sinais: tristezas prolongadas, perda ou diminuição do prazer, cansaço mental, falta de motivação, redução na libido, aumento da ansiedade, alteração de peso, irritabilidade frequente, alteração do sono. A depressão pode atingir pessoas de todas as idades e classes sociais. Depressão tem tratamento, procure ajuda.