A pressão do whatsApp no trabalho e seus impactos na saúde mental
A hiperconexão do mundo moderno transformou nossa forma de trabalhar, de nos comunicar e até de viver. Ferramentas como o WhatsApp, inicialmente criadas para aproximar pessoas, se tornaram indispensáveis em diversas atividades profissionais. No entanto, esse uso constante tem gerado um problema significativo: a pressão por respostas imediatas, que afeta diretamente a saúde mental de quem está do outro lado da tela.
Postado em 22/12/2024 2024 07:00 , Coluna Psicanálise no Cotidiano. Atualizado em 22/12/2024 07:03
Com o avanço tecnológico, o acesso à informação tornou-se instantâneo. Se antes consultávamos enciclopédias como a Barsa para realizar pesquisas, hoje obtemos dados em segundos por meio de sites, e-books e inteligência artificial. Essa agilidade, embora vantajosa, trouxe um efeito colateral preocupante: nos tornamos cada vez mais impacientes. Queremos tudo para ontem — áudios acelerados, textos resumidos e, é claro, respostas rápidas, independentemente do horário ou contexto.
Essa cultura da urgência invadiu o ambiente de trabalho. Por meio do WhatsApp, empresas, colegas e clientes esperam respostas imediatas, como se estivéssemos disponíveis 24 horas por dia. Essa pressão constante nos coloca em um estado de alerta contínuo, contribuindo para o desenvolvimento de problemas como ansiedade, estresse crônico e até a síndrome de Burnout. Mas como lidar com essa situação sem comprometer a produtividade e, ao mesmo tempo, proteger a saúde mental?
Estabelecer limites claros é uma solução para recuperar o equilíbrio. Por isso, compartilho algumas estratégias:
Defina períodos específicos no dia para verificar e responder às demandas do WhatsApp. Fora desses horários, dedique-se a outras atividades como trabalho, estudo ou lazer. Isso ajuda a reduzir a sensação de estar sempre “de plantão”.
Determine um horário para encerrar as interações profissionais e resista à tentação de começar o dia abrindo o WhatsApp. Nos momentos de descanso, como finais de semana ou férias, é fundamental desconectar.
Aprender a lidar com a ansiedade de não responder mensagens no momento em que chegam é um passo libertador. Você não precisa atender a todas as notificações imediatamente; deixe para lê-las ou ouvi-las no horário que você estabeleceu para isso.
Deixe claro para as pessoas que, em situações realmente urgentes, elas podem entrar em contato por ligação. Problemas de saúde, por exemplo, devem ser direcionados a serviços de emergência, sem que recaia sobre você a responsabilidade de estar disponível a todo momento.
Além disso, separar o número pessoal do profissional é uma medida que pode ser crucial. Essa distinção ajuda a preservar a privacidade e a reforçar a ideia de que não somos nossa profissão 24 horas por dia. Respeitar nossos limites é essencial para uma vida mais saudável e equilibrada, e isso começa por valorizar o tempo fora das telas.
A saúde mental deve ser prioridade. O WhatsApp, quando usado de forma consciente e organizada, pode ser uma ferramenta valiosa, mas é preciso encontrar um equilíbrio para que ele não se transforme em um vilão. Afinal, estar sempre disponível para os outros não deve significar estar ausente para si mesmo.
Daniel Lima, teólogo, filósofo e psicanalista.
Psicanalista membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi – GBPSF.
Pós-graduado em ciências humanas: sociologia, história e filosofia.
Pós-graduado em psicanálise e teoria analítica.
www.psicanalisedaniellima.blogspot.com
daniellimagoncalves.pe@gmail.com
@daniellima.pe