
Como a Fisioterapia pode Aliviar os Desconfortos da Gestação?
Estratégias seguras para lidar com as dores lombares, pélvicas e incontinências.
Postado em 02/02/2025 2025 06:26 , Saúde, Saúde Pública. Atualizado em 02/02/2025 10:41
Mestranda em Ciência e Tecnologia em Saúde
Pós-Graduada em Fisioterapia Pélvica
Durante a gravidez o corpo da mulher passa por diversas modificações hormonais até alterações posturais. Essas mudanças podem comprometer a biomecânica corporal e desencadear quadros dolorosos na região da coluna vertebral e da pelve, além disso, a sobrecarga na musculatura do assoalho pélvico pode desencadear a ocorrência de incontinência urinária, que são escapes involuntários de urina durante a gestação. A Fisioterapia Pélvica surge como uma aliada importante nessa fase, dispondo de estratégias cientificamente seguras e eficazes no alívio das dores e tratamento dos sintomas miccionais.
As dores musculoesqueléticas representam um dos problemas mais comuns relacionados à gestação, devido a fatores como alterações hormonais, aumento do peso do corpo e mudança postural. Nesse contexto, a mulher tem o centro gravitacional alterado na medida em que o útero cresce, tensão muscular em decorrência do próprio estiramento dos músculos abdominais, e frouxidão ligamentar promovido pelo hormônio relaxina, que está em alta nessa fase. Um estudo recente, estimou que 30% das gestantes já experimentaram dor lombar, e 20% sofrem com as desordens pélvicas, esses sintomas chegam a ser classificados como graves, comprometendo a mobilidade nas atividades diárias da mulher.
A Fisioterapia Pélvica vai atuar a partir de uma avaliação minuciosa e específica considerando os aspectos funcionais, por meio de técnicas e recursos como a eletromiografia de superfície da musculatura do assoalho pélvico e testes ortopédicos aplicados, baseados na literatura científica atual, conferindo segurança à mãe e bebê. A partir disso, o fisioterapeuta desenvolverá um plano de tratamento, considerando a idade gestacional, a queixa da mulher e os achados cinéticos-funcionais.
Dentre os diferentes métodos e técnicas adotadas, os exercícios de alongamento, mobilização pélvica em bolas terapêuticas e fortalecimento muscular são incluídos para melhorar a mobilidade e fazer ajustes posturais, promovendo diminuição da sobrecarga na musculatura; as técnicas de terapias manuais também são incluídas com objetivo de reduzir ou eliminar a dor, favorecer a drenagem de líquidos e relaxar os grupos musculares das regiões lombo-sacro-pélvica.
Além disso, é preciso atentar-se a musculatura do assoalho pélvico (MAP) – conjunto de músculos que fecham a pelve óssea (bacia) inferiormente e dão estrutura aos órgãos genitais – que sofrem sobrecarga com o desenvolvimento fetal e placentário, podendo ocasionar em disfunções como a incontinência urinária, devido a pressão do útero sobre a bexiga e enfraquecimento da MAP, especialmente aos esforços como tossir ou espirrar.
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Nesse ponto, a gestante pode se beneficiar com a fisioterapia, uma vez que esta é considerada padrão ouro no tratamento da incontinência urinária, de acordo com a International Society of Continence. Dentre os recursos aplicados, pode-se destacar o treino da MAP associado ao biofeedback por eletromiografia.
Algumas orientações para práticas diárias capazes de prevenir alguns dos desconfortos supracitados e melhorar a qualidade de vida durante a gravidez, podem ser adotadas:
– Atividade física supervisionada, como caminhadas de 20 a 30 minutos, ajuda com os desconfortos respiratórios e melhora a mobilidade corporal.
– Movimentos rotacionais dos punhos e tornozelos para ativar a circulação.
– Uso de um travesseiro fino colocado na parte de trás dos joelhos, quando deitada em supino (com a barriga para cima), para reduzir o estresse na região lombar.
É importante destacar que a fisioterapia pélvica não é direcionada apenas para as gestantes que sofrem com alguma desordem musculoesquelética, essa especialidade prepara o corpo físico e a MAP para as demandas impostas pela gestação, auxiliando as mulheres durante o trabalho de parto.
Com o acompanhamento especializado e adequado, é possível minimizar os possíveis desconfortos, considerando as necessidades da gestante, respeitando seu quadro clínico e funcional. Se você está grávida ou conhece alguém que esteja passando por esses desafios, a fisioterapia pode transformar essa jornada em uma experiência mais leve e saudável.
Fontes:
Meucce, R. D.; Perceval, A. L.; Lima, D. R. et al. Ocorrência de dor combinada na coluna lombar, cintura pélvica e sínfise púbica entre gestantes do extremo sul do Brasil. Rev. bras. epidemiol. v. 23, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-549720200037