


Produtores de uvas do Vale do São Francisco perdem com baixa de preços no mercado interno
Já para o setor de exportação, com o câmbio em alta, exportações para países como Estados Unidos
e Europa seguem em crescimento, porém com valores elevados nos fretes marítimos e custo de
container e insumos.
Postado em 16/12/2021 09:57

Jailson Lira de Paiva, na Fazenda Liraagro, em Petrolina. (foto: arquivo pessoal)
Nem tudo será “dourado” em 2021 para os produtores de uvas na principal região de cultivo em
Pernambuco: o Vale do São Francisco. Diferente de 2020, mesmo com a pandemia, este ano teve
outros fatores que prejudicaram o segmento: população com menos poder de compra, inflação alta,
preços baixos, e custos com insumos e logística cotados em dólar, que gerou um desequilíbrio
financeiro para os produtores. Essa é a opinião de Jailson Lira do Paiva, presidente do Sindicato de
Produtores Rurais de Petrolina e membro do Conselho de Administração da Coopexvale (Cooperativa
de Produtores e Exportadores do Vale do São Francisco).
“Tivemos dificuldade em vender a fruta por conta do mercado e talvez pela economia complicada. A
gente tem baixos preços, principalmente nas uvas, sendo a do tipo Vitória, o nosso carro-chefe, que
não sofreu mudanças nos valores. Pelo contrário. Tivemos preços muito baixos durante praticamente
todo o ano. Estamos aguardando alguma reação de preços no mercado interno agora para
dezembro, mas, infelizmente, os volumes que possuímos aqui para colheita em dezembro e até
meados de janeiro são volumes pequenos”, explicou o dirigente patronal.
Na pandemia, segundo Lira, muitos colaboradores tiveram problemas de saúde covid. Mas, mesmo
assim a categoria conseguiu contornar, não houve paralisação do setor em nenhum momento. “Isso
foi muito importante, não pararmos nossas atividades, entretanto, por outro lado, o aumento do
combustível tem afetado diretamente os nossos custos, além da energia e fretes rodoviário e
marítimo”, disse. “Todos esses fatores juntos faz com que 2021 seja um ano muito difícil para quem
cultiva uva no Vale”.

O vice presidente da regional da Fiepe, no Vale do São Francisco, Rafael Coelho, também concorda
com a opinião de do dirigente da Sindicato dos Produtores Rurais. Para Coelho, o impacto do valor
dos insumos foi muito forte. ” Por exemplo, as caixas de papelão necessárias para exportação e tudo
está vinculado ao petróleo que subiu muito de preço, sem falar no frete marítimo. De fato, foi um
ano muito difícil para o mercado interno.
Chuva fora de época
Além das dificuldades citadas acima, Jailson Lira acrescentou mais uma, bem atípica, para a região:
as chuvas que normalmente não ocorrem neste período de novembro chegaram com força. “A região
teve uma chuva que veio inesperadamente numa época que normalmente não acontece. Em geral,
as chuvas ocorrem a partir do dia 20 de novembro e a gente teve um uma semana de chuva no
período que foi de 20 outubro até 25 de outubro. Isso prejudicou bastante a safra. Para a exportação,
algumas variedades que não se adequam às chuvas ficaram comprometidas e a qualidade cai,
quando ocorrem essas chuvas principalmente quando o produtor não está esperando”, observou.
“Com chuvas todos perdem. A quantidade de uva com padrão premium fica sempre menor quando
ocorrem essas chuvas, diferentemente de outros anos que não ocorreram. Avalio que todos
produtores foram prejudicados em alguns parreirais”.
Saída é o cooperativismo
Para Jailson Lira de Paiva, a saída para os pequenos produtores da região do Vale do São Francisco é
o associativismo e o cooperativismo. Em sua avaliação, aqueles que estão associados, unidos em
forma de cooperativas têm conseguido não só alcançar mercados mais distantes que pagam preços
melhores como também até na compra de insumos na compra de material de embalagem, por
exemplo. “Eles têm conseguido se sobressair por conta dos volumes e das negociações que são feitas
quando se trabalha de forma unida”, disse.
Apesar das dificuldades para os produtores de uva em 2021, o segmento acredita que 2022 ocorra
uma baixa de preços do petróleo. Com a regularização desses preços, adianta Lira, os insumos
conseguem se estabilizar e o setor e a população podem ter um poder aquisitivo maior. ” A
população brasileira é o grande mercado que nós temos para comercializar nossas frutas”, finalizou.