À esquerda, Donald Trump, candidato à reeleição pelo partido Republicano, à direita, Joe Biden, candidato do Partido Democrata – Foto: (Divulgação)

De acordo com o professor da  Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – Facape, PhD em economia, João Ricardo Lima, a relação econômica existente entre o Sertão e os Estados Unidos, é por meio da exportação de frutas do Vale do São Francisco, em Petrolina. “Independentemente de quem seja o vencedor nas eleições americanas , o comércio internacional de frutas não deverá ser afetado, pois os Estados Unidos precisam da fruta brasileira para abastecer o seu mercado”, observou o professor. Em relação ao mercado financeiro, Lima prevê que deve haver uma melhor receptividade à vitória de Biden do que à de Trump. Segundo ele, isto deve ocorrer por que com um democrata no poder, há uma perspectiva de crescimento da economia americana, o que deve favorecer o Brasil, incluindo o Sertão como mercado exportador pernambucano. “Biden sabe da importância do Brasil, enquanto parceiro comercial. O Brasil tem deficit comercial com os Estados Unidos. E sabe também que o afastamento do Brasil levaria o país a uma aproximação ainda maior com a China, o nosso maior parceiro comercial”, avalia.

O cientista político e professor da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina,  Marcelo Henrique dos Santos, chama atenção para possíveis mudanças nas previsões econômicas estabelecidas por especialistas. “Muitos especialistas acreditam que tradicionalmente os governos republicanos favorecem mais o Brasil, comprando os produtos exportados, enquanto os democratas costumam fechar o mercado. Porém é importante observar que Trump não é um político estável, pelo contrário, ele tem atitudes instáveis, imprevisíveis, que muitas vezes, contrariam até os correligionários de partido. Sendo assim, as previsões econômicas podem não se cumprir”, alerta.
No aspecto político, o economista acredita que uma vitória de Biden pode causar incertezas ao Brasil, considerando a relação política mantida pelo atual Governo Federal e o presidente republicano. “Um governo Biden pode trazer mais incertezas para a economia do Brasil a depender de como será o comportamento das relações internacionais do Brasil e do Presidente Jair Bolsonaro e sua equipe. O ideal é que se mantenha neutro em relação a esta questão”, complementa.

Considerando a possível influência politica de Trump na linha política adotada pelo governo brasileiro, o cientista político Marcelo Henrique dos Santos acredita que uma vitória do candidato Donaldo Trump, pode fortalecer a agenda conservadora. “O presidente Trump desenvolve uma agenda sem muito diálogo com a pauta dos direitos humanos, dialoga com grupos supremacistas e reage às manifestações populares com dureza, sem abertura para o diálogo. A sua reeleição pode simbolizar um endurecimento dessa atuação política, inclusive influenciando na linha política brasileira. Caso isto ocorra, as políticas sociais que beneficiam especialmente os sertanejos mais pobres, podem perder relevância no governo”, explicou.