Daniel Lima – Teólogo, Filósofo e Psicanalista/GBPSF/ISFN. @daniellima.pe

“Na atual condição do mundo toda a vida está doente. Se eu fosse médico e alguém me perguntasse: O que você aconselha?, eu responderia: Dê um jeito de ficar em silêncio!” – (Søren Kierkegaard, 1813-1855).

Vivemos uma época onde viver em ritmo equilibrando é algo quase que impossível de se ter. Tenho ouvido aqui e ali pessoas dizerem que os dias estão passando cada vez mais rápido, mas será mesmo? Ou nós não estamos percebendo o tempo passar de tão ocupados que estamos? Não quero aqui me prender a uma reflexão filosófica sobre o que é o tempo, mas apenas refletir um pouco sobre como estamos fazendo com o nosso tempo. Esses dias conversando sobre esse assunto com Tadeu (motorista de aplicativo na cidade de Arcoverde) eu perguntei: Será mesmo que a vida está passando rápido demais? Ou somos nós que estamos ocupados demais e não percebemos a vida passar?

O mundo em que vivemos é marcado pela pressa.

O nosso cotidiano parece um coelho apressado, como aquele de “Alice no país das maravilhas”, parece que estamos sempre atrasados, ansiosos para viver o logo mais, tanto que nem se quer percebemos que não estamos vivendo o agora. Como diria Lulu Santos: “Hoje o tempo voa, amor…”. Estamos aqui e agora, mas tão hiperconectados que não nos percebemos no aqui e agora. A velocidade como nos comunicamos parece que nos trouxe uma certa impaciência, porque queremos respostas rápidas. Caminhar mais devagar e sentir o ar no rosto, atentar para o mundo a nossa volta parece um desafio imenso porque estamos sempre apressados. Estamos tão acelerados que é cada vez mais comum escutarmos pessoas se queixando de cansaço. Se queremos desacelerar por dentro, desacelerar por fora deve ser o início.

A vida precisa de pausas!

A palavra “pausa” vem do grego “anapauso”, descanso. Significa uma interrupção benéfica no cotidiano habitual. Pare para pensar, não temos pausas, estamos sempre conectados, o tempo todo ocupados com algum aplicativo, um jogo, uma rede social. Até parar e assistir um filme inteiro para muitos não é uma tarefa fácil, porque precisa ficar visualizando se alguém enviou mensagem, ou mesmo subindo o feed do Instagram por costume. Sem pausas não temos tempo para nos percebermos na vida, de modo que se colocarmos algum aplicativo que conte o tempo de tela do celular, logo saberemos quanto tempo exatamente estamos dedicando para a virtualidade. Deste modo, perceberemos que não é a vida que está passando mais rápido, mas nós que não estamos tendo pausas para perceber a vida passar. Estamos mais atentos em terminar a nova temporada da série em uma dessas plataformas de streaming, coisa que tínhamos que esperar o dia seguinte, se quiséssemos acompanhar. Pense um pouco: Estou me dando pausas? Estou contente com o modo como conduzo minhas pausas? Se não, pense no que você pode fazer para mudar.