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Pernambuco, 25 de abril de 2024

Saúde

Primeiro transplante ósseo do Estado foi realizado em uma paciente de Petrolina

O hospital está iniciando o processo de solicitação de credenciamento junto ao Ministério da Saúde para se tornar unidade transplantadora na área e recebeu uma autorização em caráter excepcional do Sistema Nacional de Transplantes para realizar a cirurgia.

Postado em 29/08/2022 2022 08:00 , Saúde. Atualizado em 29/08/2022 07:23

O atendimento à paciente envolveu cerca de 10 profissionais. Foto: Divulgação

A equipe de traumatologia e ortopedia do Hospital Otávio de Freitas (HOF) realizou um importante passo para a especialização do atendimento de pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS) em Pernambuco. Esta semana, a unidade realizou o primeiro procedimento de transplante ósseo em um serviço da rede estadual de saúde. O HOF – que realiza atendimentos de alta complexidade em traumato-ortopedia – está iniciando o processo de solicitação de credenciamento junto ao Ministério da Saúde para se tornar unidade transplantadora na área e recebeu uma autorização em caráter excepcional do Sistema Nacional de Transplantes para realizar a cirurgia.

“É um marco importante para Pernambuco por tratar-se de um procedimento de extrema dificuldade, que exige equipe treinada e capacitada para manejar tecido ósseo e estrutura hospitalar para transporte e manipulação desse tecido. Iniciamos a reunião da documentação necessária para solicitação de credenciamento junto ao Ministério da Saúde para que o Hospital Otávio de Freitas possa se tornar uma unidade realizadora de transplante ósseo, beneficiando os pacientes do SUS em Pernambuco”, destaca o coordenador do setor de ortopedia do Hospital Otávio de Freitas, Hermes Wagner.

Paciente

A paciente Nilsa Maria Gomes da Silva, de 51 anos, residente de Petrolina, possuía uma prótese de quadril há 20 anos devido a sequela de uma infecção que gerou um desgaste na cabeça do fêmur (artrose). Ao longo dos anos, a área foi se desgastando ainda mais, ocasionando uma desigualdade no comprimento das pernas em 10 cm. Após a avaliação dos profissionais do Otávio de Freitas, foi identificada a necessidade de uma intervenção para revisão de prótese de quadril (troca da prótese).

“Ao avaliarmos o caso da paciente, identificamos um obstáculo que era o estoque ósseo dela para suportar a remoção da prótese anterior e colocação da nova. Diante disso, foi necessário partir para o enxerto de tecido ósseo visando à restauração da área com ausência de osso, fornecendo a estrutura corporal necessária para suportar a nova prótese, sendo possível fazer essas inserções no fêmur e na bacia. Com a definição da conduta cirúrgica, começou a preparação da unidade para tornar a realização do transplante ósseo uma realidade. O Hospital Otávio de Freitas iniciou o contato junto à Central de Transplantes de Pernambuco e o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), referência nacional em ortopedia localizada no Rio de Janeiro e que conta com um banco de ossos. Após os trâmites para autorização para o procedimento serem confirmados com o Sistema Nacional, e também a garantia do material a ser encaminhado pelo Into, iniciamos a preparação da equipe e da paciente”, explicou o médico cirurgião especialista em quadril, Cláudio Marques.

Procedimento

O procedimento de transplante ósseo e a revisão de prótese de quadril aconteceram no mesmo tempo cirúrgico, ou seja, no momento que a paciente entrou no bloco cirúrgico do Otávio de Freitas as duas intervenções foram feitas no mesmo momento. O atendimento à paciente envolveu cerca de 10 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos, anestesiologista e instrumentador cirúrgico e durou cerca de 3h.

“Vamos continuar acompanhando essa paciente pelos próximos meses, pois o processo de recuperação dela envolve, entre outras coisas, o início do trabalho de fisioterapia para o retorno à caminhada, considerando que o transplante contribuiu ainda para correção da desigualdade do comprimento das pernas em 5 cm. Estipulamos que a recuperação total da paciente ocorra em seis meses, que é o tempo médio que o osso leva para se integrar totalmente ao novo organismo. Para caminhadas leves, acreditamos que em 1 mês a paciente possa se movimentar com ajuda de andador, por exemplo. Após a alta hospitalar, nossa equipe irá acompanhá-la mensalmente em nosso serviço de ambulatório, e nossa expectativa é que em seis meses ela possa desempenhar suas atividades com mais normalidade”, detalhou Cláudio Marques.

Sucesso

“Um dia após a realização da cirurgia já comecei a me movimentar e a sentar no leito, os médicos disseram que os exercícios de caminhada podem começar a partir de amanhã para avaliar como está sendo a recuperação. Eu ainda estou sem acreditar que vou voltar a andar mais naturalmente porque, até fazer a cirurgia, eu não conseguia ficar muito tempo em pé e só me locomovia com uso de muletas. Trabalho como revendedora de cosméticos e essa lesão dificultava muito o meu trabalho, além das dores de quadril e coluna. Já passei por avaliação de muitos profissionais e encontrar a equipe do Otávio de Freitas foi uma alegria muito grande”, comemora a paciente Nilsa Maria.