Silvia Graciliano Turismóloga pela UFPE

Os sombrios que envolviam a ida ao Sertão, que traziam o medo de assaltos e outros contratempos, ficaram para trás. Não estou dizendo que tudo é perfeito, mas os riscos que se correm nessas estradas são os mesmo que se aplicam a outras estradas do Nordeste. 

Vamos considerar o percurso Recife – Petrolina, tendo Arcoverde como a nossa porta de entrada para o Sertão. E ali já começam as paradinhas estratégicas que deixam a longa viagem mais leve e divertida. 

Os postos de combustíveis se tornaram mais do que pontos de abastecimento. Esses locais disputam os títulos de “melhor banheiro da estrada” e os viajantes ganham com isso. A infraestrutura voltada a propiciar conforto aos viajantes impressionam pelo cuidado e higiene. E um detalhe: banheiro de uso gratuito. É parada certa para quem está seguindo ao Sertão. 

E quem está pegando a estrada vai cair naquela pergunta que não quer calar: via Floresta ou Salgueiro? O trecho por Floresta encurta o caminho em aproximadamente 80 km e dá a oportunidade de passar por Ibimirim, a cidade dos santos de madeira. Observe a quantidade de troncos de madeira à frente das casas, alguns estabelecimentos já indicam que ali tem um “santeiro”. São artesãos que entalham lindamente nos troncos das árvores da caatinga, criando belíssimas esculturas.. Vale a pena conhecer. 

Daí você segue para Floresta, eternizada pelas águas do Riacho do Navio. Aqui tem um dos mais belos casarios históricos do Sertão. Entre para conhecer. Procure um restaurante com carne de bode no cardápio. E depois pode encher o peito e dizer que você comeu a melhor carne de bode do Sertão: o bode de Floresta.

Reprodução Net

Seguindo você passará pela entrada de acesso a pequenina Itacuruba. O ponto alto aqui fica por conta do artesanato como o couro da tilápia, um peixe delicioso cultivado na região.  Itacuruba já ganhou destaque no cenário da moda nacional produzindo roupas e acessórios com a pele desse peixe. São dessas surpresas que o viajante tem o prazer de se deparar pelas estradas do Sertão

Deixando Itacuruba, algumas dezenas de quilômetros à frente, Belém do São Francisco saúda os viajantes como seus bonecos gigantes, estrategicamente colocados às margens da BR, para lembrar a quem por ali passa que é a cidade-berço dessas figuras que animam o carnaval de Olinda. Belém, além de tantos outros encantos, tem um dos carnavais mais antigos do estado de Pernambuco, e dessa festa surgiram a Vitalina e o Zé Pereira, os bonecos que deram origem a essa linda tradição. 

Belém do São Francisco, cidade do sertão pernambucano, a 486 km do Recife.

A viagem segue, e depois do famoso “trevo de Ibó,” onde a BR 232, para quem optou por fazer o percurso via Salgueiro, também ali chega, tomamos rumo à Cabrobó. O vale do São Francisco aqui se descortina com tantas belezas e atrativos que deixaremos para uma outra coluna.  O Sertão tá diferente!