
De Olinda ao Sertão: Como o Carnaval se transforma em cada região de Pernambuco
De blocos gigantes a caretas mascarados, a festa se reinventa em cada canto do estado, mantendo viva a tradição e a cultura popular.
Postado em 18/02/2025 2025 14:19 , Cultura. Atualizado em 20/02/2025 14:29
Em uma viagem pela diversidade dessa festa, encontramos personagens, histórias e manifestações culturais que tornam a folia pernambucana única no Brasil.
O coração da festa bate forte nas ladeiras de Olinda e nos bairros do Recife. O frevo, declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, domina as ruas com sua mistura de passos ágeis e música frenética das orquestras.
A poucos dias do Carnaval, o Recife Antigo já começa a pulsar ao som de ensaios de maracatus e blocos líricos. Mas é no Sábado de Zé Pereira que o Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo, arrasta milhões de foliões pelo Centro do Recife.
Em Olinda, a festa tem outro ritmo. Bonecos gigantes desfilam entre as ladeiras históricas, enquanto blocos como “Eu Acho é Pouco” pintam as ruas de vermelho e amarelo. “O Carnaval de Olinda é um verdadeiro abraço coletivo, onde todos se misturam, dançam e celebram juntos”, conta o músico e foliã apaixonado Pedro Araújo.
A cerca de 65 km do Recife, em Nazaré da Mata, o Maracatu Rural toma as ruas com sua imponência. Conhecido como Maracatu de Baque Solto, essa manifestação tem raízes profundas na cultura afro-indígena e está ligada à vida dos trabalhadores dos canaviais.
O destaque são os caboclos de lança, personagens icônicos que desfilam com trajes bordados à mão e lanças brilhantes. “O Maracatu Rural não é só Carnaval, é resistência cultural. São meses de preparação para entrar na avenida com garra e tradição”, explica Dona Severina, mestra de um grupo de maracatu há mais de 30 anos.
A 100 km da capital, Bezerros se transforma na cidade dos mascarados durante o Carnaval. A tradição dos Papangus vem de uma brincadeira antiga: os foliões se fantasiavam para sair às ruas sem serem reconhecidos.
Hoje, a cidade atrai turistas do Brasil inteiro com seu desfile de máscaras coloridas e trajes extravagantes. “O legal é que qualquer um pode ser um Papangu. Basta colocar uma máscara e entrar na brincadeira”, conta Carlos Henrique, que participa da festa desde criança.
Se Pernambuco é conhecido pelo calor, em Triunfo a folia acontece sob temperaturas amenas. A cidade, localizada a mais de mil metros de altitude no Sertão do Pajeú, tem um Carnaval marcado por uma tradição única: os Caretas.
Vestidos com roupas coloridas e máscaras assustadoras, os Caretas percorrem as ruas agitando chocalhos e pregando sustos nos foliões. “Ser Careta é uma honra. É uma tradição que passa de pai para filho e mantém viva a essência do nosso Carnaval”, conta José Augusto, um dos veteranos da brincadeira.
Seja no Recife, Olinda ou no Sertão, o Carnaval pernambucano movimenta milhões de reais e fortalece o turismo local. Além disso, é um dos principais símbolos da identidade cultural do estado.
“A diversidade da nossa festa é o que a torna tão especial. O Carnaval de Pernambuco não é só um evento, é uma celebração da nossa história”, conclui a historiadora Marília Andrade.
E assim, de ladeira em ladeira, de maracatu a papangu, Pernambuco segue reafirmando seu título de um dos melhores Carnavais do Brasil. Afinal, por aqui, a folia é para todos e a cultura pulsa o ano inteiro.