Sertão com peso eleitoral nas eleições de 2022 em Pernambuco | Por Welington Júnior
Nas eleições de 2022 em Pernambuco, o foco eleitoral não estará apenas no Recife ou na Região Metropolitana, mas sim no Sertão do Estado.
Postado em 18/04/2022 2022 08:00 , Política. Atualizado em 18/04/2022 16:06
Caruaru, maior colégio eleitoral do interior, terá sua ex-prefeita Raquel Lyra concorrendo ao Palácio Campo das Princesas pelo PSDB. Já Petrolina, no Sertão do São Francisco, também vai ter um ex-prefeito na disputa, Miguel Coelho, pré-candidato pela União Brasil/UB.
Sobre Petrolina
A capital do Sertão, está com alta visibilidade. As força políticas do estado viraram os olhos para a cidade vislumbrando que Miguel possa ter uma votação expressiva. E, assim, com a intenção de diminuir o estrago que esse despejo nas urnas pode causar na contabilidade final, outras forças políticas locais estão sendo acionadas para tentar fisgar qualquer migalha de voto para os outros projetos.
Apoio tucano
Quem saiu na frente foi Raquel. Defendendo seu palanque, a caruaruense terá o apoio de Lucinha Mota, mãe da menina Beatriz, que trocou o PSOL pelo PSDB. Lucinha ganhou visibilidade nacional com a luta pela justiça da morte de sua filha. Muito bem votada nas eleições de 2018 e 2020, para deputada estadual e vereadora da cidade, respectivamente, Lucinha engrossa a fileira da social democrata. Mas ela não vai só.
Os Coelhos
Outro político de reconhecida história é o ex-prefeito e ex-deputado Guilherme Coelho, que rompeu com seu primo Miguel, separando, mais uma vez, a família Coelho. Guilherme percebeu que se permanecesse ao lado de seu parente, seria preterido. Afinal, a prioridade de Miguel é seu irmão, o deputado Fernando Filho (UB). Guilherme foi inteligente e escolheu ficar onde já tem prestígio e deve ser valorizado.
Do lado de Marília
O grupo do ex-prefeito de Petrolina Júlio Lóssio, até então aliado ao governo do estado, por estar no PSD, correu para se posicionar e pulou do barco. Hoje navega junto a comandante Marília Arraes, que saiu do PT e encabeça pré-candidatura pelo Solidariedade.
Além do espaço em um partido com chapa proporcional mais competitiva para Júlio Lóssio Filho, seu herdeiro político, Lóssio desponta como um dos nomes para compor a chapa de Marília como seu vice, com o claro intento de levar para ela os votos que ainda cultiva – por ter sido duas vezes prefeito e candidato ao governo em 2018.
Candidato governista
Na base do governo, que tem Danilo Cabral como pré-candidato, a situação é complicada. A atenção não é na escolha ou cooptação de aliados, mas na pacificação e organização.
A Frente Popular conta com os apoios dos deputados Gonzaga Patriota e Lucas Ramos do PSB, e do PT, da deputada Dulci Amorim e do ex-deputado Odacy Amorim. Porém, essas lideranças não se entendem e, até agora, não manifestaram, publicamente, nenhuma ação coletiva em favor da manutenção do governo com o seu grupo.
O ensaio da possibilidade de Dulci Amorim assumir a vaga de vice na chapa de Danilo também reforça o olhar para o sertão, mas essa efetivação é um sonho distante que foi ventilado – não pela capacidade da parlamentar nem por suas outras representatividades (mulher, petista e evangélica), mas por conta da sua articulação no PT que tem muita gente de cacife em sua frente. Dulci até poderá assumir a vaga, mas seria o ‘bezerro escolhido para o abate’.
Pelas bandas de Jaboatão
Já Anderson Ferreira (PL), ao que parece, não está muito preocupado com o Sertão. Até agora não realizou agenda na região, nem apresentou nenhuma liderança política que lhe demonstrasse apoio. Anderson deve esperar a associação dos eleitores de Bolsonaro com a sua candidatura.
O mais próximo, talvez, da ideologia seja o ex-vereador Gabriel Menezes, que encabeçou na última eleição o bolsonarismo, mas, mesmo declarando pré-candidatura a deputado estadual, não anunciou seu apoio a nenhum dos pretendentes.
Sertão sendo protagonista
Em paralelo a esse cenário, o resultado das urnas será esclarecedor, pois vai ser possível medir o tamanho eleitoral de cada uma dessas lideranças locais. Miguel, claro, estará fora desta contabilidade. Como pontuado, sua expressiva votação já é esperada, mas o que sobrar, saberemos de ‘quem são’.
Mas o importante é que Petrolina e todo Sertão seguirão protagonizando este espetáculo. Perceberam a força do eleitor do interior desde a virada espetacular de Eduardo Campos em sua primeira eleição. De lá pra cá, não se tratou mais o voto sertanejo como ‘cabresto ou de boiada’.