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Pernambuco, 23 de março de 2024

Agronegócios

Eventos extremos: inundações, tornados, furacões, secas | Por Geraldo Eugênio

Nos últimos vinte anos, a humanidade vem observando as consequências das mudanças climáticas globais.

Postado em 09/06/2022 2022 19:00 , Agronegócios. Atualizado em 09/06/2022 16:04

Colunista

 

Sempre haverá alguma reação fora da curva

Desde o início de tudo sempre houve e haverá situações de anomalias climáticas causando danos, prejuízos, mortes e desconforto. Os registros são milenares e diversas civilizações, a exemplo dos povos da América Central e México tiveram suas civilizações destruídas por ciclos de longas secas e tudo que advém desses estados de fome e desassossego.

Nos últimos vinte anos, a humanidade vem observando as consequências das mudanças climáticas globais. Nos países tropicais tais mudanças têm provocado secas longas e mais frequentes e, chuvas mais concentradas e menos frequentes. Este modelo tem sido observado no semiárido brasileiro, inclusive na região do Pajeú, local cujo padrão de chuvas dos últimos dez anos foge significativamente de um estudo que abranja 50 anos.

Em se tratando da região litorânea, colada ao Oceano Atlântico, a situação não tem sido diferente. Chuvas fora do padrão têm assolado Pernambuco e vem sempre com destruição, perdas de vida e caça incessante por culpados.

São previsíveis?

Nos últimos cinco dias a região metropolitana de Recife tem sido palco de algo dantesco. Milhões de metros cúbicos de água caindo sobre a cabeça das pessoas. São vários os argumentos e comparações. Neste caso não são poucos os políticos, técnicos e imprensa a comparar o ocorrido atual e uma outra catástrofe ocorrida no longínquo 1975, quando quase toda a cidade foi alagada, fato verdadeiro, somado a notícia falsa de que a barragem de Tapacurá havia rompido e, provavelmente ocorrendo algo assim não seriam poucos os bairros que deixariam de existir.

Diferente das secas, que costumam avisar a sua chegada com uma certa antecedência e se intensifica ao longo de meses ou anos, as enchentes provenientes de chuvas torrenciais têm um prazo de alerta entre 24 e 36 horas. É um tempo curto, mas havendo um adequado monitoramento do clima e da meteorologia regional, é o suficiente para que medidas de emergência possam ser tomadas, culminando com a mais dramática que é a de retirar as pessoas das casas onde moram.

Foram registradas chuvas de até 300 milímetros em um período de 24 horas, o que significa que a localidade recebeu, uniformemente um volume de 300 litros de água por metro quadrado. Algo basicamente insano mesmo em países que contam com uma rede institucional forte de previsão e prevenção aos efeitos dos eventos extremos.

Há como se monitorar esses fenômenos e suas consequências?

Nos últimos vinte anos houve uma evolução significativa na coleta e processamento de dados climáticos e, em fazendo com que se conheça o fenômeno muito bem. O problema é que no caso dos eventos extremos da natureza de uma tempestade, quase sempre, por não haver um comando único no que se refere a previsões climáticas, as devidas medidas deixam de ser tomadas e quando todos se apercebem o que seria racional, já é tarde e a calamidade está à porta.

As esferas políticas devem se convencer de que, primeiro nenhuma instituição única poderá se debruçar sobre tarefa tão complexa. Contar com um grupo, no formato seja de consórcio ou outro qualquer, mas com um comando único é importante para que não apenas a previsão, o monitoramento, as políticas públicas conexas e as instituições tenham consciência de que são parte de um todo. Um outro detalhe é que não necessariamente uma entidade governamental pode abrigar esta Unidade de gestão.

O caso das Secas

O ocorrido na região metropolitana é um exemplo triste, mas dele se deve tirar lições valiosas. Não o tamanho, o prestígio e o orçamento de uma instituição federal, estadual ou municipal que credita a ela a prerrogativa de liderar o processo. Ao contrário, em casos bem-sucedidos em países visitados por empresários de Pernambuco sob a organização do Sebrae PE e da Federação da Agricultura de Pernambuco, é exatamente o fato deste ente se manter livre é o que permite que o respeito dos pares e a certeza de que não haverá mídia divulgada de forma parcial e tendenciosa.

Em primeiro lugar vamos torcer para que haja esta conectividade sendo aplicada à situação de tristeza e dor que vive nos dias de hoje Recife. Em segundo, dar início imediato a uma gestão diferente dos eventos climáticos e um tratamento diferenciado às suas implicações imediatas e futuras.

Debruçando-se sobre o território do semiárido Pernambuco ouso escalar a UFRPE-UAST adequada para receber o desafio em seus ombros. Conta com um corpo técnico de qualidade, está localizada no centro do semiárido, conta ainda com uma infraestrutura que permita, quando da pós pandemia Covid 19, organizar eventos e conclaves sobre o tema secas, previsão, mitigação e gestão da pandemia a qualquer momento.

O mesmo argumento pode ser empregado quanto aos eventos extremos em curso. Este tipo de ocorrência deve receber a atenção permanente, de forma que, independentemente de riscos, os profissionais possam se dedicar diuturnamente ao entendimento do que está ocorrendo