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Pernambuco, 10 de março de 2025

Agronegócios

A indústria do sertão mostra sua cara

A indústria no Sertão do Pajeú

Postado em 14/02/2025 2025 08:21 , Agronegócios. Atualizado em 14/02/2025 15:26

Colunista

 

A região tem se caracterizado por áreas dinâmicas da economia tais como o comércio, a educação e a saúde. Na realidade, saúde e educação para um município como Serra Talhada têm sido o principal imã para a vitalidade do comércio. Instituições como o Hospital Regional Agamenon Magalhães – HOSPAN e a Faculdade de Formação de Professores – FAFOPST durante décadas atraíram pessoas dos municípios vizinhos que ao virem ao município aproveitavam para fazer as compras e com isto todo o complexo econômico saia ganhando. Ganhava também as cidades de porte menores cujos habitantes deixaram de se deslocar grandes distâncias e eram atendidas satisfatoriamente em Serra Talhada.

Além dessas instituições consideradas precursoras uma obra de infraestrutura que catapultou o desenvolvimento da região do Pajeú foi a rodovia BR 232 que em seu trajeto optou, com uma certa lógica, um sistema quase linear, deixando de ser uma estrada em zig-zag. Esta também foi uma opção de engenharia importante para todo o interior do estado.

A surpresa para quem se debruça sobre os dados do Sertão é saber que o CDI – Conselho de Desenvolvimento Industrial da região, instalado em Serra Talhada, informa que conta com mais de setenta indústrias associadas. Destacam-se os setores de alimentos, construção civil e fármacos. Com empresas que contam com um pouco mais de dois colaboradores até aquelas que oferecem mais de trezentos empregos diretos.

Uma a uma as unidades do sistema S se fixam no Sertão

A presença industrial, juntamente com um conjunto de líderes comprometidos com o desenvolvimento regional foram as peças-chaves na atração do sistema FIEPE – Federação das Indústrias do estado de Pernambuco para a região e especificamente Serra Talhada. O município conta com o Sest-Senat, o Sesc, o Senac com instalações confortáveis oferecendo uma variedade de atividades que vai do lazer, atendimento à saúde do trabalhador e a capacitação técnica apoiando de forma direta as empresas e empregados da área de transportes, uma das mais dinâmicas do estado, e do comércio. Apesar da presença do Senai através de seus módulos móveis, sentia-se falta da presença do braço industrial neste conjunto.

No evento contou-se com representantes de Brejinho, Tabira, São José do Egito, Flores, Triunfo, Custódia, Floresta, Calumbi demonstrando a expectativa gerada pelo anúncio. Por outro lado, além da presença do Presidente da Fiepe, Dr. Bruno Veloso e seus principais dirigentes se fizeram presentes, bem como o Presidente da Fecomércio, Dr. Bernardo Peixoto, e o Dr. Gilson Gibson Filho, Presidente da FETRACAN – Federação das Empresas de Transporte de Cargas, dando uma demonstração da unidade das lideranças empresariais do estado de Pernambuco e a atenção para com o Sertão do Pajeú, do Moxotó e de Itaparica.

A vez da educação formal e corporativa

O interessante é que durante a noite a palavra mais pronunciada pelas lideranças empresariais e políticas foi educação. O sistema FIEP planeja uma unidade regional que contará com uma escola dirigida à infância e adolescência, o que já um ganho significativo, com a presença do IEL – Instituto Euvaldo Lodi, responsável pela inserção do jovem nas empresas viabilizando os estágios; o CIEP – Centro das Indústrias do estado de Pernambuco que procura apoiar todos os segmentos industriais não representados através de sindicatos formais; o SESI – Serviço Social da Indústria, que dirige seus esforços ao atendimento aos trabalhadores e seus familiares, contando também com uma rede de doze escolas em vários municípios do estado e o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o principal suporte à qualificação dos trabalhadores para o desenvolvimento industrial do estado. Importante chamar a atenção que o SENAI foi responsável pela capacitação de milhares de operadores de máquinas, soldadores, mestre de obras, torneiros mecânicos para o Complexo SUAPE, atendendo a Refinaria Abreu e Lima e centenas de indústrias do setor metalmecânico da Mata Sul e presença obrigatória na capacitação dos trabalhadores para o setor automobilístico do estado tendo como referência  indústria Stellantis instalada no município de Goiana, na Mata Norte.

A escolha de um local para o complexo

Uma entidade como esta merece antes de tudo uma boa apresentação. Ter instalado o complexo em um local visível que enalteça o sistema FIEPE, no sertão e sua indústria, será uma condição básica. Os dirigentes da Federação, da Prefeitura Municipal de Serra Talhada e representantes das empresas tiveram a oportunidade de checar as opções postas à mesa. O importante é que haja uma definição rápida não apenas do local mas da negociação com o proprietário de forma que as obras possam ser iniciadas o mais breve possível. Enquanto isto, que se faça um esforço para identificar instalações em que as atividades de ensino, capacitação e gestão possam ser iniciadas.

Até o presente momento não há do que se reclamar as instalações do Senat, do Sesc e do Senac. Os dois primeiros privilegiados por estarem à margem da BR 232 e o Senac, também muito próximo, contíguo a uma grande rede de supermercados e ao Shopping local.

É importante que não se deixe registrar que há uma demanda  forte por parte de vários segmentos empresariais como a construção civil e que em se conseguindo agregar as instituições do Sistema S, as escolas técnica e superiores públicas e particulares, de Serra e das cidades do Sertão incluindo o Sertão Central se construirá os fundamentos para um consórcio de capacitação continuada e à distância de alto impacto. Sugere-se que os representantes do CDI e do CDL possam iniciar uma discussão em torno deste programa maior, aproveitando o máximo do que existe e programando uma recepção de gala para o sistema FIEPE.

                

1Professor Titular da UFRPE-UAST